quarta-feira, 30 de abril de 2014

INGRATIDÃO

Tenho para mim que uma pessoa ingrata é uma pessoa imperfeita, mal acabada.
Pessoas que mantêm monólogos egocêntricos e que não vêem nada mais além dos aspectos lânguidos do quotidiano, dificilmente são de entender.
Há quem tenha uma certa ideia de agradecimento mas na realidade essa ideia é tão ténue, tão infíma que é quase como se não existisse.
Apagam-se a si mesmas ou serão demasiado tímidas?
Encontrarão um prazer especial em ser assim, em esconderem-se duma palavra a dizer ou será porque se encontram desamparadas?
A sua luz é imperceptível, de tão fraca. Ficam aquém, muito aquém do alumiar duma lamparina.
Devem  ser atravessados(as) por cóleras íntimas nas suas vidas roídas.
O sentimento de ingratidão ultrapassa a minha compreensão, confesso.

BOM DIA ROLA-DO-MAR

Identificação

Límicola pequena, rechonchuda, de patas curtas e alaranjadas,
e com um padrão escamado, peito e barriga brancos. Possui
um babete preto bastante característico. A sua plumagem na
Primavera altera-se, passando a ostentar tonalidades
laranja-amareladas no dorso, bastante características.

Abundância e calendário

Invernante e migradora de passagem, pode no entanto ser
encontrada em todos os meses do ano.
A rola-do-mar é uma espécie comum no litoral português e é
facilmente encontrada em zonas com rochas expostas, onde é
localmente comum. Ocorre também nos principais estuários
dos rios portugueses, podendo ser vista em salinas ou zonas de
vasa.

terça-feira, 29 de abril de 2014

BOM DIA, MARIQUITA- DE- MASCARILHA

Identificação

Os machos adultos apresentam uma máscara negras que se estende dos lados do pescoço através dos
olhos e na testa, que estão cercados acima com branco ou cinza. As fêmeas são semelhantes na
aparência, mas apresentam as partes inferiores mais pálidas e nao têm a máscara negra. Os imaturos
assemelham-se às fêmeas

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Novo acordo ortográfico na voz de Vasco Graça Moura


BOM DIA, MAÇARICO-MACULADO

Identificação

Este maçarico é muito semelhante ao maçarico-das-rochas, distinguindo-se desta última espécie pelas
patas amareladas, pela cauda relativamente mais curta e pela barra alar branca mais curta e restrita à parte
interior da asa.

domingo, 27 de abril de 2014

Fausto Bordalo Dias - "A Nau Catrineta"


INDIVIDUALISMO DE UMBIGO

A maioria dos jovens, dos nossos filhos, só pensa neles.
Tiveram tudo, demos-lhes tudo, nada lhes custou e hoje são gente caiada, azul, a olhar para o umbigo.
A compreensão de compreender é difícil encontrar, de uma forma geral.
Conheço jovens fantásticos, em especial os de aldeia, aquele que alguns da cidade costumam chamar de botas de elástico e atrasados, embora haja jovens citadinos fabulosos.
Tenho amigas que estão sós com os maridos doentes, os filhos aparecem sempre de visita.
A questão que coloco é: o que lhes ensinamos?
Não vou dizer mal e muito menos deitar abaixo a juventude actual, o que estou a dizer é que nós, enquanto pais e enquanto sociedade, que nós a nossa geração, errou. Errou na educação, fundamentalmente.
Espero confiante a evolução natural da espécie humana até que um dia percebam que amanhã são eles os velhos, aqueles que precisarão.
Faz multa falta a cultura, fazem muita falta os ideais. Há muita gente, gente demais a ficar satisfeita por respirar e sobreviver e ficam felizes sem o Saber.
Saber faz comichões.
Antes vivíamos de açaime e queríamos ser livres, agora há gente que faz tudo para o não ser. Talvez andemos todos a ver as coisas ao contrário, como se tivéssemos a cabeça no lugar dos pés

BOM DIA, PARDELA -PRETA

Identificação

Ave marinha semelhante às restantes pardelas na forma, distinguindo-se pelo padrão uniformemente
castanho-escuro, apenas com manchas brancas largas na parte inferior das asas. É de maiores
dimensões que a
pardela-balear, embora mais pequena que uma cagarra, plana sobre as ondas com
imensa facilidade, com muito poucos batimentos de asas.



Abundância e calendário

Podem ocorrer alguns picos de passagem entre final de Agosto e Outubro, mas no geral trata-se uma
espécie rara e pouco frequentemente observável a partir da costa. Em viagens pelágicas, a sua observação
durante a passagem migratória ocorre mais frequentemente que a partir de terra, ocorrendo normalmente
em pequenos números. Apenas alguns indivíduos permanecem ao largo da costa portuguesa fora do
período mencionado.






sábado, 26 de abril de 2014

París - "La Boheme" (Charles Aznavour)


COMO SE RESOLVEM OS DIAS?

Levanto-me e se não tiver um compromisso urgente, penso: o que vou fazer?
Sim, a pesada mesa de carvalho que é preciso mudar de sítio, mas como? Quantas pessoas são precisas?
Há coisas que não dependem só de mim e reflito sobre esta questão.
Por muita minuciosa que se seja, por muito trabalho que dê à inteligência e à vontade, há coisas que apenas o colectivo resolve.
Precisamos sempre dos outros, mesmo os que são muito práticos.
Sendo assim é fácil perceber que somos apenas uma peça da engrenagem.
Terminarei este pensamento com rapidez para voltar a alguns outros que se vão cruzando.
Por vezes penso nessas frases que os ricaços produzem e na estupidez das suas ideias e sorrio, vindo-me à memória aquela outra frase que ouvia na Igreja em pequenina "bem aventurados os pobres de espírito que será deles o reino dos céus". Entendi sempre isto à letra e continuo com a ideia dos ricaços, gosto desta palavra, vem da minha velha infância que se junta a outra "eles não sabem o que dizem, perdoai-lhes Senhor".
São pensamentos longínquos mas que rememoro, ligando-os a rostos de políticos e banqueiros.
Como se sentiriam indefesos se não tivessem quem para eles trabalhasse.
Quando os trabalhadores fazem greve, pretendem mostrar isso entre outras coisas, por isso não gostam das greves os ricaços.
O povo mais humilde também não compreende esta frase tão simples e ao mesmo tempo tão profunda "sozinhos não somos nada". Conhecem a expressão e por isso se viram para Deus, escusando-se a entender a verdadeira dimensão do que julgam conhecer.
O que seria de um banqueiro sem os depositantes e sem os trabalhadores para organizar esses depósitos? Nada. Não seria nada, no entanto os pobres continuam a pensar que o luxo dos ricos é o seu principal alimento.
Todos gostam de ser importantes e se possível não pensar muito, porque se o fizessem lembrariam apenas que gostam de esquecer a realidade.
Ao contrário do que Jean Jacques-Rousseau me ensinou em pequenina, aprendi que as pessoas, duma maneira geral, são maldosas e têm ambição de poder e onde há ambição de poder não há amor, como o prova a tragédia de Macbeth.
Um cheiro de cedro abre-me os pulmões, altura para ficar por aqui.

