sexta-feira, 18 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO




Um homem que encontrei no Porto e me encantou.
Um homem apaixonado.
Um homem generoso e afectivo.
Um homem que defendia as suas ideias até ao fim, sem medos ou sentidos de oportunidade de qualquer espécie, duma forma precisa, concisa e correcta.
Este homem também foi um grande escritor e como tal reconhecido.
Um homem BOM.
Homens assim também têm funeral. Hoje é o dele.
Não estarei lá fisicamente, mas a homenagem aqui fica.
Obrigada Saramago por nos vires lembrar que a Terra também é habitada por Homens destes.
Um beijinho grande

segunda-feira, 14 de junho de 2010

FENÓMENO ESTRANHO





Tenho conhecimento através duma amiga que o computador, além de cansar os músculos e isso sei-o por mim, também faz mal aos olhos, o que não desconhecia, mas que cria uma dependência grande e ataca a cabeça e o coração. Soube através dela que uma sua amiga, arranjou um conhecimento "colorido" através desses chats de conversação e o o que aconteceu? Contou-me a minha amiga A que frequenta com frequência a casa da sua amiga L, que esta já não conseguia sair da frente do computador, chegando ao ponto de faltar ao trabalho, que já não saíam tanto, costumavam fazê-lo com regularidade, em especial irem ao cinema juntas e jantar com amigos uma vez por semana. L, ultimamente recusava-se a fazê-lo, já que aguardava que o tal conhecimento virtual lhe aparecesse no ecrã do PC e entrava em ansiedade quando isso não acontecia. A minha amiga contou-me que uma vez, encontrando-se em casa de L, aguardando por uma ida ao cinema conforme o combinado , esta continuava sem se arranjar para sair de casa e num corropio da cozinha para a sala, onde se encontrava o PC, irritada, ansiosa, desesperada quase.
Quando A lhe referiu que já tinham comprado os bilhetes para o cinema e estava na hora de irem, esta respondeu: não posso, desculpa vai tu, porque ainda não falei com ele hoje, pode-lhe ter acontecido alguma coisa, sabe-se lá, estou preocupada, a luz verde não acende. A. tentando perceber o que se passava, argumentava com L para a tirar daquela angûstia e da aflição em que esta mergulhara, sem perceber muito bem o que se passava. Foi este o diálogo entre elas:
A- Porque estás tão nervosa, nunca te vi assim.
L- Não sei o que está a acontecer, desconheço o que se passa. Ele não me dá sinal.
A- Ele quem? Não percebo nada (refira-se que A tinha sido pela primeira vez confrontada com este fenómeno poderoso, embora já tivesse ouvido falar que havia pessoas que se divorciavam inclusivamente, por terem arranjado novos relacionamentos pela NET e que lhe tinham dito que alguns até tinham relações sexuais por este meio, o que para ela era de todo em todo impraticável e transcendente).
L- Uma pessoa que conheci e com a qual falo através da NET
A- Ah! E isso resulta? Andas satisfeita com esse novo conhecimento, que tal é ele?
L- Não o conheço pessoalmente, só por fotografia.
A- Há quanto tempo dura isso, não me tinhas dito nada.
L- Há 6 meses.
A- Bolas, e ainda não se conhecem, não marcaram um encontro. Sabes se ele fala verdade. Ouvi dizer que esses conhecimentos podem revelar-me muito perigosos e que normalmente as pessoas não são aquilo que dizem, até pode ser algum ex-presidiário, um vigarista, um assassino, sei lá. Não tens medo?
L- Não. Conheço-o bem, sei quem ele é, ele conta-me tudo. Estou apaixonada por ele, não é fácil acabar assim. Tenho a certeza que um dia vamos acabar por viver juntos, casar, sei lá.
A- Ter filhos. Onde isso já vai. E entretanto, não era melhor vires ao cinema comigo, conforme o combinado e desligares o computador.
L- Nem penses. Eu amo este homem e ele ama-me também, tenho a certeza disso. É com este que quero viver o resto dos meus dias.

A minha amiga preocupada com a sua amiga procurou-me para me pedir ajuda na compreensão do fenómeno e tentar explicar-lhe esta nova dependência, tão poderosa e como podia ela ajudar a sua amiga A, que tinha começado a deixar de sair de casa e a preferir o computador, a NET e tudo relacionado com aquele aparelho, vivendo uma vida virtual.
Falamos, dissertamos sobre esta nova dependência, dos seus perigos, da ansiedade que causava. Ela estava preocupada com A porque lhe parecia uma pessoa mais nervosa agora que antes e, não a via mais alegre agora que antes. Parecia-lhe que L procurava transformar este relacionamento virtual em autêntico, real, mas mesmo depois de todos os encontros aprazados para que tal acontecesse, tal ainda não se tinha verificado ao longo destes meses, o que a levava a desconfiar ainda mais.
Quanto a mim, que já tinha ouvido falar do fenómeno embora nunca me tivesse detido nele, fiquei a pensar no que tinha escutado e prometi-me reflectir sobre ele.
Logo que a minha amiga se despediu, pensei: Que mundo é este, onde as pessoas, já preferem ter relações pelo PC, em vez de as terem ao vivo, que sofrem e se alegram pelo computador. Fiquei a pensar, mas à partida achei muito triste.
Fiquei a pensar até reflexão mais profunda. Que poder é este para uma "máquina" ter poder sobre as pessoas, a sua saúde/doença; afinal já não são só os filhos a mandar nos pais, os bancos a fazerem com que os países entrem em falência para lhes poderem emprestar dinheiro a juros elevados e ficarem senhorios agora também de países inteiros e não só de prédios; agora também os computadores com a ajuda da NET são responsáveis por paixões.
O MUNDO MUDOU MESMO e quase não demos fé.