quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

INVERNIA ÁSPERA

Gente que olha cara a cara a vida, vidas simples, humildes e resignadas que não sabe o que são primeiras edições de livros, nem o que é uma natureza morta. Pessoas que vivem no país das Lágrimas, que não sonham com grandezas, tímidas e constrangidas. A maioria apenas grasna como as gaivotas, mas enquanto as gaivotas se juntam ao fim da tarde na praia para palrarem, as pessoas nem isso.
Olho para os velhinhos com olhos irónicos, vejo as balsaquianas a pavonearem-se, egoisticamente, sem dizerem palavra umas às outras.
Nesta pátria que tem o Atlântico como paredeprincipal existe  uma gente à parte, uma gente que mesmo roída de miséria não luta, nem quer saber, acomoda-se pouco confortavelmente, diga-se.
Qual o balanço da aprendizagem da revolução dos cravos e mesmo das emigrações?
Quantas comissões cívicas há?, Comissões de bairro, cooperativas, eu sei lá.
Quem procura ser desintoxicado da informação oficial e informar-se devidamente?
Mas a sua desgraça é pícara. Preferem passar por tudo, por dores, desemprego e todas as catástrofes desta vida, mas manifestar-se isso não.
Antigamente chamavam Sr. Governo ao governo e agora falam da crise, como se a crise fosse sua., no entanto é uma gente profundamente espiritualista, neste mundo em que os tijolos se tornam mais importantes que as pessoas.
Muita gente já entrou numa espécie de vazio, num buraco da textura das coisas e começam muitas delas a observar-se a si mesmas.

1 comentário:

lua vagabunda disse...

todos os dias aqui venho, ler-te e ao teu sentir nesse dia 24 de Janeiro... e nada... óoooooooooooo