sábado, 31 de outubro de 2009

COMO É DIFÍCIL ou A LEI DE LAVOISIER VISTA DE OUTRO ÂNGULO




Para andarmos por cá temos que fazer muitos esforços, estar com muita atenção, não prevaricar, cumprir as regras.
É muito difícil viver!
Temos que comer laranjas, pimentos e ingerir muito Ómega 3 que se encontra, por exemplo, nas sardinhas.
Para quem não gosta de sardinhas, peixes gordos ou pimentos tem algumas dificuldades. Os dedos das mãos podem adormecer e é um aborrecimento.
Temos que dormir as horas todas, não podemos engordar, é absolutamente necessário falar com pessoas e trabalharmos até morrer.
Não há tempo para seguirmos a nossa vontade, o nosso desejo. Os que o fazem são mal vistos, são pessoas desleixadas com a sua saúde, passam a ser pesados para o Estado, para as famílias, como se diz, para a sociedade.
A população renova-se a ritmo muito lento e não provém às necessidades. Os velhos duram mais tempo. O Estado não os pode sustentar e, em especial, às suas doenças.
É preciso educar para a velhice. Já não é querer estar doente é também não se dever estar doente, a sociedade passa a ver as pessoas que adoecem com maus olhos - são encargos.
O bom mesmo era morrer antes de chegar a velho, ali após a reforma, pois já se tinha contribuído para a SOCIEDADE.
Claro que nessa altura já não era preciso abrir tantas clínicas. Em cada virar de esquina há uma clínica: clínica do osso, clínica do dente, clínica da cabeça, clínica do pé e por aí em diante. É difícil saber se estas novas "fábricas" produzem saúde.
Não lhe posso chamar lojas porque não se vai comprar lá nada, nem centros de entretenimento e lazer. Fica complicado dar-lhes um nome adequado e sugestivo. Chamei-lhe"novas fábricas", apenas porque são elas que empregam as pessoas indiferenciadas e não só, a par com os shoppings. Os Bancos, essas instituições de produção de pornografia, são os patrões e os médicos os novos funcionários bancários.

Ou será que as clínicas querem tratar dos velhos como as agências de viagem, com os seus novos produtos dourados e séniores? Nesse caso, deveria apelidá-las de instituições de caridade, no sentido em que querem colaborar com esta gente que já não produz, mas ainda recebe as suas reformas e precisa de as gastar alegremente, para tudo voltar à cadeia do sistema "capitalista, oportunista"? Não. Tão só, benemérito!

Faz lembrar, em certa medida a cadeia alimentar. Come-se, defeca-se e o que aí é pruduzido pode servir de adubo para os novos alimentos crescerem mais bonitos e saudáveis.

Bem vistas as coisas, os milhares de clinícas que por aí existem apenas cumprem a lei de Lavoisier ou serão assim uma espécie de enormes recipientes de compostagem?

Não sejamos ingratos nem injustos, elas apenas colaboram no processo de cura de salsichas, chouriços (é uma questão de gosto) em que nós, pessoas, nos transformamos nesta sociedade do cifrão, quero dizer, BENEMÉRITA.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

ENCONTROS AO VIRAR DUM CLIQUE




Hoje e porque aderi ao messenger, enconcontrei-me com um querido amigo, ali mesmo ao virar do clique.

Foi muito saboroso podermos falar sem gastar dinheiro e em tempo útil, mas ao mesmo tempo, deu-nos saudades de quando nos encontrávamos no autocarro e punhamos a conversa em dia, há muitos anos atrás.

Tudo mudou e ai de quem se não adaptar a estes novos tempos porque ficará mais só ainda.

Como será daqui a 10 anos?

Antigamente gostava de fazer este exercício de prever o futuro, de me projectar no tempo, agora não consigo fazer isso, parece que sou sempre surpreendida pelos acontecimentos.

Defeito meu? Sinais dos tempos?

Não há dúvida que está muito mais difícil fazer previsões do que há uns anos atrás. É tudo muito rápido na mudança por um lado, e por outro é tudo tremendamente parecido, quase nada muda, na verdade.

Ainda assim, o que tem sofrido maior alteração são mesmo os valores e os princípios e torna-se cada vez mais difícil e quase inútil correr atrás deles.

ESTIVE CÁ

terça-feira, 27 de outubro de 2009

LIMPAR ACONTECERES




É preciso arrumá-los
Estão todos espalhados
Colocá-los no sítio.