BOM DIA, MERGULHÃO DE PESCOÇO-CASTANHO

Identificação

Pequeno mergulhão, que em plumagem de Inverno se assemelha bastante ao mergulhão-de-pescoço-preto. Distingue-se principalmente pela maior extensão do branco nas faces, pelo
pico na parte posterior da coroa e pela extremidade clara do bico


PS: cai tanta água que hoje só me lembro de Vossas Senhorias :)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Uma casa portuguesa - Amália Rodrigues - PORQUE NÃO QUERO ESTA CASA PORTUGUESA MISERÁVEL, 25 DE ABRIL SEMPRE


QUISERAM VIR DAR UMA VOLTA




ACORDEI COM A SENSAÇÃO...

A sensação que ia ver uma arco-íris. Em vez disso, fez-se uma escuridão imensa e começou a chover.
A chover certinho e penso: já não atravesso as linhas para me deslocar aos acampamentos...
Penso como este tempo me penitencia ao mesmo tempo que me ajuda a procurar palavras e a meditar sobre a última finalidade das coisas.
E cá estou eu a meditar sobre Liberdade.
Sei o que é a liberdade conquistada, a que eu conquisto, aquela em que digo para mim própria: estou disposta a ser aquilo que quiserem quando e eu quiser. Estou disposta porque sou livre, conquistei essa liberdade.
Sempre gostei de esbofetear o poder autoritário e  sempre fui orgulhosa mais do que dizem desta minha conquista. Quando me diziam e ainda dizem, pensam mais do que dizem em boa verdade "mas tu fazes o que te apetece..."
A minha resposta é: não é o que me apetece, é apenas aquilo que conquistei.
A liberdade não nos é oferecida, ninguém dá liberdade a ninguém, tem que se batalhar por ela e cuidar do que se conquistou, fazer manutenção.
Para se ser livre não se pode ser medroso, mas deve-se conhecer o medo.
Tem que se definir muito bem o que é a liberdade e saber todas as consequências que ela guarda consigo. Se a tentasse comparar com alguma coisa, penso que seria com um jardim, porque também temos que tratar sempre do nosso jardim senão passa a ser um aglomerado de plantas com muitas ervas daninhas pelo meio.
Não devemos afastar-nos um minuto que seja da liberdade, o nosso dever é estar juntos sem excessos de proximidade.
Temos que estar sempre em guarda porque  nos podemos perder da liberdade, daquela que de nós faz parte.
As pessoas foram educadas para a dissimulação, aprendem a prescindir do pensamento e quanto mais poder de cargos tiverem menos liberdade têm efectivamente.
A hipocrisia é uma virtude muito apreciada por todos quantos odeiam pensar e a liberdade de pensar atribuem-na aos mais pobres e aos loucos, segundo eles os únicos que se podem dar ao luxo de ser honestos.
Ser livre é uma conquista e é necessário ser íntimo deste bem.
Esta intimidade ao contrário de ser banal, obriga-nos a uma sucessão de pequenas obras de execução em prole da manutenção desta conquista e nunca mas nunca nos deve apanhar distraídos.
Afinal o arco-íris não apareceu, em vez dele veio a minha reflexão sobre a liberdade que neste momento se fez anunciar vestida com um enorme ramalhete de cravos vermelhos.

BOM DIA, ÓGEA

À primeira vista, este pequeno falcão pode fazer lembrar um andorinhão gigante. O seu voo de caça mostra
bem a agilidade desta pequena ave de presa



Identificação

Pequeno falcão, de tons escuros, cauda longa e asas longas e muito pontiagudas. As partes superiores
das asas e do dorso são cor de ardósia, ao passo que as partes inferiores são claras. O peito é riscado e
no ventre tem uma mancha avermelhada que apenas é visível a pequena distância. A face é branca
apresentando um bigode preto que faz lembrar o padrão do
falcão-peregrino.



Abundância e calendário

A ógea é uma ave estival em Portugal, que pode ser vista desde
finais de Abril até Setembro ou Outubro. Distribui-se de norte a sul
do país, mas de uma forma geral é uma espécie pouco comum,
que ocorre em densidades baixas. Frequenta meios florestais, o
que dificulta a sua detecção e acentua a impressão de escassez.


quarta-feira, 23 de abril de 2014

António Zambujo - Nem As Paredes Confesso (S. Luis)


BOM DIA CUCO-RABILONGO

Para além do conhecido cuco-canoro, ocorre em Portugal um outro cuco, menos comum que o anterior mas
nem por isso menos espectacular: trata-se do cuco-rabilongo, uma espécie parasita, que põe os seus ovos
em ninhos de corvídeos, principalmente de
pega-rabuda, mas também de pega-azul, gaio e gralha-preta


Identificação

O cuco-rabilongo é relativamente grande. Distingue-se sobretudo
pelo contraste entre o castanho das partes superiores e o beige do
peito; pela cauda muito longa; pela pequena poupa; e,
naturalmente, pelas vocalizações dos adultos, uma sequencia de
"tchak-tchak-tchak-tchak", muito diferente do tradicional "
cu-cu" do
cuco-canoro.
Os juvenis caracterizam-se ainda pelas manchas arruivadas nas
asas.


Abundância e calendário

Este cuco ocorre de norte a sul do país mas é em geral uma
espécie pouco abundante. De uma forma geral, é mais frequente
na metade interior do território e mais comum no sul que no norte.
É uma espécie estival, com um calendário de migração bastante
precoce: os primeiros indivíduos chegam em Janeiro ou Fevereiro
e a maioria deverá chegar durante o mês de Março. Os juvenis
voadores são vistos sobretudo em Junho, após o que o
cuco-rabilongo abandona o nosso território.







