sexta-feira, 30 de março de 2012

O TEMPO ESSE NÃO ALIADO


BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA




DUNAS

COM A CAUDA DE FORA

Todos nós deixamos rasto ou rastro.
Há aqueles que não gostam de deixar rasto, mas também deixam, há sempre quem esteja atento a essa passagem.
Rasto de amargura, rastos de ternura, rastos do deixa-andar.
Há pessoas fechadas a cadeado mas que também deixam rasto (até aqui no facebook) se deixa rasto.
Há aqueles que brincam aos intelectuais, há os que querem continuar rapariguinhas, há os que moram por baixo das palavras, há os que constroem para si uma personagem e sempre a mesma.
Há quem coleccione segredos e os que deixam de ser desconhecidos para si mesmos.
Há os que têm a arte de dizer depressa o essencial, há os que procuram palavras para tudo e há as palavras sérias e dignas que não têm saída.
Há quem divirta a assistência.
Há aqueles que jogam com o prazer porque a idade lhes confere esse direito.
Há os prudentes em excesso, bloqueados, edulcorantes, moles na sua sabedoria.

E deixamos caudas. Fechamos as portas e deixamos os rabos de fora.
Os mais defendidos, a mais segura das criaturas, a mais impossível de se fotografar, a mais paciente, mesmo estas temíveis criaturas deixam rasto.

Todos nós somos enganados toda a vida, andamos  mais de metade da nossa existência, a querer libertar-nos disto, para depois até acharmos graça, embora demore muito até lá chegarmos.
Mesmo cortando o trânsito para não nos mostrarmos, acabamos sempre por deixar rasto.
Mesmo que não se coloque complementos directos nos verbos, mesmo que se evite rir e até sorrir, deixamos rasto.
Mesmo que não se enamorem, mesmo parecidos com todos os outros, mesmo assim, deixam rasto.

Ouro puro ou simples limalha de ferro deixamos rasto, só que muitas vezes não sabemos e andamos com a cauda atrás de nós, composta de muitas caudas que se vão juntando umas às outras e fechamos as portas e continuamos com a cauda de fora.

quinta-feira, 29 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



NA MINHA TERRA

A VIDA. VIDAS

Sobe, reluz, fascina, apaga-se, cai como os foguetes.
É torta a vida, morde, dilacera e, se o muito a muitos dá, a muitíssimos nega o pouco.
Há viventes que muito ensinados pela vida fogem às questões.
Às vezes a V. vira-se do avesso, é como uma espécie de fotografia de pernas para o ar e tanto o fuso  dos abetos investe com o céu como fura pela água: é a água de céu, como o céu é de água.
Também as há sentidas com séculos de solidão, acompanhadas pela ideia de ter morrido antes de morrer.
E o pior mesmo é quando temos os nossos mortos para cuidar. Se eles soubessem as saudades que nós temos, voltavam à vida nem que fosse por mais um dia.
Outras parecem-se a uma guerra de conquista  sem atingirem o seu objectivo.
Há as impacientes e que alimentam esperanças generosas; as que nos oferecem alguns cenários de teatro, frágeis e coloridos.
No início tudo é bom, parece-se  com um trigal, com flores e alimento, depois vai murchando e fazendo o seu tempo.
Enquanto há trabalho e para aqueles que ainda o possuem e conseguem reger bem o stress, misturando-o habilmente com o prazer, a vida vai-se fazendo, agora para os que têm dificuldade no desempenho correcto das pequenas tarefas diárias, a vida é um verdadeiro stress.
Há V. que ultrapassam todos os obstáculos, são as corredoras de fundo; há as que lançam  pedidos de socorro, através do seu comportamento, mas nem sempre obtêm sucesso; há as que fogem dos problemas, quando não há diálogo entre o presente e o futuro principalmente e, quando as dores de alma se tornam o sofrimento principal.
Há existências monótonas, mais que difíceis e há quem as prefira mesmo assim.
Há V. incompreendidas e zangadas, magoadas consigo próprias, ao ponto de se zangarem com os outros também.
Há as que se lançam conscientemente na destruição e as bem conseguidas que quando se vêem num beco sem saída acabam sempre por encontrar uma solução prática.
V. com humores sombrios que  pensam não ter sido nada durante milhões de anos antes de nascer.
Há as dissolvidas, esquecidas que estão do que para trás viveram.
V. que não lhes apetece fazer nada, que não dão conta de nada.
A V. com risco, é entusiasta, perdido o gosto do risco, a vida murcha.
Há Vidas que são teias e outras tapeçarias. 
                                                                                                     e
há também vidas que não têm vida própria e se alimentam de restos de vidas de outros.


quarta-feira, 28 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



NARCEJA DE WILSON

AS PALAVRAS

Há palavras que nos degolam, como aquelas que nos dizem, nunca serás isto, nunca serás aquilo, logo na nossa infância ou juventude.

Há outras que nos declaram guerra.

Há as que nos entristecem, aquelas que são injustas e proferidas especialmente por aqueles que nós considera(va)mos amigos.

Há as inofensivas e inúteis. Para mim todas aquelas que não são dignas de nós.

Há palavras vingativas.

Há as avarentas, as que apenas se interessam pelo  número das que são ditas, independentemente do seu valor.

Há palavras chorosas, que perseguem as legendas e não respeitam o ritmo da leitura.

Há palavras fora de moda, velhas que já ninguém as usa, como a honra, a honestidade.

Há palavras envergonhadas, como o amor, a verdade, que quase recusam reconhecer aqueles sentimentos que estão dentro do peito.

Há palavras doces que são afectos  e outras que são estratégias.

Há as vaidosas, que gostam dos discursos e da retórica e que se dedicam a fazer-se ouvir enquanto a humidade da língua durar.

Há as desalinhadas, que se empurram, acotovelam-se, mais levantadas no calor das escaramuças do que no seu prazer da significação.

Há as palavras da função.

Há as lamurientas, as que se encavalitam de tal maneira umas sobre as outras que ninguém consegue decifrá-las.

Há as hesitantes, no início mal pronunciadas, quase sussurradas, as que começam baixinho e que no final dizem: pronto, já disse.

Há palavras sorridentes: Bom Dia, Boa tarde.

Há palavras que gostam de o ser, que se sentem bem, que permanecem e que não se querem despedir como estas agora.

terça-feira, 27 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA




MOLEIRO-POMERINO

GENTE DO ANTIGAMENTE

Gente do antigamente no agora, com almas "delicadas". São inocentes?, mas inúteis.
No meio deste trânsito do faceebook (incluindo PR e PM) com muita gente a querer conquistar um inesperado senso épico, com eus atapetados, de cobardias várias, escondendo-se atrás de tudo o que podem, podando tudo o que vêem e o que julgam ver. podam os "excessos" e tangenciam as respostas.
Políticos e cidadãos de pacotilha, vencedores de minorias feitas maioria que nem sequer estendem a mão a quem está no chão, ajudando a suportar a perda, como fazem os verdadeiros vencedores.
Almas cheias de micróbios e vermes que não querem extinguir o novo e, mesmo velho fascismo, que os consola e conforta.
Vidas encarceradas em obediência, ao dever e à ambição.
Falidos emocionais...danificais tudo por onde passais.
Mentirosos compulsivos, quereis que as verdades continuem a habitar os porões, que não conheçam a claridade, quereis tampá-las e destampá-las quando vos aprouver.
Os vossos filhos estão todos bem e os filhos dos vossos filhos bem vão ficar, mas à nossa custa eles vivem.
Gritai, gritai sempre as vossas razões; continuai a dar curso ao vosso processo; continuai com os vossos medíocres testas-de-ferro a levar o ouro e a prata e até o ferro.
Levem tudo senhores da pilhagem, mas a vitória final será nossa.
Os fios da história embaralharam-se, entrelaçaram-se, mas não para sempre.
O nosso complexo de inferioridade um dia vai deixar de ser irremediável e será remendado diante de vós, agiotas nacionais e internacionais
Quereis queimar o livro da Democracia, deitá-lo para a fogueira, mas haverá sempre quem o vá buscar e o continue a escrever.
Sois deste tempo sem ser.
Estais com medo? Começastes a deitar as garras de fora, já falais?
Bem podeis.
O povo não vai aguentar por muito mais tempo gente do ANTIGAMENTE.