Ao fim do dia
Da semana
Do ano
Verifico que andam por aí soltos
Que é preciso agrupá-los
Limpá-los.

Não é tarefa fácil.
Às vezes possuem arestas.
São difíceis de dobrar.

E volto atrás
Ficou um esquecido
Caído
Porquê?
Porque não consigo metê-lo dentro da caixa?

Verifico então
Que alguns pertencem
A outros níveis existenciais
Habitam outras esferas
As esferas não comunicantes.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

AS MISSAS




Há missas e missas, mas a da Sé de Aveiro nunca mais acaba mesmo.
Normalmente só assisto a uma missa quando sou convidada para um casamento ou baptizado e foi o caso.
Ontem três crianças se baptizavam na Igreja da Sé e também se apresentavam (?)os meninos e meninas da catequese. Então o padre, que é um sujeito que gosta de" inventar", fez uma missa com um écran onde projectava desenhos animados sobre o salmo do domingo, para em seguida, perguntar ao micro às crianças da catequese que se encontravam sentadas à frente junto dele, se tinham ouvido o que se tinha lido no salmo (também lido por uma criança) e como se chamava a pessoa que se tinha encontrado com Jesus, o que lhe tinha pedido, etc., etc, etc..
Òbviamente, que também se encontravam presentes os pais das criancinhas, o que constitui uma boa forma de chamar à Igreja gente e de cativar as crianças, adultos de amanhã. Tudo isto até estaria bem, se não fosse os bébés estarem à espera aquele tempo todo para serem baptizados. Impertinentes, cheios de calor, ao colo dos pais.
Assisti, assistimos a uma missa para criancinhas em que o Sr. padre aproveitou para embelezar mais um pouco, colocando mais este ramalhete no cenário - os baptizados.
Todos estes rituais mais a encenação fizeram desta missa uma autêntica baralhação.

Há uns tempos fui a um casamento na Igreja Matriz de Vila do Conde e também assisti à mesma confusão. Havia a missa normal, havia o casamento e havia baptizados,tudo no mesmo espaço, à mesma hora e celebrado pelo mesmo padre. A confusão era geral. E o padre não se esqueceu de ainda anunciar as missas de 7º dia e ler os recados e lembretes que tinha para uma semana.

Desconheço se os padres frequentam cursos de formação com metodologias de celebração ou outras. Desconheço se estas estratégias são estudadas para atrair "crentes" às missas. Provavelmente, deve-se à falta de sacerdotes e como tal, o mesmo padre executa várias funções ao mesmo tempo, mas que tudo isto é confuso e feio, lá isso é.

Será que estes padres tentam copiar aqueles outros seus "colegas" brasileiros?
Ou será apenas que gostam de estar em palco e esta é a melhor maneira de o fazerem? Ou ganharão mais que os outros?

Não sei o que se passa, mas para quem só vai a estes "eventos" de quando em vez, fica muito baralhada.
Escusado será dizer que não aprecio o género. Perdeu-se a intimidade com Deus e a cumplicidade. São missas mais mundanas, mais viradas para o espectáculo e menos para o espiritual, o religioso.
Mas, como tudo se mudou porque não haveria a missa de sofrer a sua transformaçãozita?
Estes padres devem ser abençoados pelos seus bispos e aumentarem o seu poder junto deles, já que trabalho tão diferente apresentam.

E vende-se pães à porte da Igreja e vêm as freiras e vendem doces para fazer dinheiro para o convento.
Há uns tempos estive em Chaves num domingo, à hora da missa e observei as bancas das freiras com os produtos manufacturados por elas, expostos para venda. Um autêntico mercado "religioso".

Enfim, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

HÁ TELEVISÕES A MAIS?