terça-feira, 22 de abril de 2014

Cesare Pavese - Verrà la morte e avrà i tuoi occhi


25 DE ABRIL SEMPRE

O POVO É QUEM MAIS ORDENA

Faz 40 anos a democracia. É muito jovem ainda.
Não pode saber tudo e actuar sempre bem, é verdade. O regime autoritário/colonialista/fascista vigorou muito mais.
A Santa Aliança com os E.U. que faz que tudo seja considerado muito à esquerda mantém-se e bastante reforçada.
No tempo do Costa Gomes, os E.U. também o consideravam muito à esquerda.
Há agências de informações a informar sobre a nossa situação política os todos poderosos imperialistas E.U., os que mandam no Mundo e tudo o que saia um milímetro da direita já é por eles considerado preocupante, por isso todos vão à bênção ao "pai" E.U., desde o PR até ao simples secretariozito de estado, dizer o que andam a fazer.
Os americanos através dos seus embaixadores e agências não querem aparentar estar envolvidos no processo político interno português ou de outros, mas estão.
Os interesses norte-americanos em primeiro lugar, depois os dos países.
Os norte-americanos consideram desequilíbrio mental tudo o que é à esquerda.
O Departamento de Estado de Washington que trata dos interesses americanos questiona sempre se os governantes do país x ou y  interessam à América ou não e decidem da política nesse país, assim fizeram com Portugal em 1974, encorajando o investimento no turismo ou não, por exemplo. Portugal pertence à NATO e são estas as "regras" .
Se sairmos destas "regras" e fizermos uma revolução a sério 'invadem-nos'.
Em 1994, Fernando Reino, embaixador de Portugal em Madrid disse que os E.U. sugeriram à Espanha  invadir Portugal em 1974.
Somos esta Democracia porque os nossos governantes não têm orgulho nem coluna vertebral.
Estamos como estamos e devemos isso exclusivamente a quem nos tem governado.
O Mário Soares negociava com Carlucci para não ter um Não do Kissinger, do Runsfeld e do Gerald Ford e daí em diante foi sempre assim, para pior.
Os americanos, quando a situação dum país ligado à NATO, como é o nosso caso, muda, começam a dizer que a sua única e exclusiva  preocupação não é esse governo nem a sua política interna, mas antes o enfraquecimento da Nato, o costume, para não dizerem directamente que se imiscuem sempre nas políticas internas dos países.
O grande, o enorme problema nosso é não termos  governantes que defendam os nossos interesses, de serem uns cobardes e também de sermos pobres.
Porque é que os governantes portugueses continuam anti- comunistas primários.
Porque continuam a prestar contas de tempos a tempos aos E.U.
Porque é que os E.U receiam os comunistas se já não há União Soviética e a possibilidade do contágio comunista na Itália, na Espanha e na Grécia?
Tenho para mim, que se há gente estúpida que até parece inteligente, também há países muito, muito estúpidos.

BOM DIA, PAÍNHO DA MADEIRA OU ROQUINHO

Identificação

As duas espécies deste género são as maiores de entre o grupo dos painhos que ocorrem regularmente
nos mares de Portugal Continental. Tal como é salientado para os restantes painhos, a distinção entre
estas duas espécies envolve-se de um grau de dificuldade acrescido. Basicamente, a menor dimensão das
asas, a quase ausência de manchas pálidas na parte superior das mesmas, a cauda mais quadrada e a
maior largura da banda branca uropigial, estas são as características que permitem distinguir o roquinho do
painho-de-cauda-forcada. No entanto, é preciso ter em atenção que é bastante complicado de observá-las a
partir de terra, dado o diminuto tamanho destas espécies.


Abundância e calendário

O roquinho é raro junto a Portugal Continental. Existe uma pequena população reprodutora nos Farilhões
(perto da
Berlenga), sendo esta uma população de Inverno, pelo que a melhor época para a observação
desta espécie na zona se situa entre Novembro e Março.


Extremamente difícil de observar, esta é uma espécie oceânica que apenas esporadicamente se aproxima
de terra.

terça-feira, 15 de abril de 2014

BOM DIA TORCICOLO

Identificação

Pequena ave da família dos pica-paus. A plumagem castanha e cinzenta tem um aspecto críptico, tornando
esta ave difícil de detectar, especialmente quando pousada nos troncos das árvores. O canto característico
que o torcicolo emite na Primavera é o principal meio de detecção desta espécie.




Abundância e calendário

Pouco comum mas não raro, o torcicolo distribui-se de forma
esparsa pelo território nacional. Localmente, como em certas
zonas do nordeste, pode ser bastante comum. É uma ave
principalmente estival, que está presente entre nós de Abril a
Outubro, embora ocasionalmente se observe no Inverno, no sul do
país. Mas é nos meses de Abril e Maio que o torcicolo é mais fácil
de observar, devido à maior actividade vocal nessa época do ano.






segunda-feira, 14 de abril de 2014

Como Dizia O Poeta - Toquinho, Vinícius e Marília Medalha


PÁSCOAS

Tantas as passadas, algumas no Algarve outras em passeio.
Agora a minha semana não tem uma segunda-feira como um dia diferente.
Nesses tempos esperava tanto dos outros como de mim, agora só espero de mim, dentro de mim.
Depois veio a Sociedade das Sombras.
Nunca fiz limpezas de Páscoa(s).
Houve uma Páscoa, aquela, a Principal, em que nasceu a minha filha. Foi uma Páscoa maravilhosa.
Houve outra Páscoa maravilhosa que foi a do 25 de Abril e 1º de Maio de 1974, a Páscoa em que se extinguiu a resignação e em que todos eram amigos de todos.
A Páscoa 2014 é a da vitória dos fascistas, dos que fugiram que nem ratos no 25 de Abril, acompanhados de seus filhos e netos, sobre o povo trabalhador e tudo voltou ao princípio, vingaram-se.
Uma nova Páscoa  precisa-se.

BM DIA, GROUS

Identificação

Grande ave, do tamanho de uma cegonha-branca.
Caracteriza-se pela plumagem cinzenta, destacando-se o
enorme tufo de penas sobre a cauda. O padrão da cabeça é
preto, branco e com uma pequena mancha vermelha. Em voo
destaca-se o enorme pescoço, que é mantido esticado



Abundância e calendário

O grou é uma espécie invernante, que pode ser observada
principalmente entre Novembro e Fevereiro. Com uma
população invernante de cerca de 2000 indivíduos, não pode ser
considerado raro, contudo a sua distribuição muito fragmentada
e localizada faz com que a sua abundância varie fortemente:
localmente pode ser comum e chegam a ser vistos bandos com
muitas centenas de indivíduos, mas na maior parte do país é
muito raro.

ABRIL





domingo, 13 de abril de 2014

DISCURSO

Discurso esta tarde, na entrega do Prémio APE, Fundação Gulbenkian:

Boa tarde a todos,

Quero agradecer em primeiro lugar à equipa da tinta-da-china, minha casa, Bárbara Bulhosa, Inês Hugon, Vera Tavares, Madalena Alfaia, Rute Dias, Pedro Serpa.

Agradeço em seguida ao júri que atribuiu este prémio: Manuel Gusmão, Luís Mourão, Clara Rocha, Ana Marques Gastão e Isabel Cristina Rodrigues, a quem co...ube hoje ser porta-voz, com uma apresentação cuidada e surpreendente de “E a Noite Roda”. Não conheço pessoalmente a maioria dos jurados. Ter-me ei cruzado um par de vezes com Ana Marques Gastão e entrevistei há uns 13 anos Manuel Gusmão. Sendo uma honra a decisão deste júri, a presença nele de um poeta que tanto admiro, e trago comigo, é uma alegria. Isto, para usar a palavra que mais associo a Manuel Gusmão, num daqueles versos que se tornam língua geral, lugar comum a todos, contra todas as evidências em contrário.