segunda-feira, 26 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DE HOJE



TAGARELA-EUROPEIA OU PICOTEIRO

AS CONVERSAS

Há pouca gente a conversar.
Quando conversamos, concordamos e discordamos com o que está a ser dito.
Há aqueles que dão conta do que concordam e do que não concordam e há os que preferem calar-se e guardar a sua opinião.
Convicta estou que os primeiros são bem  mais generosos que os segundos.
Todos nós somos labirínticos, contraditórios, difíceis de conhecer, mas é-nos bem mais prático, reduzir aqueles com que contactamos diariamente, a cabides de simplicidades.
Claro, que este facilitismo vem-se a tornar complicado quando encaramos com outra realidade.
Quando conhecemos os defeitos a as virtudes do outro, as máscaras caem e a luz incide,  tornando-se mais concreta assim a imagem para que olhamos.
É maravilhoso entregarmo-nos à volúpia duma conversa, dum diálogo, mas na maior parte das vezes, o que existe é um monólogo. Um fala e o outro ouve e isto porquê?
Porque:
1º há aqueles que gostam mais de ouvir do que falar.
2º- porque há os que não sabem ouvir, não gostam e só falam.
É difícil o encontro.
Conheço pessoas, todos nós conhecemos, que despejam palavras, umas atrás das outras, como se estivessem a fazer sempre limpeza de Páscoa às cordas vocais e se não falam ficam inquietas e, mesmo quando nos parece que estão a escutar-nos, apenas ouvem as últimas palavras da frase proferida por nós, preparando o próximo "round" nas suas cabeças.
E quem se junta a elas, ouve pacificamente, aguardando a vez que nunca chega.
Há uma espécie de bebedeira nas relações.
Queremos sempre o primeiro lugar ou nenhum. Assim, não conversamos, iludimos o diálogo, uns abanam a cabeça, outros sorriem, mas fazemos de tudo, para não tropeçar nas opiniões dos outros.
Os diálogos estão em falência e entre gerações nota-se mais ainda.
Há uma tendência, um desígnio subversivo em cada interlucotor quando se dispõe a conversar. Há uma diligente vontade de cada um, investigar quem tem razão e quem não tem, em vez de se ficarem pela paisagem dos argumentos, pelo apuro das mais valias.
Parece que a ferrugem se apoderou dos diálogos, das conversas saborosas.
Parece que toda a gente evita ficar de ressaca e por isso nem ergue a taça.
Aquela tensão sadia que se conseguia ao conversar, concordando ou discordando do que o outr(os) dizia(m) era uma emoção.
Hoje escolhe-se  muito mais dar uso às palavras numa perspectiva de fora para dentro, em conferências, em citações várias, enfim... na uniformidade. A uniformidade impõe-se.
Eu prefiro a disformidade onde me é possível encontrar anões e gigantes, como diria Miguel Torga.
Gosto duma boa conversa, de diálogos acesos, será uma última ilusão dos que vivem ainda?

domingo, 25 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



FALCÃO- SACRE

QUANDO NOS DEITAMOS E LEVANTAMOS COM A MESMA COISA NA CABEÇA

Chama-se preocupação maior, não é?
É assim que vamos morrendo aos bocadinhos e vivendo em simultâneo.
Há intermitências nesta vida e ocasiões em que ficamos como que dentro de parênteses.
Há muita gente actualmente a viver assim, por uma razão ou por outra.
Embora só a morte mereça consideração, há muitas formas de se ir morrendo e também não é só a nossa própria morte que nos merece a tal consideração, são todas, em especial, aquelas que nos são mais próximas.
Parece que a luz se acende, que se aviva no candeeiro da memória.
Há pessoas e situações que nos ficam gravadas não só no corpo, como no espírito, as tais lembranças vivas, com se presenças fossem.
Ficamos também com os olhos acesos.
O que nos salva é o sonho. Se o sonho não lavrasse em nós o que seria?
É imperioso manter o sonho imaculado.
Os escaninhos da memória dão-me muito que pensar, às vezes a memória trinca-me à descarada e entra em franca rebeldia comigo.
Quero-lhe fugir entre trânsitos caóticos, mas ela vem veloz em franca escalada, atrás de mim.
Eu sei que a memória tem 7 fases, eu aprendi, aprendi também que algumas podem avariar, mas esses ensinamentos foram os da escola, porque os da vida, dizem-me que a memória é predadora e quer-me toda e, à minha alma também.
Não me larga um minuto, a não ser quando durmo.
Aprendi também que era uma forma de fazer o luto, lembrar, lembrar tudo repetidamente, para melhor esquecer, mas não me ensinaram a expatriá-la, a dizer-lhe que não a quero como inimiga, que me faz sofrer, que me amputa alegria.
Não há antibiótico que lhe possa ministrar e eu começo a estar farta dos seus desmandos.
Obriga-me a simular tanta coisa.
Tem ocasiões em que é amiga, isso é verdade, outras vezes é incompetente e arrasta-me para a infelicidade dum passado que sabemos não voltar.
É boa e má ao mesmo tempo e estamos condenados a não dispensar a sua presença.
A minha memória(s) anda enfunada, com instinto invasor, cromática, caleidoscópica de sentimentos, caprichosa. Não respeita territórios privados, cose os acontecimentos, as imagens recentes, uns aos outros com linha resistente e agulha ardilosa.
Tem momentos de doçura e sedução,  em alguns outros introduz farpas.
É habilidosa, numa palavra. Neste momento em que escrevo continua a actuar, não se recolhe, não disfarça, ri-se de mim, cheia de sol e eu busco a sombra e tornamo-nos assim um jogo de sombras.
Quero virar-lhe as costas, evitando colisões desnecessárias, reajo miando, mas ela, essa eminência parda, continua a desfrutar-me.
Parece que alguém lhe adicionou fermento. Apanhou-me na caverna destas dores.
Enchafurda-me, pleiteia-me, exagera, injecta-se-me nas veias e cresce, cresce.
Vou molhar as minhas memórias com água fresca.

sábado, 24 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



TARAMBOLA-DOURADA

TIPOS QUE CONHECEMOS


.Há pessoas tão vaidosas que até têm a vaidade de se julgar incompreendidas.

. Há os que confessam as suas contradições.

. Há aqueles que se julgam santos e confessam que os resultados dos seus esforços são satisfatórios e só não são bons porque abundam no seu caminho cascas de laranja e escorregam  amiúde nelas.

. Há os incoerentes e os fingidos,  os que substituem as mordacidades.

. Há os xexés.

. E há madames perliquitetes como diria a minha saudosa avó.

. Há os que raciocinam mesmo sem honras e proveitos.

. Há os artistas que vêem o Mundo com olhos novos e empenham-se em encontrar uma forma original para as suas novas sensações.

. Há os que se não enganam nunca, são os persuadidos e corrompidos pela verdade.

. Há os vaidosos delirantes.

. Há os superficiais.

. Há os que não querem sofrer decepções, uma espécie de caquécticos.

. Há os manhosos.

. Há os que têm a mania das grandezas e das aparências

. Há os que sendo modestos são grandiosos e o seu contrário.

. Há os subalternos.

. Há os aperaltados e sonolentos.

. Há os que parecem adquiridos em lojas de bricabraque.

. Há os suplicantes, os intriguistas, os bajuladores, os que se rebaixam.

. Há os invejosos e os maus críticos.

. Há os que se escondem.

. Há os que estão sempre em guerra.

. Há os sobressalientes.

