domingo, 27 de janeiro de 2013

O DIA

Nunca mais chegava e ao mesmo tempo foi muito rápido.
Aquela espera ouvindo as palavras dos amigos: "Estás feliz? "Ai que bom que vais ser avó", sentes-te preparada?"
Olhava para trás no caminho e a direcção era sempre a mesma, via-me a mim grávida e a alegria que tinha de andar a empurrar o mundo como dizia, aquela alegria que as mães conhecem ao mesmo tempo que a serenidade as visita, mesmo que o sol seja escaldante.
Nessa altura, não se sabia antes do bebé nascer qual era o sexo, era surpresa total e escolhiam-se os nomes quer para um caso quer para outro.A minha filha, grávida, feliz, ia ter o seu bebé.
Assim, se cumpriam os ciclos, 1º mãe, depois avó.
A preocupação do nascimento, mas antes de tudo a ideia do Futuro.
Como admito que o homem é, de algum modo, a sua circunstância orgânica a par de outras, a família, a sociedade, etc, prespassam sempre pela cabeça e pelo coração alguns receios, advindos desta concretude, da sua própria circunstância - ter um filho nestes tempos.
Para mim que nunca supus ser avó, que não vivia com ansiedade esse momento, apenas como simples possibilidade e nunca como uma inevitabilidade, converso comigo num original e único diálogo: como vai ser o Henrique, do que gostará mais?
O MEU NETO NASCEU!
Aquele dia mágico.
Naquele momento exacto em que soube fiquei impassivelmente calma; cessou em mim o meu pensamento; suspendeu-se tudo. Fiquei estranha e em silêncio.
Era o fim da espera e o começo do caminho.
O Henrique bateu à porta e entrou no nosso mundo.
Aproximei-me e vi a Terra, o Céu e o Mar.
Dentro de mim nascia uma Flor
Um hino de amor.
A vida agarrava-se ao meu dedo, intensa e firme.

2 comentários:

lua vagabunda disse...

"Se procurar bem você acaba encontrando.
Não a explicação (duvidosa) da vida,
Mas a poesia (inexplicável) da vida."

Carlos Drummond de Andrade

Muitos parabéns

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

um beijo de agradecimento Manela