Não chega dizer que foi uma surpresa a atribuição do prémio. Começou por ser uma grande surpresa a nomeação, que aconteceu pouco depois de outra: para o prémio do PEN. “E a Noite Roda” não tinha sido dos meus livros mais bem recebidos pela crítica, nem mais vendidos. Passara um ano e meio sobre a publicação, já nem se encontrava nas livrarias. Eu estava ocupada com a saída de um novo livro, “Vai Brasil”, e a organizar-me para retomar a escrita de um novo romance, situado no Rio de Janeiro. Se a nomeação para o PEN já me espantara, a do APE pareceu-me quase inverosímil. Para mais, o naipe de finalistas era não menos que excelente: um dos grandes prosadores da língua portuguesa, Mário de Carvalho; dois autores próximos da minha geração que sigo com respeito, Patrícia Portela e Afonso Cruz; e um poeta, dramaturgo e novelista que é dos meus mais queridos amigos, Jaime Rocha. Fico muito contente por ele estar aqui hoje. Fosse eu a decidir, o prémio seria dele, e da sua novela “A Rapariga Sem Carne”. Foi isso que senti ao saber da nomeação.
Semanas depois, estava eu sentada no carro da minha editora, Bárbara Bulhosa, quando me ligam da APE a anunciar a decisão do júri. Pânico, seguido de alerta: está a brincar comigo, certo?, perguntei ao cavalheiro do outro lado da linha, que se apresentara como José Correia Tavares, presidente do júri sem direito a voto. Ele assegurava que não e dava detalhes, que o júri se reunira três vezes, que a decisão fora por unanimidade, e por aí fora até que eu já não estava a ouvir porque só pensava que aquilo não podia ser a sério. E nos momentos em que acreditava que era, voltava o pânico: aquilo não me podia estar a acontecer. Como assim o prémio APE para este romance: um primeiro romance e este romance?
Antes que eu começasse a explicar ao interlocutor que estava enganado, a Bárbara decidiu intervir, dando-me ordens em surdina: que aceitasse, que agradecesse, muito obrigada. E subimos para um consultório, que era ao que íamos, acabando com a paz da recepcionista, porta-dentro, porta-fora, mal começaram os telefonemas.

Recentemente, a tinta-da-china fez uma edição de bolso de “E a Noite Roda”, de que gosto mais do que a primeira, como objecto. Gosto do tamanho, dos cantos redondos, da capa mole. É maneira, como dizem os brasileiros. Mas nem a folheei, custa-me olhar para o texto. Na tinta-da-china, a Inês Hugon e a Madalena Alfaia, que com uma paciência oriental asseguram as revisões, sabem como por mim ficava a cortar provas até à décima, porque mal entrego o livro já não o posso ver, tudo me parece mal, as bengalas, os tiques, o excesso.
Sendo a minha primeira experiência de romance, sinto essa distância de hoje em relação ao texto de “E a Noite Roda” mais do que em relação a qualquer outro livro meu, talvez porque nos outros a linguagem esteja mais estabilizada num território com regras.

O que me interessa no romance não é o género, mas a ausência de género. Não é poesia e pode ser poesia, não é reportagem e pode ser reportagem, não é viagem e pode ser viagem, não é teatro, cinema, música, arquitectura, agricultura, cosmogonia, correspondência, folhetim, banda desenhada, arquivo, e pode ser tudo isso. Um romance é a liberdade em extensão. Um território de experimentação com um fôlego considerável, que ninguém conseguiu ainda circunscrever além disto: prosa, criativa, de extensão longa, escrita para ser lida.
Uso a palavra romance, não uso a palavra ficção. Tenho dito e repetido — porque a um jornalista que escreva romances pergunta-se isso continuamente — que o que distingue o jornalismo e a literatura não é um ser real e a outra ficção, mas sim um ser um campo sujeito a regras estabelecidas e a outra, idealmente, inventar as suas próprias regras.
Por isso, interessa-me pouco o debate sobre o que neste romance ainda é jornalismo ou já é romance, ainda é real ou já é ficção, como se houvesse uma espécie de grau de pureza, que é sempre o princípio de um pensamento autoritário. Ninguém ainda se tornou dono do que é, ou não chega a ser, um romance, e é por isso que continua a ser interessante fazer romances, e que cada um faça o seu. Na verdade, neste campo, quanto à criação, não há outro lema em que me reconheça tanto: que cada um faça a sua coisa. Faça o que tem a fazer, contra tudo, contra todos: crime e castigo, doença e cura, transmigração da alma ou biografia derradeira.
O que me levou a fazer este romance? O que o distinguia dos livros anteriores? A possibilidade de um território sem regras para o qual eu transportasse vários materiais biográficos: amorosos, políticos, sociais, profissionais. O texto agora entregue a si mesmo, inventando as suas regras, é que estabeleceria a transição para o romance. Um não-género fazendo uso de vários géneros, incluindo a reportagem.
Jerusalém era uma coisa minha, Gaza era uma coisa minha, a experiência de cobrir o conflito israelo-palestiniano era uma coisa minha, eu queria transportá-los para o campo literário porque me interessa transportar para o campo literário tudo o que a experiência tenha tornado coisa minha. Dito de outra forma, aquilo que é a identidade em movimento.
Não é diferente do que fará um médico que escreva romances (ou um arquitecto, um historiador de arte, um diplomata, um advogado, um professor, um burocrata), sempre com menos explicações do que as que são cobradas a um jornalista. Nunca começarei a entender porque se estranha que alguém cujo trabalho é escrever decida escrever outras coisas.
“E a Noite Roda” não é sequer o melhor romance que eu podia ter escrito entre 2010 e 2011, os meus últimos meses em Portugal e o meu primeiro ano no Brasil. Não foi, certamente, o que muita gente achava que eu devia ter feito. É apenas o que eu precisava de fazer naquele momento para sair do ponto em que estava. O importante não será fazer o melhor que sabemos, mas o que precisamos de fazer, mesmo não sabendo, para sair do nosso limite. Aquilo que nos desloca se estamos fixos, que nos fixa se estamos deslocados.

Recentemente, numa entrevista, perguntaram-me quem gostaria eu que escrevesse a minha biografia. É uma daquelas perguntas a que só podemos responder desabridamente. Respondi que esperava que as personagens tratassem do assunto e não sobrasse nada. Penso nisso como uma espécie de teia de Penélope em que o autor se vai construindo nos livros ao mesmo tempo que desaparece na vida.

