segunda-feira, 18 de março de 2013

O TEMPO PASSADO (É) O TEMPO FUTURO

O tempo passado deixa-nos e não nos deixa jamais, eis o paradoxo da excepcionalidade do tempo.
O tempo Passado espalha-se através de nós e nunca morre, projecta-se no Futuro, é a nossa eternidade possível.
O tempo tem várias dimensões e chega a uma altura que se torna mesmo caleidoscópico, passa a ter profundidades complexas e vários níveis de entendimento.
O tempo é composto de poesia e de presenças que mais que pressentidas, se sentem.
O tempo é composto de mudança, aquilo que nós fizemos é uma infíma parte do que temos ainda de fazer.
O tempo futuro não tem que excluir o tempo passado, pois este torna-se das relações daquele.
O tempo não se altera quando estamos a jardinar ou à espera numa fila, no entanto passa de forma diferente. Se calhar tem a ver com o modo como passamos o tempo.
Os acontecimentos  desenrolam-se para além da vontade ou do desejo. Há um fluir dos acontecimentos.
O jardim dialoga com o jardineiro. No jardim está tudo em movimento porque lá se encontra a vida, não é como na fila onde há um mero jogo de espelhos, implica um não movimento, um tempo semi-morto.
O tempo apressa-se, outras vezes demora-se. Avança umas vezes veloz outras, fica prisioneiro e nós encontramo-nos sempre com ele em algum lugar, às vezes em lugares longínquos outras em sítios cheios de sombras.
Sonhamos o tempo, mas o contrário não é verdadeiro.
Sonhamos que estamos próximo do tempo e que, essa aproximação se torna encontro, mas quando afinal abrimos os olhos, vemos que aquelo futuro é já passado e queremos dormir outra vez para sonhar.
O passado, o presente, o futuro não podem constituir-se oposição, não há futuro sem passado, apenas estes tempos são pensados de diversos modos.
Há uma unidade invisível, uma relação com esta unidade que pode parecer garantida pela recordação ou por processos mais elevados, mas convém sempre não afirmar que o contrário é uma rigorosa impossibilidade.
E como em tudo, também no tempo há conflitos e discípulos a defenderem o mesmo e o seu contrário.

3 comentários:

Helena disse...

E, no entanto, o tempo passa cada vez mais aceleradamente. Até se nos acabar.

Bjs

lua vagabunda disse...

"A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade."

Friedrich Nietzsche

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Um beijo de agradecimento às duas por virem iluminar o mes escrito/reflexão.