. Há os que estão sempre prontos a martirizarem-se pelas setas do Cupido.

. Há os pirotécnicos na fala e os retóricos, os que esgotam as colecções de sinónimos.

. Há os fúteis e os dispensáveis.
        
                                      E


. Há os portugueses "instruídos" que têm em regra, o culto do superficial e do vago e a fobia do profundo e do certo.

E estes todos são apenas o A do abecedário



sexta-feira, 23 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



PICA-PAU GALEGO

ATROFIA SISTEMÁTICA MÚLTIPLA

São quase perfeitos. Podem vangloriar-se da maldade que têm. Estão a destruir um país.
As palavras e a inteligêngia neles apenas estorvam.
Trabalham rápido. O outro dizia ainda "deixem-me trabalhar", estes "trabalham mesmo que os deixem e deixam o povo tostar ao sol como se empadão no forno fosse.
De novo estamos sozinhos no meio de semicírculos mas acompanhados por todos os povos europeus desta vez.
Os homens honrados são menos, senão as sondagens não continuariam a dar-lhes(aos que nos continuam a desgovernar) vitória, mas se juntarmos todos os explorados europeus somos muitos.
As melhores armas dum povo são a educação, a clarividência, a honradez, a racionalidade e a inteligência para perceber onde se encontra o esbanjamento da retórica e a realidade nua e crua.
Estas armas estão embotadas por falta de uso.
Viver precisa-se.
Para viver não se pode andar aflito a pagar a bancos que só se ajudam a si próprios.
Para viver é preciso não se ser estéril de imaginação e impotente na honestidade e nos valores.
Viver é canalizar bem as energias. Não desviar a raiva, a frustração contra si mesmo, deprimindo ou mesmo se suicidando, ou contra os pares, ou contra os funcionários do fisco, mas contra os políticos que nos vão trucidando aos bocadinhos.
Viver é olhar bem e observar melhor.
Viver é ser nobre povo e não snobe povo, é dizer não a todos os tipos de fascismo, nem que um deles se chame democracia.
É não ter compaixão apressada e ligeira, mais presa aos enredos futebolísticos do que à destruição dum país, vendido a retalho e dum povo esmagado.
Viver é não ter que calcular o que se pode dizer e fazer e que a censura pessoal não exceda em muito a censura oficial.
Viver é não derperdiçarmo-nos em pequenos conflitos.
Viver é abandonar o lema "Contra a ira, paciência".

Portugal e os portugueses continuam a ver passar a procissão do Senhor dos Passos com foguetes e muitos anjinhos.

quinta-feira, 22 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



Tartaranhão-pálido

OS ALTOS E BAIXOS DO 1ºCADERNO DO JORNAL EXPRESSO

OS ALTOS

transcrevo: António Mexia
Presidente da EDP
"É seguramente um dos gestores mais polémicos da actualidade em Portugal. Pelos ordenados e prémios que ganha, pelo estilo de liderança que (alguns acham que) imprime na EDP. Mas a verdade é que a empresa que dirige desde 2006 atá agora a ser disputada pelos gigantes mundiais do sector. Sabem porquê? É simples: tornou-se numa multinacional de sucesso reconhecido. E dessas, não há muitas por aí".

"Zeinal Bava - Presidente da Portugal Telecom
Tem motivos para se sentir orgulhoso do seu trabalho. A PT  está sentada em cima de 5,4 mil milhões de euros em caixa, ou seja, está forrada de liquidez para aguentar eventuais descidas do "rating". Tem financiamento assegurado até 2013 e a sua dívida líquida caiu 20,6% no primeiro semestre, de 5,3 para 4,2 mil milhões de euros. Bava garante que não vai despedir pessoas o que é muito positivo. E ainda poderão vir surpresas do Brasil."

Seguem-se os BAIXOS - normalmente políticos, tanto pode ser o P.M, como outros.

O que concluo:
Que a imprensa também está infestada de economistas com visão economês, que o olhar sobre a vida pública e o que afecta Portugal é um olhar enviesado, inquinado, sempre de cima para baixo e nunca do lado da maioria, do povo, os próprios políticos entram no ranking de economistas/analistas/jornalistas de meia tigela que poluem todo o ambiente nacional e o deformam.
Este altos e baixos do Expresso não estão sujeitos a contraditório nem vêm no caderno de Economia tão pouco, vêm colocados  em página bem visível do 1º caderno para que toda a gente perceba que é assim e mais nada, como se fossem verdades absolutas. Nem sequer vem na coluna de opiniões ou de todos aqueles colunistas disseminados pelo jornal que fazem parte da clientela do partido maioritário PSD
E assim se vai opinando levemente, alegremente, com uma espécie de superior sapiência como se fossem leis.
Lembro-me de ter lido num livro de Salman Rushdie uma frase semelhante a isto " quando passou do sexo propriamente dito para a política sexual e começou a explicar as suas ideias..." é um pouco isso que acontece com os jornalistas opinadores, os diversos comentadores ex-políticos ou ex-desempregados de qualquer coisa do poder, passam geralmente dos "affaires" activos para as opiniões desbragadas sobre isto e sobre aquilo, masturbando-se diariamente, semanalmente. Há muita "política sexual" hoje em dia e não se trata só das páginas e páginas de anúncios de meninas e meninos a convidar para "massagens deste tipo ou daquele" que os jornais incluem na suas páginas de publicidade, como o JN por exemplo, trata-se isso sim desta pornografia económica/política/social que  toda a imprensa escrita e falada usa para nos mentalizar, escolarizar, neutralizar.
Usam quase sempre a linguagem do poder, se possível com acrónimos, muitos e impronunciáveis. Estou a lembrar-me do Sr. Zeinal Bava neste momento, que sempre que fala é por siglas ou vocábulos em inglês impronunciável e que os jornalistas copiam, copiam até à saciedade, com baba na boca e assim se mantendo na crista da onda e fazendo render a sua crescente lista de dependências.
Quem não proceder em conformidade, condena-se de antemão, ao fracasso.
Subornam-se mutuamente e mutuamente cobram-se informações.
São normalmente pessoas de vozes e olhares dóceis.

quarta-feira, 21 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA




ABIBE-SOCIÁVEL

UMA QUESTÃO DE FÉ?


Não vai à Igreja o meu povo
Mas é povo de fé.
Aprendeu a viver
No fundo das bombas dos quintais
Aprendeu a respirar
Abaixo da linha de água
E para não enlouquecer
Vira(va)-se para o lado de dentro.
O meu povo agradece por estar vivo
Discute em voz alta
Diz mal do governo
deste, do anterior
e do que há-de vir
Como forma de estar vivo.
Como para estarmos vivos
Seja preciso ouvir-nos uns aos outros.
Fazemos silêncio quando não devemos
E quando devemos não saímos à Rua.
Não somos felizes
Não temos projectos
E parece estarmos além disso.
Nas tardes quentes
Gostamos de ficar assim nas esplanadas
Ou nas mesas das tabernas das aldeias
A ver apenas o tempo envelhecer.
Os nossos rostos parecem
Atravessados pela luz das profecias
Como se não vivêssemos onde estamos
Ou não fossemos contemporâneos
Do tempo que vivemos
Às vezes dizemos
"Quero ser estrangeiro"
Mas chegamos quase sempre tarde.
Dizemos não temer os piratas
E estamo-nos a preparar
Para obter os seus códigos de honra
E confundimos ética e estética
E queremos lucros mais próximos
E admiramos os naufrágios.
Quero a tesoura
Para cortar estas sílabas
Estas palavras
Quero continuar a temer os piratas
Com olho de vidro, perna de pau e cara de mau
A não os ver vestidos de banqueiros
Governantes, senhores de Bruxelas
Ou presidentes de empresas públicas
QUERO O MEU PAÍS DE VOLTA
Não quero que lhe cortem as raízes
Quero mudar o calendário
Limpar as gorduras aos sempre cheios
Limpar o lixo
Amo-te povo
Não te deixes morrer

Pela

terça-feira, 20 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



PATO-DE-RABO-ALÇADO

AS COISAS BOAS EM PORTUGAL NÃO SÃO CARAS


A paisagem diversificada, maravilhosa é de graça.
A luminosidade, em especial, a do sul, com aqueles azuis fantásticos, faz parte do imaginário colectivo.
Olhar para o mar, sempre que se queira.
Quem quiser pode ir à pesca e passa o tempo, prazer que não é para todos nem em todos os países.
O almoço em família aos domingos que se mantém nas aldeias.
Há gente linda, simpática, solícita.
A comida fabulosa, sem esquecer o nosso bacalhau e doces conventuais.