Tudo o que faço é biografia, idealmente cada vez mais real, independentemente de as personagens tomarem as minhas circunstâncias, como acontece em “E a Noite Roda”, ou não tomarem de todo, como acontece no romance que estou a escrever. Ninguém pergunta a um poeta se o que está no poema é real ou ficção. Aquilo é o que é, é dentro da cabeça dele.

O que cada um vive é seu património inalienável, seu único real património, e é seu direito fazer disso o que quiser, na intersecção com os outros e o mundo, tendo como único limite, para mim, não devassar o património de um outro, de forma reconhecível publicamente.

De resto, o criador não deve conhecer limites e quanto mais escuro, mais difícil e mais indevassado melhor. Aquilo que não se pode escrever é o que há a escrever, é o que falta. Não estamos cá para nos repetirmos nem para nos pouparmos. Pouparmo-nos para quê? Não acredito na vida além da vida.

Sempre quis escrever, desde que me lembro. Os livros tinham todas as vidas. Passei a adolescência a ler romances. Lia os portugueses, os franceses, os ingleses, os russos, os alemães, mais tarde os americanos, os japoneseses, os levantinos. O mundo não acabava, eu lia e queria sair pelo mundo. O jornalismo era a possibilidade disso, uma bela possibilidade quando eu tinha 17 anos e as rádios piratas explodiam, ainda nem havia TSF, nem Público, nem telemóveis, nem computadores pessoais. A minha geração viveu essa promessa de aventura no trabalho, que hoje parece arqueológica.

Só fui ler poesia compulsivamente depois dos 20. E a poesia, como a rádio, mudou, moldou, a minha relação com a escrita. Questão de som, de ritmo, mas também de montagem, de elipse. Não que escrever poemas fosse a minha coisa, tentei, não era. Ler poemas, sim, seria parte do que eu tinha para escrever.

Sempre achei que seria uma questão de tempo começar a fazer livros, e acabei por publicar o primeiro aos 39 anos. Como seria uma questão de tempo o romance chegar. Não há abandono de uma coisa por outra, não deixei de ter na cabeça livros de viagem, reportagem ou crónica, entre os vários romances que quero fazer. É o jardim dos caminhos que se bifurcam, para citar um daqueles autores que sempre admirei à distância, porque Borges é de outra galáxia, de um mundo, digamos, não-carnal. Sou mais do lado Moby Dick, até ao trespassar da última carne, a do caçador. Moby Dick agora sem género, ou transgénero. Moby Dick-Orlando, homem e mulher, humano e animal, deus e demónio. Um Moby Dick antropofágico, depois de ter morado no Brasil.
Não me interessa a fuga, interessa-me o confronto, o embate, o arpão no corpo que sempre fugirá. Chamemos-lhe Moby Dick — ou amor — ou real. A vida verdadeira que é estar aqui a desejar além. A pulsão da guerra, qualquer espécie de guerra, é a sobrevida: vida conquistada à morte.

Nenhuma arte é panfleto, se é panfleto não era arte. Ao mesmo tempo, toda a arte é política, no sentido em que não existe sem um outro, que pode ser apenas um. O determinante não é que sejam muitos mas que exista uma relação. Que algo actue entre um e outro.

Este livro é político, como todos os que fiz, como tudo o que faço, pelo simples facto de me pôr em relação com outros. Estar aqui hoje é político, falar em público é político. Onde há um colectivo há política.

O meu feitio seria mais não estar, mas encaro isto como parte de um trabalho que aceitei fazer desde que comecei a publicar, por acreditar que podia, devia, contribuir para os livros chegarem a mais alguém, respeitando eu tanto quem se recusa a fazer isso como quem o faz, por razões que são de cada um e de mais ninguém.

A minha opção é política, digamos. Uma forma de participação, de agir além da militância partidária. A militância não é a minha coisa, ainda bem que é a coisa de pessoas que admiro, entre os quais conto amigos. A minha coisa é escrever, falar dos livros, conseguir fazer disso uma acção.

Estou a voltar de três anos e meio a morar no Brasil. Um dia, a meio dessa estadia brasileira, pediram-me que gravasse um excerto de um conto de Clarice Lispector para o site do Instituto Moreira Salles. Era um conto em que a protagonista era portuguesa, daí o pedido, que a voz coincidisse com o sotaque. Como detestei aquela portuguesa do conto da Clarice. Tudo na boca dela era inho e ito. Era o Portugal dos Pequenitos com a nostalgia das grandezas. Aquele que diz “cá vamos andando com a cabeça entre as orelhas” mas sofre de ressentimento. O Portugal que durante 40 anos Salazar achou que era seu, pobre mas honesto-limpo-obediante, como agora o governo no poder quer Portugal, porque acha que Portugal é seu.

Estou a voltar a Portugal 40 anos depois do 25 de Abril, do fim da guerra infame, do ridículo império. Já é mau um governo achar que o país é seu, quanto mais que os países dos outros são seus. Todos os impérios são ridículos na medida em que a ilusão de dominar outro é sempre ridícula, antes de se tornar progressivamente criminosa.

Entre as razões porque quis morar no Brasil houve isso: querer experimentar a herança do colonialismo português depois de ter passado tantos anos a cobrir as heranças do colonialismo dos outros, otomanos, ingleses, franceses, espanhóis ou russos.

E volto para morar no Alentejo, com a alegria de daqui a nada serem os 40 anos da mais bela revolução do meu século XX, e do Alentejo ter sido uma espécie de terra em transe dessa revolução, impossível como todas.

Este prémio é tradicionalmente entregue pelo Presidente da República, cargo agora ocupado por um político, Cavaco Silva, que há 30 anos representa tudo o que associo mais ao salazarismo do que ao 25 de Abril, a começar por essa vil tristeza dos obedientes que dentro de si recalcam um império perdido.

E fogem ao cara-cara, mantêm-se pela calada. Nada estranho, pois, que este presidente se faça representar na entrega de um prémio literário. Este mundo não é do seu reino. Estamos no mesmo país, mas o meu país não é o seu país. No país que tenho na cabeça não se anda com a cabeça entre as orelhas, “e cá vamos indo, se deus quiser”.

Não sou crente, portanto acho que depende de nós mais do que irmos indo, sempre acima das nossas possibilidades para o tecto ficar mais alto em vez de mais baixo, Para claustrofobia já nos basta estarmos vivos, sermos seres para a morte, que somos, que somos.

Partimos então do zero, sabendo que chegaremos a zero, e pelo meio tudo é ganho porque só a perda é certa.

O meu país não é do orgulhosamente só. Não sei o que seja amar a pátria. Sei que amar Portugal é voltar do mundo e descer ao Alentejo, com o prazer de poder estar ali porque se quer. Amar Portugal é estar em Portugal porque se quer. Poder estar em Portugal apesar de o governo nos mandar embora. Contrariar quem nos manda embora como se fosse senhor da casa.

