NÃO FUI EU A DIZER MAS PODIA TER SIDO
(tinha aqui num e-mail e repeguei, embora não saiba quem escreveu, de facto)
Hoje viajei pela CREP. A famosa A41 inaugurada quinta-feira por um Secretário de Estado às onze da noite. Uma obra admirável, de mais de 300 milhões. Pontes, túneis, “obras de arte”, como lhe chamam em construção civil. Três faixas de cada lado e placas muito azuis a indicarem nomes de aldeias e pequenas localidades que, agora, passam a ser servidas por uma Auto-Estrada. À medida que “engolia” quilómetros (devo ter-me cruzado com três carros, no máximo), perguntava-me: para que é que isto serve?
A minha reflexão levou-me a lembrar daquele administrador de uma universidade privada que, segundo contou o próprio, era capaz de gastar 500 contos em charutos em dois dias, mas faltava-lhe o dinheiro para pagar a luz.
Portugal é assim. A A41 (ou CREP) é um luxo a que nem os países mais ricos do Mundo se poderiam dar neste momento. Um luxo, até do ponto de vista ambiental, muito duvidoso e agressivo. Mas Portugal pode. Quando foi projectada, esta absurda Auto-Estrada deveria ser SCUT. Ou seja, sem custos para os utilizadores. Assim nos “venderam”. E disseram-nos que iria retirar uns largos milhares de carros do centro do Porto.
Nem uma coisa nem outra. A A41 não apenas ficou pronta depois de morrerem as SCUTS como é inaugurada não com os moderníssimos pórticos que agora taxam os automobilistas nas mesmas, mas com as velhas “praças de portagem” que ainda cobram nas outras. E isto quer dizer o quê? Não apenas que o sistema moderninho que Lino inventou para cobrar os pobres do Norte do País faliu e não serve, como também – e sobretudo – que as populações servidas por esta A41 (CREP) ou seja lá o que for (uma suposta SCUT) não vão ter direito à “descriminação positiva” que serviu para “calar” os mais incorformados.
A A41 não chega, portanto, a ser uma “ex-futura SCUT” e as populações de Sandim, Recarei, Foz do Sousa, Medas e outras localidades do género, serão afinal – e apesar de terem auto-estrada – ainda menos que outros “desgraçados” do Vale do Sousa, região considerada das mais pobres da União Europeia… pobre, mas agora atravessada por “QUATRO AUTO-ESTRADAS”, todas portajadas.
1 comentário:
Conhecia este texto. Foi publicado por Nuno Nogueira Santos no blog 'Portugal Glocal'
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