Há comentadores a mais nas televisões portuguesas.
Há televisões a mais para um país tão pequeno, dizem alguns.
Todos os canais falam do mesmo às mesmas horas. Fazem intervalos em simultâneo. Têm o mesmo modelo de apresentação/ões.
Abre um novo canal e logo o preenchem de velhas rubricas. Veja-se o caso do canal do Porto- logo lhe enfiaram um painel de "comentadores políticos", outro de "comentadores desportivos", outro de futilidades generalizadas, o jet 13, 14 0u 21 do Porto e arredores. Pirosices sem conta e medida e sem um pingo de criatividade. Não há uma novidade num novo jornal, aliás num velho, velhíssimo jornal. É tudo copiado e mal copiado, por vezes.
Os canais públicos confundem-se com os privados. Se um canal faz um concurso de música, vem logo outro fazer a mesma coisa. Se aquele outro faz um programa de entertenimento bacoco, lá vem o outro copiá-lo para pior.
Programas culturais contam-se pelos dedos das mãos, programas de interesse público, quer científicos, quer outros (como é o caso da Tv rural do Eng. Sousa Veloso), são raros ou pior que isso, passam de madrugada. Há, de facto, um Provedor do Telespectador mas que é que isso interessa? O espectador manifesta-se, o provedor até lhe dá razão, todos falam, para depois ficar tudo exactamente igual.
Há canais de televisão a menos para tantos comentadores, até porque este "ramo de actividade" é caracterizada pela polivalência. Apenas um exemplo entre muitos outros, o caso do Sr. comentador Miguel de Sousa Tavares. O Sr. Comentador comenta tudo, desde uma nomeação política, a uma bola mal mandada por um pé dum jogador de futebol, passando pela análise psicológica, social, laboratorial, financeira ou outra, duma pessoa, grupo ou quiçá, mesmo sociedade ou país.
Este"escrito" poderia intitular-se "Enchimento de chouriços", porque ao fim e ao resto é o que as nossas televisões fazem.

AFASTAMENTO E GRANDEZA




Há muitos e muitos anos atrás, quando eu era pequena e depois adolescente/jovem os chefes da Nação, fosse o Presidente da República ou o 1º Ministro como hoje se diz, eram pessoas muito distantes, quase dum outro planeta, pelo menos, de outro mundo eram.


Quando eu era pequena não gostava deles porque eram chatos e faziam-me dormir. A partir dos 14/15 anos quando comecei a adquirir consciência social e política e a ouvir o que eles diziam, não gostava do que diziam.


Mas, o que hoje queria referir era sobretudo a distância a que eles se encontravam de mim, de nós e, não se pense que isso se verificava em função da minha juventude ou por ter uma avó republicana e um pai pró-comunista. Não, achava mesmo que aquelas criaturas sorumbáticas, com cara de pau ou a falar fininho, sempre vestidas de cinzento ou aproximado, eram figuras sinistras, mesmo até que não lhes conhecesse o discurso e talvez por isso, sabe-se lá, considerava-as a anos luz do povo, das pessoas, de que eu fazia parte. Eram distantes e para mim, embora não tivessem qualquer tipo de grandeza, também não os conhecia, não lhes sabia os defeitos e as virtudes, era como se não conhecesse aquela espécie, mas para algumas pessoas, em especial, para as minhas professoras, eram pessoas de altíssima grandeza.

Sempre supus que a grandeza que lhes era atribuída se devia, em grande parte, ao afastamento que essas personagens tinham do comum dos mortais.


Vem isto a propósito, da comparação com o que se passa hoje, em relação aos nossos governantes, sejam eles de que partido forem. Não os consigo achar grandes e talvez porque os sinto muito perto de mim, de nós, povo. Fazem parte de nós. Qualquer um pode ser ministro, secretário de estado ou director-geral. O povo está no poder. Todos nós conhecemos alguém ligado ao poder e mesmo aqueles que não conhecem, advinham no dos poder, características similares às suas.

Andei anos a lutar para que este simples facto se tornasse realidade. Tornou-se realidade e sinto-me decepcionada.


Será que a minha decepção não é válida? Será que o desejo não se pode constituir realidade?


Ou será, como disse ontem na "Grande Entrevista" da RTP1, o escritor Lobo Antunes que mais vale não conhecer as pessoas, referia-se a outros escritores e não só, para não haver a possibilidade dum grande desencanto advir desse melhor e mais profundo conhecimento?


A democracia é um sistema complicado, toda a gente sabe e já W. Churchill, dizia que a democracia não era um bom sistema, mas era o melhor dos menos bons.


É difícil admirar pessoas que m os defeitos e as virtudes que todos nós temos. Gostamos de

alguém que seja superior a nós, mas em democracia, como se encontram tão perto e são eleitos de dentro dos nosssos grupos de referência, conhecemo-los bem, mesmo que não pessoalmente.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

COMO SE NASCE HOJE EM PORTUGAL




Os jovens têm relações, andam como agora se diz, e um dia ele diz para ela ou ela diz para ele: "e se fossemos pais?"
Assim, entre ter um filho e não ter porque as condições ainda não estão reunidas, porque é uma responsabilidade, porque, porque, porque... um dia descuidam-se, quase de propósito e, sabem que vão ser pais.
Agora é a vez de anunciar aos pais da feliz novidade.
Chegam a casa e numa euforia, anunciam aos seus pais que vão ser avós e aos irmãos se os houver que vão ser tios.
Os avós ficam muito contentes. Toda a gente tem netos, porque é que nós não devíamos de ter?
Já podemos dizer aos amigos que vamos ser avós, etc. etc.