Eu gostava de dizer ao actual Presidente da República, aqui representado hoje, que este país não é seu, nem do governo do seu partido. É do arquitecto Álvaro Siza, do cientista Sobrinho Simões, do ensaísta Eugénio Lisboa, de todas as vozes que me foram chegando, ao longo destes anos no Brasil, dando conta do pesadelo que o governo de Portugal se tornou: Siza dizendo que há a sensação de viver de novo em ditadura, Sobrinho Simões dizendo que este governo rebentou com tudo o que fora construído na investigação, Eugénio Lisboa, aos 82 anos, falando da “total anestesia das antenas sociais ou simplesmente humanas, que caracterizam aqueles grandes políticos e estadistas que a História não confina a míseras notas de pé de página”.
Este país é dos bolseiros da FCT que viram tudo interrompido; dos milhões de desempregados ou trabalhadores precários; dos novos emigrantes que vi chegarem ao Brasil, a mais bem formada geração de sempre, para darem tudo a outro país; dos muitos leitores que me foram escrevendo nestes três anos e meio de Brasil a perguntar que conselhos podia eu dar ao filho, à filha, ao amigo, que pensavam emigrar.
Eu estava no Brasil, para onde ninguém me tinha mandado, quando um membro do seu governo disse aquela coisa escandalosa, pois que os professores emigrassem. Ir para o mundo por nossa vontade é tão essencial como não ir para o mundo porque não temos alternativa.
Este país é de todos esses, os que partem porque querem, os que partem porque aqui se sentem a morrer, e levam um país melhor com eles, forte, bonito, inventivo. Conheci-os, estão lá no Rio de Janeiro, a fazerem mais pela imagem de Portugal, mais pela relação Portugal-Brasil, do que qualquer discurso oco dos políticos que neste momento nos governam. Contra o cliché do português, o português do inho e do ito, o Portugal do apoucamento. Estão lá, revirando a história do avesso, contra todo o mal que ela deixou, desde a colonização, da escravatura.
Este país é do Changuito, que em 2008 fundou uma livraria de poesia em Lisboa, e depois a levou para o Rio de Janeiro sem qualquer ajuda pública, e acartou 7000 livros, uma tonelada, para um 11º andar, que era o que dava para pagar de aluguer, e depois os acartou de volta para casa, por tudo ter ficado demasiado caro. Este país é dele, que nunca se sentaria na mesma sala que o actual presidente da República.
E é de quem faz arte apesar do mercado, de quem luta para que haja cinema, de quem não cruzou os braços quando o governo no poder estava a acabar com o cinema em Portugal. Eu ouvi realizadores e produtores portugueses numa conferência de imprensa no Festival do Rio de Janeiro contarem aos jornalistas presentes como 2012 ia ser o ano sem cinema em Portugal. Eu fui vendo, à distância, autores, escritores, artistas sem dinheiro para pagarem dividas à segurança social, luz, água, renda de casa. E tanta gente esquecida. E ainda assim, de cada vez que eu chegava, Lisboa parecia-me pujante, as pessoas juntavam-se, inventavam, aos altos e baixos.
Não devo nada ao governo português no poder. Mas devo muito aos poetas, aos agricultores, ao Rui Horta que levou o mundo para Montemor-o-Novo, à Bárbara Bulhosa que fez a editora em que todos nós, seus autores, queremos estar, em cumplicidade e entrega, num mercado cada vez mais hostil, com margens canibais.
Os actuais governantes podem achar que o trabalho deles não é ouvir isto, mas o trabalho deles não é outro se não ouvir isto. Foi para ouvir isto, o que as pessoas têm a dizer, que foram eleitos, embora não por mim. Cargo público não é prémio, é compromisso.
Portugal talvez não viva 100 anos, talvez o planeta não viva 100 anos, tudo corre para acabar, sabemos, Mas enquanto isso estamos vivos, não somos sobreviventes.

Este romance também é sobre Gaza. Quando me falam no terrorismo palestiniano confundindo tudo, Al Qaeda e Resistência pela nossa casa, pela terra dos nossos antepassados, pelo direito a estarmos vivos, eu pergunto o que faria se tivesse filhos e vivesse em 40 km por seis a dez de largura, e antes de mim os meus antecedentes, e depois mim os meus filhos, sem fim à vista. Partilhei com os meus amigos em Gaza bombardeamentos, faltas de água, de luz, de provisões, os pesadelos das meninas à noite. Depois de eu partir a vida deles continuou. E continua enquanto aqui estamos. Mais um dia roubado à morte.

Ary dos Santos - As Portas que Abril Abriu


BOM DIA PATO-PRETO MACHO

Identificação

Os machos desta espécie são completamente negros, com o bico amarelado e umas pequenas
protuberâncias na base do mesmo. As fêmeas, apesar de aparentarem ser escuras ao longe, são de um
tom mais acastanhado com as faces pálidas. No entanto, a combinação da cor muito escura, da forma em
voo em tudo idêntica aos outros patos e do habitat das observações (ambiente marinho) facilita a
identificação desta espécie.
Os bandos são facilmente visíveis a partir de terra.




Abundância e calendário


ste pato marinho é comum na metade norte da faixa costeira, sendo menos abundante na metade sul.
Está sobretudo associado a águas de baixa profundidade, em frente a praias arenosas. Pode formar
bandos de dimensões apreciáveis, em torno das centenas de aves, junto à rebentação. Como espécie
invernante, ocorre entre Setembro e Março, sendo mais abundante durante os meses de Inverno.

sábado, 12 de abril de 2014

Dalida & Alain Delon - Paroles, paroles


BOM DIA, ROLIEIRO

Identificação

Os adultos são fáceis de identificar: de tamanho um pouco maior que um pombo, têm a cabeça e o corpo
azuis, sendo o dorso alaranjado. Quando em voo, as penas de voo violetas mostram a totalidade do colorido
desta ave. Os juvenis apresentam as cores mais esbatidas