Há tanta coisa que hoje o desafio é escreverem aqui o que Portugal tem de bom e barato ou de graça.


"Há pinhais. Ainda os há! Em que a voz do mar entrelaça cantigas de amigo com cheiro a seiva. É so ouvir.

Há longas planícies que nos oferecem maios maduros que ninguém queimou, a que ninguém quebrou o encanto, porque os amou." (HELENA DIAS dixit)


"Bom e barato?! Caminhar por entre as dunas e olhar o mar. Seguir o rasto das gaivotas e voar ...Correr pela praia, cabelos soltos ao vento ! Colher conchas e fazer da maresia o perfume do dia. Ao pôr do sol, libertar os sonhos, esperando o novo dia que vai nascer ..." - BY MIZÉ NUNES DE SÁ

segunda-feira, 19 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA



PATO- DE-ASA-AZUL
(o macho é o de cabeça cinzenta)

MOMENTOS DA MINHA TERRA - O PORTO

.As rochas mais antigas pertencem ao complexo xisto-grauváquico que se localizam na parte mais ocidental da cidade e ainda na área do Bonfim e Campanhã.
As rochas da Foz do Douro são ainda mais antigas e até anteriores à intrusão do granito do Porto (milhões de anos) - rochas precâmbicas.

.Areosa, Campanhã e Bonfim ter-se-ão implantado as comunidades neolíticas, dos primeiros agricultores e construtores megalíticos.

.O escoamento das águas na parte norte, na área de Paranhos, faz-se para a bacia hidrográfica do rio Leça, enquanto que na parte mais noroeste (Aldoar) se faz directamente para o Oceano Atlântico, através duma pequena ribeira.

.Foram encontrados vestígios paleolíticos em Lavadores, Pasteleira, S. João da Foz e Nevogilde. Objectos talhados a partir de seixos rolados de quartzito e quartzo, encontrado quase sempre isoladamente à superfície, em locais próximos do litoral.

. Três grandes núcleos megalíticos (concentrações reconhecidas no distrito do Porto) na Serra da Aboboreira (Marco de Canaveses, Amarante e Baião).  Monte Mozinho em Penafiel e Serra de Campelos (Lustosa e Lousada)

. Na cidade do Porto, as Ruas Chã, Loureiro e Corpo da Guarda faziam parte dum castro, eram centros políticos e defensores dos territórios e comunidades galaico-lusitanas.

. Já na época romana os filões do ouro, a mineração do ouro estendia-se por uma longa faixa (actuais concelhos de Valongo, Gondomar e Paredes) em que os filões aparecem encaixados em quartzitos e xistos em complexos do Ordovícico e silúnico. Nas Serras de  Stª Justa e Pias, em Valongo, 23 filões explorados pelos Romanos na Serra de Pias. A galeria Romana do Fojo das Pombas na Serra de St. Justa em Valongo e as áreas minerais de Covelo e Medas em Gondomar e de Banjas e Covas de Castromil em Paredes.
      

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Período Ordovícico (505 a 440 ma) "Reconstrucción del fondo de un mar ordovícico, con Orthoceras y trilobites. Tomada de www.ucmp.berkeley.edu"
Continúa la diversificación de la fauna marina: aparecen los primeros vertebrados, los PECES ACORAZADOS. Las plantas y los animales comienzan a conquistar las tierras emergidas: con las Briofitas y los Artrópodos terrestres la vida sale de los mares.

Glaciación Ordovício-Silúrica que dará la extinción ordovícico-silúrica (438 m.a.)



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.Três aras votivas aparecidas na cidade do Porto. Uma encontrada junto à Sé (Fevº/1940) dedicada aos lares marinhos, outra encontrada nos alicerces da igreja proto-românica da Foz do Douro com dedicatória "Aquis Magandiis", talvez altar dedicado às "águas imensas" (Oceano Atlântico). Seja como for, é uma clara manifestação da religiosidade indígena durante o domínio Romano, só mais tardiamente convertida ao cristianismo pela acção evangelizadora de S. Martinho e Dume no começo da Idade Média.

.Em 409 os povos germânicos atravessaram os Pirinéus e causaram instabilidade neste início do séc V, sobretudo pela fixação dos Vândalos e Suevos na Galécia (411) e dos Suevos a partir de 419, onde estabeleceram um reinado de curta duração e foi nessa altura que emergiu, pela 1ª vez, um certo protagonismo portucalense, cada vez mais patente.

. O castro de Vandoma (santuário dedicado à Galaecia) era a metrópole seria mais importante que o castro da Cale (Morro da Sé). Desde os princípios do séc. I DC que o  morro da Sé do Porto, fora investido em capital de civitas do território dos Galaicos, fazendo parte das 24 civitates do Conventus Bracarum.

. Portucale - sítio de cunhagem monetária.

. Ramalde, Nevogilde, Gondarém, Contumil, Gondim, Requesende - origem germânica. Paços, Campanhã, Porto - origem romana.

. 1113/1114- O Porto - sede episcopal é restaurado  com D. Hugo, um francês. Em 1120 por iniciativa da rainha D. Teresa é concedido ou confirmado um vasto território a esse bispo.

. Em 1140 - os mouros invadiram o burgo e saquearam a catedral.

 .Em 1147 - Os cruzados ingleses chegaram à Ribeira, ouviram missa e sermão junto da Sé, pelo bispo D. Pedro Pitões, antes de partirem à conquista de Lisboa.

. No século VI Portucale era mais importante que nesta altura.

. 1247-1260 - O bispo D. Julião Fernandes roubou terras ao Rei, mudando-lhes o nome.

. O Porto cresceu rapidamente a partir dos finais do séc. XII.

. No séc. XIV a Rua da Banharia foi a artéria mais movimentada do Porto. A Rua dos Caldeireiros era o começo da estrada de Braga.
Por volta de 1386, D. João I instituíu a Judiaria do Olival. Os judeus primeiro tinham estado na Rua das Aldas, em S. João Novo e Monchique.

. Em 1347 - os concelhos de Gaia, Vila Nova e Porto reuniam-se em Miragaia sempre que tivessem de resolver litígios mútuos: Miragaia, concelho distrito do Porto, prestava serviço de território neutral para daí melhor reorganizar  a contra-ofensiva (ou reconquista).

. Entre 1348/9 - Portugal viu morrer mais de 1/3 dos seus habitantes. De um milhão e 500 mil passou para uma milhão.

.O ano de 1369 foi o que marcou a arrancada do terreno do concelho portuense de minúsculo para gigante. Massarelos, Bouças, Maia, Gondomar, Melres, Refojos do Ave, Aguiar de Sousa e Penafiel.

.1384 - anexação de Gaia e Vila Nova.
O concelho do Porto tem concluído o seu perfil medieval, o mesmo que há-de levar pela Idade Moderna dentro. É um vastíssimo território inscrito na faixa meridional da região geográfica de Entre Douro e Minho; independente de senhorios privados embora infestados deles; e subordinado todo à mesma circunscrição judiciária e fiscal. O mesmo almoxarife. E para todos, excepto o corregedor, a mesma cidade por sede.
Foi o Mestre de Avis (Regedor e Defensor do Reino) que integrou Gaia e Vila Nova no concelho do Porto.