E depois, muito depois, pensam se podem sustentar a criança e oferecer-lhe tudo a que ela tem direito. Ora, os pais também vão ajudar, por certo.
E assim vem ao mundo mais uma criança.
Já ouviram falar de programação?
Pois quem programa muito, tarde ou nunca tem filhos e sabem porquê? Porque as condições nunca são as melhores para assumir essa responsabilidade.
Sempre foi e há-de ser assim -os jovens, um dia, dá-lhes o desejo de ser pais .

terça-feira, 20 de outubro de 2009

MOBILIZAÇÃO PORTUGUESA





No meu País as pessoas mobilizam-se por coisas engraçadas e pequeninas.

Este mês já se mobilizaram (= puseram-se de pé para falar) duas vezes. A primeira pela acrtiz brasileira Maitê Proença ter insultado os portugueses num vídeo com passagem na televisão brasileira, a segunda pelo Nobel José Saramago dizer que a bíblia era um tratado de maus costumes.
O meu país tem coisas que a razão desconhece. O povo não se levanta contra os capitalistas, contra o Sr. Van Zeller que diz que o ordenado mínimo não deve ser aumentado de 8o cêntimos por dia, pois seria um sarilho para as pequenas empresas que vivem de ordenados baixos.
O meu país não se mobiliza contra a pobreza em que muitos milhares de jovens estão a cair e no desalento depressivo por não conseguirem emprego. O meu país não se mobiliza contra o crime organizado que o gang dos banqueiros executa diariamente.
Não, o meu país fica encanitado do juízo quando uma actrizinha da telenovela brasileira cospe numa fonte em Portugal ou o nosso único Nobel diz que lê a Bíblia como sendo um manual de maus costumes. O meu país é uma anedota que se não entende, daquelas que nem ao fim nos faz rir, porque é tão boa, tão boa, que não conseguimos apanhar.

Há pessoas, portugueses que quando vão ao estrangeiro e para identificar o país de que são oriundos, dizem ser conterrâneos do Cristiano Ronaldo, antes diziam ser da Amália ou do Eusébio. Esses portugueses que assim procedem têm agora mais uns cartões de visita para oferecer no estrangeiro - nós somos um povo que não frequentando missas, que não gostando da inquisição, que cuspindo no chão a torto e a direito, que contando anedotas sobre alentejanos, que criticando tudo e todos, não gostamos, não suportamos, ficamos zangados com quem diga mal da Bíblia que ninguém leu ou quem cuspa numa fonte dum monumento histórico, já que não é a mesma coisa que cuspir no chão, diabo!
Somos ou não um povo curioso?
Amo o meu país, mas juro que não faço parte da anedota e nisso estou acompanhada de milhões de portugueses.
O problema é que uma minoria é que dá o mote, é que o todo é visto pela parte, é que uma andorinha se confunde com a Primavera e depois o que acontece é isto - A ANEDOTA que muitos até não entendem, felizmente.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

COMO AS COISAS SÃO




José Saramago diz-se um homem de sorte e eu acrescentaria que é também, como todos nós, um produto dos diversos acasos que a vida nos proporciona.
Um dia apaixonou-se por uma jornalista espanhola e com ela casou. Foi de facto este acontecimento que lhe mudou a vida e não só a pessoal mas também a literária.
Tenho para mim, que esta mulher,de seu nome Pilar, possuidora duma contemporaneidade muito prática e com espírito aberto face aos lucros deste olhar e fazer sobre as coisas, imprimiu neste homem, um cunho muito peculiar. Fez com que os holofotes se virassem para ele, tornou-o mais colorido, mais ele próprio.
Digamos, que conseguiu que as suas obsessões, que tudo aquilo que o persegue duma vida anterior fosse recolocado, no caso, na escrita e pela escrita, e rendesse.
Rendesse prestígio, rendesse polémica, rendesse fama e rendendo tudo isto, iria render dinheiro e por consequência também lhe traria para si própria uma vida cheia de reconhecimento.
Não há dúvida, que o Homem é o que é mais a sua circunstância, alguém disse, e Saramago é Saramago com uma linha de coerência terrivelmente forte mas é também a Pilar, isto é,a circunstância que lhe ocorreu. E o mesmo se passa com ela. Esta mulher não passaria duma jornalista espanhola se não fosse o facto de ter conhecido o futuro prémio Nobel e de o fazer render, com inteligência e sem qualquer sacrifício para o escritor que continua a fazer o que mais gosta duma forma mais cabal ainda.
É aquilo que eu considero o casamento perfeito. Há amor e há uma sociedade que neste caso não sendo comercial, não o deixa de ser, mas em que cada um tira o maior gozo possível deste contrato.
Há encontros perfeitos na vida.