Abundância e calendário

O rolieiro é uma espécie de zonas abertas sem árvores ou com
árvores dispersas. Apesar da existência de habitat favorável, a sua
área de distribuição parece ter vindo a sofrer uma contracção nos
últimos anos, e por isso é actualmente uma espécie rara em
Portugal, que se distribui apenas por certas zonas do interior
alentejano e da Beira Baixa. Está presente nas zonas de criação
sobretudo de Abril a Agosto. No final do Verão ocorre com alguma
frequência em passagem migratória, sendo então observado em
zonas onde não nidifica, particularmente junto à costa

quinta-feira, 10 de abril de 2014

NÃO ME APETECE FALAR DE POLÍTICA

Há muita gente a falar de política.
A minha raiva nunca se vai sumir enquanto houver mentira e injustiça, nunca vai desaparecer nessas circunstâncias, não se trata dum caso passado em julgado.
As nossas almas têm muito de instável e contraditório. Interrogo-me umas vezes, condeno outras. Todos queremos bodes expiatórios. Somos cidadãs e cidadãos e não exercemos este privilégio.
Eu não quero a Pax Romana que é a paz podre dos romanos, dos acomodados, dos submissos, a paz podre. Eu quero é ver alegria e felicidade, é ver pessoas que se sintam  bem com a vida, que tenham pão, habitação e educação, o necessário para viverem.
Não me interessa nada a estratégia do negativismo, resistência ou agressividade, mas não quero ver o meu país sem liberdade e a formar espíritos submissos, a formar gente para a escravatura.
Estes novos/velhos tiranos, os tiranos do dinheiro, dos mercados são terrivelmente agressivos e negativos, forçam qualquer pessoa honesta e honrada a exercitar os seus códigos.
Estamos rodeados de novos-ricos por todo o lado, os novos ricos da política e da sociedade, sem maneiras, do salve-se quem puder e antes que acabem com eles, acabam connosco.
É um fartar vilanagem como nunca se viu e os de baixo, os que não estão no poder copiam-nos e andam todos esburacados de insatisfações.
E quem não pode arreia com este mercado livre.
Parece que todos armazenam ódios.

BOM DIA, Tagarela-europeia ou Picoteiro

IdentificaçãoEsta ave singular, oriunda do norte da Europa, tem uma plumagem bege, com manchas pretas na cabeça e
manchas amarelas, brancas e vermelhas nas asas; a cauda tem a extremidade amarela e na cabeça
apresenta uma pequena poupa.





Distribui-se pelas latitudes boreais da Europa e da Ásia, a norte do paralelo 60 ºN e pode invernar na Europa
central, mas os seus números são muito variáveis de ano para ano. Em certos anos, registam-se
movimentos irruptivos, podendo entao a espécie aparecer fora da sua área normal de ocorrência, em
números anormalmente elevados.

No Inverno de 1965-66 houve uma grande irrupção em toda a Europa, que atingiu diversos pontos da
Península Iberica. Nesse ano, a espécie foi registada em Portugal:

  • final de 1965 ou Janeiro de 1966, 1 ind. abatido perto de Anadia.

Não se conhecem registos mais recentes desta espécie em Portugal
 
 
 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Vieste - Lenine ( legendado )


HOJE

O meu pensamento foi a banhos. 
Sinto-me num passeio wagneriano.
Quisera ser feliz e salvar-me do estrangulamento da vida, mas hoje tenho uma enorme incompletude.
E continuo com as minhas meditações a preto e branco.
Deve ser bom identificar verdades universais, desconfio que ainda não identifiquei nenhuma.
A sineta dos meus pensamentos não está no lugar do costume, talvez por isso não consiga flutuar muito acima do solo, como aquela névoa que ali vejo em frente.

terça-feira, 8 de abril de 2014

BOM DIA PAPA-FIGOS MACHO

Identificação

O macho adulto é fácil de identificar: cabeça e dorso amarelos, asas pretas e bico vermelho. A fêmea é mais
esverdeada e, quando em voo, pode confundir-se com o pica-pau-verde. Apesar de raramente pousar à
vista, o papa-figos faz ouvir com frequência o seu canto aflautado, sendo este muitas vezes o primeiro sinal
da sua presença. Deve, contudo, acautelar-se a possibilidade de se tratar de um
estorninho-preto, que imita
bem o canto do papa-figos.


Abundância e calendário

O papa-figos distribui-se de norte a sul e pode ser considerado
comum na metade interior do território e pouco comum na metade
ocidental.
É um visitante estival que chega bastante tarde ao nosso país: a
maioria dos machos faz-se ouvir a partir de finais de Abril ou início
de Maio e canta até ao princípio de Julho. Parte para África em
Agosto, sendo já raro a partir de Setembro

sons da noite


BOM DIA, SOMBRIA

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS
A Sombria (Emberiza hortulana) é uma ave de dimensão média, apresentando um bico relativamente comprido. As patas e o bico são rosa-amarelados, mas o cúlmen direito é mais escuro. O anel orbital branco-amarelado é visível em todas as plumagens. O manto é castanho-acinzentado sendo muito riscado de cor escura e a listra malar escura sobre fundo amarelo-claro também são visíveis em praticamente todas as plumagens. Os flancos e o abdómen são de um castanho-alaranjado com excepção dos juvenis, sendo mais intensos nos machos em plumagem nupcial. A cabeça e a nuca são geralmente de uma mistura de cinzento com verde-azeitona e uropígio castanho acinzentado com riscas.
O chamamento é um “sli-e” quase dissilábico e metálico, mas também um “chu” curto e ligeiramente irregular. Ambos chamamentos são emitidos alternadamente com pequenas pausas. Emite outros chamamentos. O canto é constituído por um verso simples, num tom ressoante típico, mas com um registo repetido que muda a meio; pode soar como um eco do género “srü-srü-srü-srü-dru-dru-dru” sendo que as notas de eco são normalmente graves. Nas áreas montanhosas do Sul da Europa apresenta um canto ressoante na primeira parte, estando a segunda limitada a uma nota final prolongada e ligeiramente decrescente-“ srü-srü-srü-srü-chuuüy”.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

ANNA RF - WEEPING EYES


OS ESCRAVOS PERDEM TUDO

Os escravos perdem tudo quando perdem as suas correntes até mesmo a alegria de se libertarem delas li algures e verifiquei isso quando ia às prisões, em trabalho.
Durante a reclusão, toda a gente quer sair, mas dias antes de sair e quando saem, a liberdade torna-se um fardo, quase insuportável de aguentar.
A liberdade é algo muito difícil de encarar.
Sermos livres, implica não sonhar com a liberdade, implica também o enfrentarmos os nossos fantasmas.
O momento do acordar, de enfrentar, é um momento bastante difícil.
Bem mais fácil é termos inimigos externos e lutarmos contra eles. Pessoas há que na ausência dum inimigo externo se viram contra si próprias.
O mundo está cheio de gente a saltitar à volta das suas fogueiras pessoais.
Toda a gente quer ser singular, não o sendo alardea-se a singularidade conhecendo-se o contrário.
A pergunta é: Que faço com a minha liberdade, para não fazer aquela outra, clássica, a liberdade existe?
Nós não temos com quem falar, independentemente de muitos falarem muito e com muita gente.
O futuro deixou de existir, a liberdade também, poder-se-ia dizer muito simplesmente.
Mas a minha resposta é: a liberdade deixa de existir quando o sonho que a sustenta acaba e recomeça quando voltamos a sonhar com ela.