.No séc. XV o espaço urbano do Porto tinha 44,5 hectares e o espaço urbano de Lisboa -103,6 hectares.

. Em meados do séc. XVII foram expulsos os judeus e os beneditinos fundaram o Mosteiro de S. Bento da Vitória (150 anos após a expulsão).

. O Rio da Vila começava onde é hoje o Marquês e desaguava na Ribeira.

. No recenseamento de 1527 (terminado em 1531) o país somaria 243.592 habitantes, cabendo ao Entre Douro e Minho (que incluía o concelho de Gaia) o valor de 93.760, i. é, 38,5%.

.Desde 1850 que se verificou uma subida do nível do mar que é responsável pela fase erosiva actual.





                             

domingo, 18 de março de 2012

BOA NOITE

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SERRA DA ABOBOREIRA

VIVER É DIFÍCIL

Tudo muda muito rapidamente.
Não há segurança por muito tempo, a não ser para os ricos.
O tempo das seguranças acabou. Ninguém está seguro de nada.
Hoje a segurança é uma peça de museu ou uma roupinha que passa de moda.
Às vezes, ser vagabundo é ofício que compensa, mas só às vezes, embora alguns pensem que é para sempre, palavra difícil de pronunciar.
Nada permanece, nem um casamento, nem um emprego, nem uma casa, nem um país, nada é para a Vida.
Há uma coisa porém que permanece que são as nossas raízes, a nossa infância. Por muitos caminhos percorridos, a nossa infância está lá, imutável à nossa espera e, como isso é reconfortante.
Até o conceito de amigo se alterou com as redes sociais. Chama-se amigos a toda a gente e àqueles que são amigos de ocasião confidenciam-se coisas que não se contam aos amigos de longa data.
Aprecia-se gente que não tem valor nenhum, apenas porque é "figura pública" que quer dizer aparecer muitas vezes nos meios de comunicação social. Nunca o TER alcançou níveis tão elevados comparativamente ao SER.
Os jovens vivem como se reformados fossem, quando deviam estar a contribuir para o bem comum. Um país que desperdiça assim esta mão de obra não tem futuro.
Muitos deles que tiveram que baixar bruscamente os seus graus de expectativa entram em depressões complicadas.
A obediência tornou-se um modo de vida.
As pessoas protegem-se de imaginar, preferem nem pensar. Cada vez mais as relações são mais violentas, quase como únicos excitantes.
As mulheres têm filhos já quase a chegar ao meio da idade, não há herdeiros.
Há muito pouca cultura, mas sobram opiniões e muitos imitadores de opiniões e a "sociedade" vai rolando assim, até se estatelar completamente.
A imprensa também dá opiniões, não dá noticias.
Há cada vez mais gente, tal como os garimpeiros, a  tentar descobrir ouro, mas estes quase sempre o encontram, em especial, se escrevem por encomenda.
As cidades deslocaram-se para dentro dos Shoppings e ficaram desertas. As pessoas são atraídas para aqueles castelos cheios de cintilações e desejos.
Para atraírem gente às cidades, Câmaras há que realizam feiras, para consolar os pobres... de espírito.
O remorso deixou de existir porque deixaram de existir muitos princípios e valores.
As carreiras são feitas na base das intrigas e maldicências, para além de outros favores mais espúrios ainda.
Faz-se o dia da lampreia em casa de quem pode ou pede emprestado, para o chefe promover e tudo é paradoxalmente fraterno, é tudo uma "família" e até as férias se fazem em e na camaradagem.
Nada é o que parece e as referências, as linhas da esquadria, deixaram de existir.
Há classes que desapareceram e nem elas próprias sabem.
Os mendigos são burgueses mesmo sem o querer ser e até os professores universitários têm que estar nas filas dos subsídios de desemprego.
A inaptidão  e a corrupção são vistas como novas oportunidades, já para não falar nos offshores (as instituições legais de fuga ao fisco) e muitos daqueles que não tiveram essa oportunidade aspiram a tê-la.
Ser próspero é o bem maior e, praticar todos os abusos até lá chegar não está ao alcance de todos.
Já ninguém se importa com os erros da boçalidade de todas as espécies.
Tudo é tolerado se tiver um carrão de estalo à porta e um tanque feito piscina em casa.
Os vocábulos, as frases inteiras, até as queixas dos vigaristas, dos corruptos, são na maioria das vezes as mesmas que  as das pessoas honradas e honestas que ainda existem e continuam a ser a maioria. Os obedientes, os escravos de todos os matizes, são petulantes.
A vida é difícil e quem disser o contrário pode negar as guerras e os filmes de terror, mas tal como o casamento não é para toda a gente, a vida não é difícil para toda a gente.   

sábado, 17 de março de 2012

BOA NOITE

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QUE FANTÁSTICO! AINDA SE PODE VER O CÉU - SETÚBAL

A ÉPOCA DO TAILLEUR E A DO TODO NU

Era a época dos cortes de lã, das chuvas compridas, das amenidades, das mãos de luz, muito brancas.
Era a época do povo conformado, de tudo cinzento, o tempo era cinzento e as pessoas acompanhavam-no, das palavras que não diziam o que afirmavam.
É a época do povo conformado às pilhagens.
Era a época da sisudez, da reserva, da moderação como virtudes; da mediocridade vestida de prudência, da inércia; do futuro que deixou de existir.
É a época do nu,  das redes sociais para resmungar contra as injustiças e continuar colado à cadeira.
Era a época das pessoas convertidas, cobardes, sempre prontas a ceder, o que não nos foi pedido exactamente.
É a época dos que se deixam ficar no desalento e na depressão com as cabeças cerzidas  por linhas de merda e de pus dos que a usaram há 50 e mais anos atrás.
O pão nosso de cada dia era a nossa fantasia.
É a época da fantasia  igual, a de desertar do nosso próprio destino.
Ontem e hoje os vampiros são os mesmos, são os mais fortes e nós os mais fracos, estamos sujeitos ao mesmo saque.
Não são eles, os que nos mandam emigrar os mais responsáveis das épocas do ERA e do É, somos nós, nós os que obedecemos.
Convivemos demasiado bem com a mentira que nos camufla a realidade.

sexta-feira, 16 de março de 2012

BOA NOITE

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PORTUGAL

DO LIVRO DE NUNO SIMAS - PORTUGAL CLASSIFICADO (DOCTºS SECRETOS NORTE-AMERICANOS- 1974-1975)