Só me resta dizer, Pilar: - o objectivo foi cumprido, a Igreja mordeu o isco. Veio a terreirobarafustar, refiro-me ao último livro "Caim". E para o Saramago aqui vai o meu abraço. Conseguiu, dizendo o que acha e não saindo dum sofá, fazer o "mailing" necessário ao livro.
Há que agradecer à Igreja este contributo precioso no número de vendas que por certo se verificará no caso de "Caim".

PENAFIEL E ALBERTO SANTOS




Desde há cinco anos que frequento a cidade de Penafiel e verifico que está melhor do que estava. Está menos acanhada embora o espaço seja o mesmo.
Os castros e monumentos históricos que a cidade possui foram realçados. Deixaram de ser ilustres desconhecidos e as luzes da ribalta são-lhes hoje apontadas.
O museu municipal que era composto por duas salas de etnografia "velha" e salazarenta passou a um museu agradável duma cidade do interior.
Há escultura nas ruas.
E tudo isto ao lado do saboroso antigo-falo dos seus jardins, da feira, do comércio tradicional, das festas e romarias.
Agora temos a ESCRITARIA há dois anos.
O Alberto Santos, presidente da C. M., escreve, é escritor dum romance. Tem estado presente nas Correntes D' Escrita da Póvoa do Varzim e possivelmente, trouxe a ideia para a sua terra e bem. O que é bom deve ser copiado ou adaptado, como é o caso.
O Dr. Alberto Santos, autarca do PSD, está de parabéns e quem o diz é uma mulher de esquerda que nada tem a ver com o partido a que ele pertence.
Não se passava nada em Penafiel, agora a cidadezinha começa a bulir. Não pode nem deve uma terra ficar só nas suas tradições ancestrais, embora não deva delas abdicar, mas também buscar novos pólos de interesse colectivo - é aí que reside a sua idiosincrasia.
Já se passa alguma coisita em Penafiel porque, de facto , esta terra esteve adormecida muito tempo. O Presidente abriu a cidade através da cultura e era exactamente aí a maior carência.
Bom olho o de Alberto Santos, espero e desejo apenas, que esta obra não seja danificada ou mesmo beliscada.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

PORQUÊ?

Porque nos dizem que temos que ser amigos do ambiente se:

Fazem embalagens e mais embalagens para envolver o que já está envolvido? (ex. Vanish - 21 magnets - antes vinha em pó, agora vem em saquetas. Outro exemplo é o Carefree e por aí adiante).
Até as embalagens da fruta e legumes não escapam às caixas de plástico.

Outro inimigo do ambiente, dos olhos, dos ouvidos e de tudo quanto são SENTIDOS, são as campanhas eleitorais. Está tudo cheio de papéis, cartazes, placards, etc. Este lixo para onde vai depois? Será reciclado?

Os anúncios/publicidade em dísticos, cartazes, placas, etc., em especial, nas rotundas de tudo quanto é lugar. Trata-se, fundamentalmente, de poluição visual, mas é também de desperdício que se trata e, como tal, ser inimigo do ambiente.

As Câmaras Municipais são as primeiras a praticar os crimes ambientais ou duma forma activa ou duma forma passiva. Umas vezes porque são elas próprias a poluir, outras porque passam licenças ou não fiscalizam contribuindo para que a infracção se realize. Porquê então estas mesmas entidades apelam para se ser amigo do ambiente?
A que se devem estas contradições?
Maus exemplos dos governos centrais? Compadrios?
Gostava de ter respostas simples para coisas simples, mas parece que só se conseguem obter respostas para as coisas complicadas.

ECLIPSE DO OLHAR




As pessoas costumam ver só metade do problema.

E não tem a ver com inteligência, apenas.
Falta de exigência?
Desconhecimento da dialéctica? Também.
Reconhecem que o país está de rastos, mas quando são chamados a votar, votam Isaltino, Valentim ou outros quejandos.
Analisam que o país está com níveis de corrupção altíssimos, mas depois chamam coitadinhos, aprendizes de feiticeiro e outros qualificativos, igualmente exemplificativos, a quem perdeu com a falência do BPP, por exemplo.