BOM DIA, SEIXOEIRA

Identificação

Grande pilrito, de aspecto rechonchudo e compacto. Caracteriza-se pelo bico fino e pelas patas
esverdeadas. A plumagem de Inverno é essencialmente acinzentada, mas na Primavera os adultos
adquirem um tom cor-de-laranja, semelhante ao do
pilrito-de-bico-comprido



Abundância e calendário

A seixoeira é pouco comum em Portugal e muitas observações dizem respeito a indivíduos isolados ou a
bandos de pequena dimensão, muitas vezes em associação com outros pilritos. A espécie ocorre no nosso
país como migradora de passagem e invernante e é geralmente pouco numerosa, mas em certos anos
podem ser vistos bandos com muitas centenas, especialmente na passagem migratória primaveril, com as
maiores concentrações a registarem-se na primeira quinzena de Maio. Os habitats de ocorrência desta
espécie são os estuários (nas passagens) e as praias rochosas (no Inverno).


domingo, 6 de abril de 2014

boa noite


EXPLORADORES DO FACEBOOK - as vantagens

São engraçados os 'posts' que se colocam no sítio do facebook.
A maioria copia e cola, porque nada mais consegue fazer, mas  também torna seus esses 'posts', sabendo que são de todos.
Não os consegue reescrever porque seria transformar, mas de qualquer modo, orienta-os em múltiplas direcções e isso já é bom.
Encontrar o seu próprio espaço na rede não é fácil: 1º tateia-se, depois segundo o objectivo que se tem e há que defini-lo previamente, orientamo-nos para ele.
Uns pretendem publicitar produtos, sejam eles um móvel, fotografia, poesia ou outros.
Outros querem passar o tempo.
Outros querem deixar pegada sobre o que pensam e fazer pedagogia outros ainda, querem divulgar a sua política, o seu partido.
Há de tudo, o que é preciso é encontrarmos os que mais nos interessam, para se não perder demasiado tempo com o que não tem interesse para nós.
Há que separar o trigo do joio, nem sempre tarefa fácil, devido ao lixo que se encontra.
Não raro, fico com a sensação que não passa dum sítio com enormes cavidades cranianas e os indivíduos que por lá surgem não passam de cidadãos inventados porque cansados(as) da atonia das suas existências, necessitam contar vidas mais interessantes num diário de notas raras, mas quem é de dar e receber, acaba sempre por o fazer e plasmar-se mesmo nestes sítios, não com os beijinhos do costume nem com vocalizações absurdas, nem com falsificação de relatos mas com algum prestígio  que emprestam quando falam da vida, do quotidiano, da beleza de estar vivo.
Quanto mais autêntico se for, mesmo neste espaço, mais fácil é dar continuidade a este acto de "intimidade" que é o facebook.

BOM DIA, GUARDA-RIOS

IdentificaçãoInconfundível. Muitas vezes é detectado quando faz o seu voo rasante e directo. Quando
pousado, pode ser facilmente reconhecido pelo dorso e pelas asas azuis e pelo peito e ventre
cor-de-laranja. Pousa frequentemente em pequenos postes ou ramos secos, junto à água, a
partir de onde pratica a caça à espera.
Por ser uma ave tão colorida, é bem conhecida das populações, que por isso baptizaram esta
espécie com pelo menos vinte e cinco nomes diferentes. Eis alguns deles: chasco-de-rego,
espreita-marés, freirinha, juiz-do-rio, martinho-pescador, passa-rios, pica-peixe, piçorelho,
pisco-ribeiro, rei-do-mar


Abundância e calendário

Ocorre em Portugal durante todo o ano, mas a sua abundância varia fortemente de umas regiões para outras. É claramente mais
comum no litoral que no interior e mais comum em planície que em montanha, sendo raro acima dos 1000 metros. Nos grandes
estuários e lagoas costeiras parece ocorrer sobretudo fora da época de nidificação, estando presente sobretudo de Agosto a Abril.

sábado, 5 de abril de 2014

SÁBADO(S)

Podia falar dos sábados da minha vida que são dias diferentes dos outros, mas ainda estou a decidir se hei-de entrar uma hora nesses sábados passados.
De sábados que  moldam as minhas necessidades e de tempo as minhas limitações.
Houve sábados que me esforcei por afastar a tristeza, aquela.
Sábados mágicos e sábados que quebraram a monotonia da existência.
Sábados em que a esperança irrompe.
Sábados em que amamos, sábados que me impressionaram pelo facto de não me impressionarem nada.
Sábados com reacções desproporcionadas.
Pronto, e a mente volta a fluir e cai de borco três metros à frente.
Nova interrupção, ouço os pássaros a cantar e lá vou eu de máquina em punho "caçar/pescar" os meus amigos com asas, são o meu pólo magnético.
É meu passatempo preferido observar todos os seres que têm asas e patas e garras e penas, mas se estivesse junto ao mar seria atraída pelos seres com escamas e pele e pelas águas caudalosas.
Já voltei aqui, mas ainda continuo lá no sítio, olhando para eles, encontrando-me com a perícia de viver.
Como este texto estará uma salsaparrilha e me apetece rir até à lágrimas porque já estou com o pensamento numa coelreutéria, aquela árvore da chuva dourada que vi numa paragem em Lisboa no cruzamento da Rua Carlos Paredes com a Rua Helena Vaz da Silva e me afasto constantemente do que escrevo não poderei continuar, no entanto, direi apenas que os meus sábados são isto mesmo, enamoro-me de tudo que é belo, que está na natureza à minha espera e porque a vida é uma polca com pilhas de curta duração como alguém disse, fico assim ofçaide, a olhar, prestando atenção a uma coisa, desatendendo outra, prestando vassalagem a uma flor, a um pássaro, lendo um poema ou um romance, passeando ou amando.
Aos sábados sempre me senti mais livre, até para estar triste e sentir os grandes cataclismos.
Aos sábados!

BOM DIA, ALVÉOLA-AMARELA ?

"CACEI-A" AGORA MESMO, MAS A FOTO ESTÁ MÁ E NÃO SEI AO CERTO SE É UM MACHO DE ALVÉOLA-AMARELA

sexta-feira, 4 de abril de 2014

PORTO E O CARRO ELÉCTRICO

http://portojofotos.blogspot.pt/2014/04/185-cidade-do-porto-e-o-carro-electrico.html

Agostinho da Silva - Um pensamento vivo


BOM DIA, CORTIÇOL-FÊMEA

Identificação

Ligeiramente maior que um pombo, caracteriza-se pelo seu corpo rechonchudo e pelas patas curtas. A
plumagem é acastanhada e, embora apresenta alguns padrões, estes são difíceis de reconhecer à
distância. Em voo a identificação é quase imediata, pois a barriga preta é facilmente visível



Abundância e calendário

Outrora mais numeroso, o cortiçol-de-barriga-preta é hoje uma
espécie rara a nível nacional, contando com uma população de
escassas centenas de indivíduos, que se distribui pelo interior do
Alentejo e da Beira Baixa. Pode ser observado em zonas
relativamente planas, sem árvores e com terrenos incultos ou em
pousio. A espécie é residente e pode ser observada durante todo o
ano.