Estávamos nos idos de 1974/75 e os americanos com os olhos em nós.
Stuart Nash Scott, era o embaixador em Portugal e não acreditou que os militares do 25 de Abril derrubassem o Governo, considerou-os apenas um movimento com motivação corporativa e  nunca política.
A administração americana não queria dar a entender que se imiscuía na política portuguesa, mas Richard Post, encarregado  dos negócios norte-americanos lá ia falando com Veiga Simão, ministro de Caetano.
Spínola era conhecido dos norte-americanos e visto como um aliado.
As ideias expressas em "Portugal e o Futuro" eram bem conhecidas dos responsáveis dos assuntos ibéricos do Departamento de Estado e correspondiam, no fundamental, aos ineteresses norte-americanos.
Após a realização das eleições (seria um ano após) Spínola expressou a sua confiança de que Portugal provará ao Mundo que não é um país comunista e manifestou a sua convicção de que o futuro Governo não teria nem comunistas nem socialistas.
Carlucci injectava paciência e pragmatismo na política americana e no Verão quente de 1975  torna-se amigo de Mário Soares e informa a administração americana sobre Vasco Gonçalves, dizendo que não obstante ser uma personalidade complexa e controversa "emotivo, idealista, vivo e inteligente", não tem provas que seja um comunista, embora o classifique de nacionalista de esquerda e "compagnon de route" do MDP. Costa Gomes sim, era considerado muito à esquerda.
Extracto do telegrama de Frank Carlucci para Washington:
"Se o Deptº de Estado decidiu ou está em vias de decidir uma alteração (de política quanto a Portugal), então é preciso  mudar tudo - cortar a ajuda, retirar Portugal do MAAG (programa de assistência militar norte-americana)  pedir a sua saída da Nato, desencorajar o investimento e o turismo. Fingir amizade e apoio por um lado, e tomar pequenas mas significantes medidas primitivas, por outro, é o pior.
Frank Carlucci informava que Costa Gomes tinha respostas mais suaves que Vasco Gonçalves, este era duro no trato, mas um homem de acção e que tinha mais poder do que o Presidente Costa Gomes, embora C.G. tivesse mais apoio quer de militares, quer da opinião pública. E continua dizendo que considera que Vasco Gonçalves está interessado no "caminho para o socialismo e na justiça social" e que queria expandir contactos com os soviéticos e os seus aliados com o Terceiro Mundo e manter os laços com a NATO.
Nesta altura estava Francisco Franco no poder em Espanha e os E.U. sugeriram a Espanha para invadir Portugal.
Ainda Carlucci falando sobre V.G: "é orgulhoso e reagirá desfavoravelmente a qualquer atitude condescendente, ao mesmo tempo que respeita a firmeza e argumentos convincentes".
V.G. acha que a imprensa  norte-americana distorce a situação no país e que os americanos estão cegamente obcecados pelo anti comunismo e dá crédito às acusações de uma potencial intervenção norte-americana, encoberta ou não.
Carlucci considerava que V. G reagiria negativamente se a delegação norte-americana desse um sermão sobre a situação política interna e dá de conselho a Ford e Kissinger que ao falarem com VG não abordassem a política interna mas se focassem na externa, na segurança da Europa, dizer que a preocupação americana estava tão só na possibilidade deste governo enfraquecer a Nato, blá, blá, blá.
Em 13 de Julho/75, em Aveiro, o bispo D. Manuel Trindade, exige o fim da ocupação da Rádio Renascença e pede aos cristãos adormecidos que acordem. Entretanto Otelo acaba de regressar de Cuba, onde Fidel o recebeu com honras de Estado e discursou no comício do 22º aniversário da Revolução Cubana ( único estrangeiro).
De 29/8 a 5 de Agosto/75, registam-se cinco actos de sabotagem ou atentados à bomba, dez assaltos a sedes de partidos de esquerda, quatro assaltos a sedes de sindicatos, e uma sede do PCP tinha sido incendiada e Costa Gomes ia a Washington submeter-se ao exame de Ford e Kissinger.
Veio o 28 de Setembro - reacção duma parte dos partidos de direita que fizeram a prova de Força.
Kissinger, considerava que havia uma ameaça do euro comunismo.
Em Outubro, Mário Soares, ministro dos Negócios Estrangeiros, informou Kissinger que os comunistas não conseguiram tomar totalmente conta do país.
Para Kissinger, Soares era um desses socialistas idealistas com pensamentos semelhantes a da Rússia de 1917 e  chamou-lhe mesmo Kerensky (ministro dos negócios estrangeiros russo em 1917).
 E Soares disse que não queria ser Kerensky ao que Kissinger retorquiu que Kerensky também não.
Costa Gomes no livro "O último Marechal" diz que Kissinger foi muito agressivo com Portugal e que no fim do almoço que teve com ele lhe pediu para  telefonar directamente sempre que tivesse algum problema em Portugal.
Costa Gomes não se tornou um homem doa americanos, Mário Soares sim.
Carlucci pede ajuda norte-americana  para Portugal, já que seria a melhor garantia contra a tomada do poder do país pelos comunistas e Kissinger aceita.
Costa Gomes deixou o poder e tornou-se um activista do Conselho Mundial para a Paz.
Março de 1976 - Ministro as Finanças Salgado Zenha, vai discutir o reforço da assistência do pacote americano.
Vinte e cinco anos mais tarde, Mário Soares, num depoimento à RTP confessa que conspirou com a Igreja contra os comunistas nesse Verão quente.
Havia a hipótese de  soviéticos virem a apoiar economicamente Portugal através de  reforçadas importações (têxteis e vinho) portuguesas, mas os E.U. desconfiavam dos militares de um país em revolução. Na prática, os E.U. receavam actos de espionagem por parte dos portugueses a favor da União Soviética e que Portugal fosse o jogo de Moscovo.(conforme são julgam os outros, digo eu).
Kissinger receava o contágio comunista a Itália, Espanha ou à Grécia.
Em Outubro de 1974 Kissinger fez um ultimato a Portugal para deixar de participar nas reuniões de planeamento nuclear da Aliança e Spínola tinha aceite incluir comunistas no I Governo Provisório.
Melo Antunes mais tarde defendeu a demissão de Vasco Gonçalves.
Aldo Moro dizia que a troica  (Costa Gomes, Vasco Gonçalves e Otelo) era muito perigosa,  defendia Mário Soares e opunha-se à entrada de governos de esquerda na Europa.
K. dizia estar em contacto com líderes militares portugueses que estiveram contra o golpe (talvez por desconfiar de Carlucci, digo eu) e que o informavam que Vasco Gonçalves estava ao lado da União Soviética.
Para Kissinger, o todo poderoso secretário de estado de Gerald Ford, Portugal nos anos 80 teria um governo de comunistas.
Entretanto os líderes soviéticos em 1975 admitiam uma intervenção ocidental em Portugal, Brejenev terá dito em Julho/1975 que não compreendia por que motivo os países  ocidentais não tinham intervindo ao 1º sinal de sobressalto e acrescentou que isso teria sido aceite pelos soviéticos, apesar de o poderem condenar publicamente porque Portugal "pertence" ao lado ocidental.
Rui Mateus, responsável pelas Relações Internacionais do PS com Mário Soares, garante que os planos da Secreta Britânica tinham a concordância da CIA e explicou em detalhe o que era "o plano global" dos britânicos ou o "plano Callaghan. "Esses planos passavam por um apoio logístico aeronaval no Norte de Portugal aos militares anti comunistas e às forças democráticas lideradas pelo PS".
Os soviéticos procuravam  com a conferência de Helsínquia um modo de substituir a Nato por um sistema europeu de segurança colectiva através do qual podiam minar a coesão do Ocidente.
K. mantinha oficialmente a neutralidade quanto aos Açores mas encorajava e estimulava os independentistas açorianos. Kissinger dizia que VG só não se filiava no PCP para poupar o dinheiro das quotas.
Tendo em conta os acordos bilaterais, Portugal está no grupo de Países como a Dinamarca, Grécia, Itália e Holanda que aceitam o uso de armas nucleares nas suas bases se utilizadas de acordo com os planos da NATO.
As Lages são um bom substituto às bases de Espanha.
Em 1966 um bomba atómica caiu intacta, em Palomares, Espanha. A Dinamarca é o primeiro país a anunciar a recusa da instalação de armas atómicas.