Há muito que dou comigo a pensar que a linguagem serve para tudo, até para dizer o contrário daquilo que se pensa e quer os cínicos, os hipócritas ou os sinceros dizem as mesmas coisas e que a questão é saber descodificar o que é dito, o que se torna numa tarefa hercúlea.

Há muito que defendo que a COMUNICAÇÃO é o problema do mundo. E a linguagem faz parte da comunicação, como se sabe.

Hei-de voltar a este tema, com mais tempo.

Entretanto, apenas digo, que todos os dias me surpreendo com aquilo que dizemos e com aquilo que nos é escutado e depois com a interpretação dada.
É um assunto fascinante e ao mesmo tempo assustador.

domingo, 4 de outubro de 2009

GUIMARÃES E BRAGA





É bom visitar estas duas cidades e em especial, ao sábado de manhã.
As cidades estão cheias de gente, às compras.
As esplanadas estão repletas.
Nas ruas e cafés, vêem-se imensos turistas, principalmente, espanhóis.
São cidades em que a sua parte histórica está bem preservada. Há flores e os jardins estão bem arranjados.
As pessoas que se sentam nos jardins ainda não são só mendigos, drogados ou prostitutas, há o povo local a sentar-se, a dar vida à sua terra.
Braga tem imensa juventude ou não houvesse a Universidade por aqueles sítios e depois é um cidade tão antiga, que em todo o lado se respira a História.
Guimarães, mais conservadora, mas com uma atitude mais aristocrata, é igualmente um encanto.
Nestas duas cidades a dimensão humana está acima de tudo. Quando me desloco, em passeio, para aquelas bandas, quero sempre visitar as duas, porque ambas têm apelos que me fascinam.
Gostava que a minha cidade do Porto copiasse só um bocadinho destas duas lindas cidades e pelo menos, não fizesse da sua sala de visitas, a Av. dos Aliados, o enorme bairro social em dias de feira que tem feito.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

ONTEM FAZIA ANOS O MEU AVÔ




Muitos anos se estivesse vivo, cento e muitos. Nasceu ainda no séc. XIX.
Chamava-se Fernando e era espanhol por nascimento, já que sua mãe era espanhola. O pai era português, jornalista no jornal Primeiro de Janeiro. Um homem todo janota e de cabelo comprido.
O meu avô gostava de ópera, muito, e gostava também de fazer paciências.
Quando eu era pequena, na idade de aprender a tabuada, era ele que ma ensinava, cheio de paciência.
Foi ele também que me ofereceu a primeira caneta de tinta permanente, hoje uma caneta de colecção. Fiquei tão contente na altura, que orgulho tive por merecer a minha primeira caneta. Era linda, linda. Também já tinha sido ele a fornecer-me os cadernos com linhas e quadrículas, com capa finíssima, parecia quase de seda. No outro dia adquiri cadernos desses num antiquário, caríssimos, mas valeu a pena.
Também foi o meu avô que me iniciou no vício do queijo da serra, em especial do curado, daquele que sabia a sabão.
Jogava o dominó com ele e as cartas, além de dizer poesia.
Ele sabia vários poemas de cor e ensinava-nos, a mim e ao meu irmão.
O meu irmão dizia um que era assim:

"Ingrata, pérfida e má
E não digo vos mais nada
Que o melhor fica-me cá. (e levava a mão ao peito com uma força tal que quase caía)
Mas ainda assim tenho pena (continuava muito sério, de cima dos seus seis anitos e por detrás dum sofã da sala, que tinha passado a ser o seu palco)
E confesso com desdoiro
Que era uma linda pequena
Capaz de encantar um moiro.

Só sei que
Não merecia
Ser por ela desprezado
Mas hei-de vingar-me um dia
Se um dia for deputado!
...


E das brumas da memória, todos os anos no dia 1 de Outubro, pelo menos, falo com o meu avô e lhe digo: "Lembras-te vô da Dona Sécia?

"A Dona Sécia conhecem?
Uma dama anafada
...
E de penteado liró
Entra no mar
...
Solta um grito
Sai magra como um palito
Sem carmim e sem liró ou chinó

...

E (terminava ) em chinó, pois então! Será?

Estes versos dizía-nos ele, para nos fazer rir.
E nós repetíamos, repetíamos e fazíamos muito gestos exemplificativos.

O meu avô vive na minha memória.
Até à próxima, vôvô!