quinta-feira, 15 de março de 2012

BOA NOITE

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A MINHA VIZINHA MAIS ALTA

A MINHA BIOGRAFIA COMEÇA AQUI

A forma da vida humana é o círculo, disse Vergílio Ferreira.
É tudo muito depressa.
Precisava passar para o lado de dentro de mim mesma, precisava de ficar nua para me converter em biografia, em ser memória e assim ficava desamparada de vez, teria que renunciar a ter memória e passaria vertiginosamente a ser memória.
A minha memória é curta e eu teria que começar todos os dias a biografia se algum dia a fizesse. Teria que tomar posse de mim e como isso seria difícil.
Hoje, por exemplo, era para falar das pedras. Sentei-me à secretária com o computador  e  à frente o écran branco do blog  e lembrei-me  daquela frase do Padre António Vieira naquele sermão da Quarta-Feira de Cinzas,  em Roma na Igreja de Santo António dos Portugueses, em 1670 e que dizia "Também as pedras morrem", mas não sei porquê, dou comigo a escrever este título e pensei: Porquê?
Porque escrevi isto e já não vou hoje falar sobre as pedras?
Tento responder-me:  talvez porque essa mosca me fizesse sentir as minhas zonas de desconforto, talvez porque a doença me ponha a resmonear comigo própria, talvez porque considere, até hoje considero as biografias feitas pelos próprios algo de verdadeiramente incrível, como se o antigo e o novo se pudessem medir assim por anos ou talvez porque uma amiga, ontem, me falasse de memórias e de anos, ou porque outra quisesse fazer balanço de vida no dia do seu aniversário ou porque, por  acaso, juntamente com um amigo que conheço há muito tempo sem o conhecer, estivesse a discutir sobre "as memórias de Salazar" que a CM de Santa Comba Dão quer implantar e... que esses momentos teriam de constar na minha biografia   se algum dia a fizesse e que teria que a começar várias vezes, porque hoje tinha ficado a saber isto e aquilo, porque ontem falei com aquele ou aqueloutro que me deixou a pensar, porque aquela palavra que já não sei se foi amanhã ou depois que a vou ler me atirou uma patada violenta.
As minhas memórias parece que bóiam num laguinho de jardim numa qualquer Praça de cidade, todas juntas,  quando olho para elas e tento apanhá-las com a rede de apanhar peixinhos que guardei de pequenina.
O tempo continua a germinar e eu que não acredito em Deus nem deixo de acreditar, talvez por preguiça, porque dá muito trabalho pensar nisso, mas  acredito no olhar intenso, urgente dum cão.
Acredito que os sentimentos são um vício. Acredito quando falo com as pessoas que a vida pesa muito, que é imensa, violenta muitas vezes e que a temos de a sangrar de vez em quando com qualquer actividade, para ter menos força. Alguns vão para o ginásio, outros para o facebook, outros para outros locais e mais uma vez a minha biografia começa aqui: Encontrei-me com a vida a menos, com a redução imensa de vida disponível e falo comigo e penso que se acreditasse em Deus seria bom talvez ele demorasse um pouco comigo e me dissesse como começar a biografia e onde começar e porque me pergunto o que é uma pedra e porque há pedras e porque as pedras também morrem e porque começo de novo sempre.

quarta-feira, 14 de março de 2012

BOA NOITE

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HÁ LETRAS E LETRAS E ESTA É O MÁXIMO (só não sei se hei-de chamar Srª Letra, menina letra ou estrangeira letra)

E LÁ VAI A IMAGINAÇÃO

 Corre, corre cavalinho. Enquanto esta correr nunca desistirei. Estou aqui.

Penso em Camilo Castelo Branco, um dos meus autores preferidos da juventude. Visitei várias vezes a casa onde ele viveu em S. Miguel de Ceide, perto de Famalicão. A 1ª vez que lá fui, sim, ainda fazia lembrar Camilo, com os pinhais em volta e ouvia-se C.C.B falar dos "pinhais gementes", que sob qualquer lufada desferem suas harpas", agora está tudo cheio de cimento em volta, mesmo da Fundação(?). Não sabem preservar nada, porque não sabem ler e sentir o escritor. Lembro-me de Camilo a fugir para defronte do seu tinteiro de ferro e a evocar graciosas imagens e a resistir ao frio da tarde encostado ao peitoril da janela.
Quando ele dizia que os economistas ingleses chamavam ao tempo capital, quando se referia às morgadas sem morgadio e os seus dias corriam magoados.
O escritor é um escarafunchador de almas e Camilo foi-o como ninguém.
Tenho uma frase  na cabeça "sorria com aquela distinta angústia que lacera a alma sorrindo", não sei em que romance a li, já que li a maioria deles e são muitos mesmo, se há romancista que escrevesse muito, Camilo foi um deles, um grande, enorme romancista. Tal como a Agustina descreveu a mulher do Douro, em especial, do Douro Sul, C.C.B. escreveu sobre o homem e mulher minhotos e fê-lo com enorme mestria. Conhece-se muito melhor o Minho daquela época lendo Camilo, mas a alma dos homens e das mulheres de todos os tempos e lugares, encontra-se lá, nos seus romances.
Já com Aquilino Ribeiro, ficaram-me mais as palavras que usava na voz dos seus personagens. Parece-me que o primeiro romance que li dele, foi o "Malhadinhas". Eu lia os livros da livraria do meu pai, assim se chamava à Biblioteca. O meu pai gostava muito de Aquilino e usava algumas palavras que o escritor colocava nos seus livros, referindo que eram de Aquilino.
Lembro-me que se dizia lá por casa "santinho carunchoso". A minha avó dizia-me não te faças de santinha carunchosa e meu pai acrescentava : Aquilino. E dizia-se cavalicoque, quando escorregávamos pelas pernas abaixo, mais ao menos aos pulos da avó ou do pai e só mais tarde, vim a saber que também Aquilino usava o termo nos seus romances.
"Levado da breca"; "tropa fandanga"; "ruço de mau pêlo",; "arreganhando a tacha"; "viam-nos na fresca ribeira", "um lava-rabos"; "não foi uma boa bisca"; "perspectiva  estrambólica". E quando a minha mãe dizia, já zangada: "não me horripiles", o meu pai dizia sarcástico: Aquilino.
O meu avô, espanhol, falava que vivíamos no país das meias solas e o meu pai sorria dizendo não sei quantas outras frase de Aquilino e dizia "Malhadinhas", Aquilino. Acho que ele fazia de narrador, não só por que se divertia, mas para nós aprendermos. E resultou. Eu lembro-me de muitas mesmo.
E li muito Urbano Tavares Rodrigues que lá havia na biblioteca também.
E escrevia num papelzinho as palavras que não entendia e vinha a minha mãe e  proferia:"preguiçosa, vai ao dicionário" e eu respondia: depois. senão perco o gosto da história, sempre gostei que me contassem histórias. Chama-me para o jantar p.f".
E lia "o povo não existe, é uma abstracção, é decepção"; "respeito pela falsa ordem"; "neste nosso mundo envenenado e mal repartido"; " A Revolução não parou, mesmo que possam sujeitá-la a pausas retóricas, rituais" e tantas, tantas outras coisas eu me  lembro, parece que não mais acabo de crescer e no entanto reparei no outro dia que já com muita dificuldade chego ao fecho de cima da porta da cozinha; é, estou a decrescer, mas ainda crescendo.

terça-feira, 13 de março de 2012

BOA NOITE

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CASTELO DE VIDE

QUANDO CHEGA O AMARELO?

Há tanta coisa que se perde dentro de nós.
A vida traz-nos tristezas e eu ainda não convidei as minhas para se sentarem à mesa comigo. Ainda estou na fase do azul do ar e da água. O branco, a cor da alma, a síntese de todas as cores, demora-se. Os sentimentos misturam-se.
Continuamos nesta viagem e as inquietações parece que nascem a todos os momentos.
Ouço promessas, profecias desde criança, mas todos aqueles que prometem é sempre para depois e eu pergunto, quando é esse depois?
Quanto mais penso, mais triste fico, parece haver uma correlação  directa entre as duas coisas. Estou certa que o que me acontece a mim, acontece também a quase toda a gente.
Nos tempos do fascismo, as pessoas não tinham lugar no seu País e só lhes restava partir, ou enlouquecer, ou suicidar-se e agora?
Portugal quase sempre foi uma coelheira (palavra roubada a Fernando Dacosta) obediente e convicta.
É difícil achar presente.
E a independência cada vez  está mais em perigo, o país está tomado pelos economistas, pelos oportunistas e gangs de ladroes que se dizem políticos, pelos negócios dos de fora, pelos poderosos de fora a comprarem-nos tudo, até a pêra  rocha nos vieram comprar. Compram empresas, tudo.
O povo já não se indigna com todos estes suplícios, apenas sente cansaço.
As empresas ficam abandonadas, as casas abandonadas.
Aqueles(as) que estão sozinhos, sem grupo, sem igreja, sem partido, ficam desprovidos de qualquer resguardo, de qualquer socorro.
Tem fazer da sua fraqueza a sua força.
Estamos em guerra com nós próprios, já que apenas lutamos connosco. Bebemos o medo e ninguém ousa. Povo impotente que vê tudo a ser destruído e continua submisso, povo atormentado que parece que não dispõe de existência, apenas destinado a receber ordens, joguete de qualquer mandante, todos aflitos, mas conciliadores, mas fora de horas de aflição, arrogantes.

segunda-feira, 12 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


Cinfães e Pala

REGRESSO AO FUTURO

COM INVERNOS INTEIRIÇOS
COM PALAVRAS A SABER BEM
COM RISOS DE CHAMAMENTO
COM FRUTA SABOROSA
SEM TROIXAS E TROIKAS
SEM CABO DOS TRABALHOS
SEM GOLPES DE ESCACHA-PESSEGUEIRO
SEM TROPAS FANDANGAS
SEM BIRBANTÕES
SEM CRUZES ÀS COSTAS
SEM VELHACOS
SEM NOVIDADES DE CACARACÁ (corridas de cavalos só com cavalos a montar Secretários de Estado)
SEM TROGLODITAS
SEM INSULTOS E FINTAS VÁRIAS
SEM ENCONTRÕES E MALCRIADEZ DA GENTE BEM EDUCADA
SEM MÚMIAS NEM CANDIDATOS
SEM NOTAS DE DÓ, A MAIS BAIXA DA ESCALA
COM MUITOS SONHOS
TODOS APTOS PARA ACTOS SUPERLATIVOS.

domingo, 11 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


VIANA DO CASTELO

HÁ REGIÕES PAROLAS TAMBÉM

izia a minha avó: "É à quem quer e não pode". Eu resumo tudo ao parolo.
Passar por Vila Nova de Gaia hoje, pela nova Gaia é verificar isso mesmo. É à quem quer e não pode. Podia ser Manhattan, mas não é, podia ser uma cidade grande, mas apenas em densidade populacional. Claro que exceptuo a orla marítima, que é a melhor das melhores. Filipe Menezes à frente de todos os parolos, fez uma cidade á moda dele, com  ginásios, centros comerciais, fez de  uma Vila rural, uma cidade dormitória mais um bocadinho, porque tem que ter o fim da tarde para ir ao ginásio, já que são muitos e grandes. O que eu quero dizer?
Que não vão só para lá dormir, mas também para "malhar" nos ginásios do Belmiro e da Virgin.
Filipe Menezes, Rui Rio, Mesquita Machado, Narciso Miranda, João Jardim fizeram "obra" à custa do cimento, dos bancos, do capital nacional e estrangeiro, este mais no primeiro caso.
Entra-se em Gaia, pelo lado do Porto e tem que se conduzir depressa nos novos túneis, e se não for lesto a ler placas, faz-se tudo de novo, porque virar à direita ou à esquerda  naquelas ruelas feitas avenidas, túneis e sei lá mais quê, não se compadece com nada. Andar de carro e rápido, já que aqueles novos locais não foram feitos para pessoas comunicarem,  para isso têm os centros comerciais que são mais que muitos. A ruralidade foi-se, apenas existem alguma capelinha ou casebre para venda e ainda muitas quintas para a CONSTRUÇÇÇÇÃAO. Mas se a ruralidade acabou, também se foram as características de Vila Nova de Gaia, foi-se tudo.
Claro, que as cidades são dinâmicas e têm  que se modernizar, mas isso não significa que tenham que se descaracterizar completamente e vestir-se todas daquela camada fina de parolismo, de provincianismo, que não deixa ver nem pensar e cobre tudo.
Este novo riquismo mental que começou com Cavaco Silva e acabou nos autarcas do PSD e  outros, esta mentalidade de parolos falsamente ricos que não têm onde cair mortos, deu Câmaras endividadas até ao tutano, famílias sem saber como podem pagar as dívidas mas a ver se arranjam uns dinheiritos para irem ao ginásio destressar e para que os vizinhos as vejam.
Gaia a região com mais desemprego, é mais uma que quer ser aquilo a que nunca pode ascender.
Um verdadeiro parolo para mim é aquele que se julga anti-provinciano, aquele que considera que está à frente do que lhe estão próximos, aquele que quer estar no centro das coisas em todas as dimensões.
Em 1928 já Fernando Pessoa abordava este tema e tal como eu acho que o que distingue o verdadeiro provinciano é a admiração pelos grandes meios, o entusiasmo e admiração pela modernidade bacoca. F. P. dizia: "o provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pelas qualidades por que não o somos(...)".
Um parisiense não admira Paris, gosta de Paris.
Esta percepção da realidade quase exclusivamente centrada numa estreita relação de proximidade (= provincianismo) mais aquela parolice que consiste em que o parolo não permite que algo "não parolo" se afirme, aliada à parolice com poder, fazem cidades parolas, provincianas do séc. XXI, com muitos túneis, cimentos, centros comerciais, bancos, autarcas corruptos, construtores civis sem escrúpulos, árvores nem de plástico e relvas sintéticas nas cabeças e fora delas.
Os parolos não são estúpidos, pois o problema também é esse, não sei, digo eu.
São assim uma espécie de animais híbridos de Brahma light, um galináceo estranho.

sábado, 10 de março de 2012

BOA NOITE

FOTOGRAFIA DO DIA


MARGINAL DE GONDOMAR

TER SAUDADES DO QUE NUNCA SE TEVE



Saudades do que nunca se viveu.
Quando ouvi esta frase pela primeira vez, estranhei.
Agora, quase todos os dias me vem ao pensamento.
Como me parece simples o seu entendimento... mas faltou-me viver onde não vivi (esta parece-me ser do Mia Couto) mas eu adopto-a como minha porque é isso que sinto e... como a sinto.

Quando o palco é todo meu e chega a altura do meu monólogo, quando me sento aqui todas as manhãs em frente ao computador, não me assusto com o que vou escrever, mas como tenho tanta coisa para dizer que ainda não disse, sou sempre antipática com os meus pensamentos que se atropelam e, por fim, dou-lhes uma ordem com voz de comando: ORDENEM-SE, EM FILA, PRIORIZEM-SE.
Alguns ficam zangados e não voltam, não gostam de obedecer à memória  e retiram-se outros, permanecem e depois de cumprirem as ordens ficam quietinhos a olhar para mim, a seduzirem-me de mil e uma maneiras a ver se podem dar o tal passo em frente e entrarem em cena.
Mas como em tudo, há que fazer escolhas e as escolhas são feitas com escolhos também, mas como nem eu nem eles somos entidades convencionais (há alguma coisa que seja convencional?)
Hoje escolhi a saudade, a saudade de ti, do que não vivi e afirmo como nos meus primeiros tempos de faculdade "A normalidade é um mito". Não, não foi desta maneira. Disse assim ao Prof. Jaime Milheiro: A normapatia (fui eu que inventei o termo, embora alguém, uma qualquer depois diga que foi ela, não se riam porque é verdade, mas isso agora não interessa nada) é que devia constar do DSM, essa é a maior doença e mais grave que conheço. Desde essa altura que passei a ter nome para o  professor e ainda hoje quando me vê me trata pelo nome e agora afirmo como tu quando dizias:"Tenho saudades do que nunca se passou".

O MEU AMOR

sexta-feira, 9 de março de 2012

EM JEITO DE DESPEDIDA DO DIA DE HOJE

País ofçaide
Vidas de molho.
Às vezes acabam-se as pilhas
E sofremos descalcificações
De vários tipos, incluindo as afectivas.
Quero ser a lua
Com o rosto contente de mim.
Vou experimentando vira-cus.