domingo, 30 de novembro de 2014

SERRALVES ESTA MANHÃ


DOM LA NENA - GOLONDRINA


NEVOEIRO PROFUNDO

opiniões formuladas por mim há muito:

MARCELO REBELO DE SOUSA - homem livre, desordenador do comentário sério.

RICARDO ESPÍRITO SANTO & outros banqueiros similares - assassinos medíocres que armazenam impressões digitais ou matam nos descampados,  nas escadas escuras onde toda a gente se esconde,  nos parques de estacionamento que cheiram a mijo.

HENRIQUE MEDINA CARREIRA - mestre de cerimónias que distribui convites a torto e a direito para violar a ditadura dos vendedores de tuppwares.

PAULO PORTAS - o maior e consagrado vendedor do país a retalho, sem relógio afectivo por Portugal. Trabalhador esforçado que tem visto as suas comissões a aumentar.
Um homem em que o passado prescreve todos os dias.

CAVACO SILVA-um filho da puta nascido no séc. XVI, nessa altura era um filho da puta com a mania da grandeza, agora é mesmo só um filho da puta. Recentemente abandonou a empresa Oliveira e Costa onde ganhou bom dinheiro e associou-se à empresa de Paulo Portas "Vender Portugal rapidamente e em força", de enorme sucesso diga-se em abono da verdade.

PEDRO PASSOS COELHO- um homem que perdeu a memória rapidamente, não deixando de ser um titereiro. Quando retrogradar, se esse capricho mundanal ocorrer um dia nunca se reconhecerá e vai dizer que o mundo anda sem rumo e que ele nasceu para salvar Portugal.

José Sócrates - a ser verdade que tem um carro que custa 95 mil euros, está tudo dito.

e poderia continuar a mencionar figuras, figurinhas e figurões desta União Sagrada do poder que nos tem adentrado, violado vezes sem conta, mas vou sair, apanhar ar, um benefício que ainda não está tributado.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

de AMADEU BAPTISTA

SONETO EXPOSTO

Os desengonçados trânsitos cavernícolas....
A eterna crise com os dentes afiados.
Um país de paisagens marítimas e vinícolas,
em que uns são filhos e outros enteados.

O recorte da serra na distância.
Os pardais semoventes sobre as praças.
Alguns homens sombrios com a ânsia
de não serem roídos pelas traças.
O redil organizado como um caos.
Uns quantos menos bons e outros muito maus.
Uma planície, uma cidade, um chaparral.
E em volta disto o mar, sempre indiferente
do que queira ou não queira a sua gente.
E fica no soneto exposto Portugal.

© Amadeu Baptista

Duo Ouro Negro-Vou Levar te Comigo


Maria Clara - Maria Severa - E HOJE ESTOU ASSIM


Ester de Abreu - NEM ÀS PAREDES CONFESSO - Artur Ribeiro-Max-Ferrer Trin...


quinta-feira, 27 de novembro de 2014

INDIGNAÇÃO

ESTOU TÃO INDIGNADA, MAS TÃO INDIGNADA POR AQUELE MISERÁVEL PROSTITUTO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA ME ANDAR A VENDER O PAÍS POR BAIXO PREÇO QUE SE CALHAR  É IMPOSSÍVEL ALGUÉM PERCEBER O QUE ME VAI NA ALMA, MAS NA ALMA VAI-ME UM PAÍS, O MEU.

OUTONEI



Pizzica salentina - Lu Core Meu - ora esta também não me parece mal


ITALIA: Tarantella Calabrese E PARA COMEÇAR O DIA


MUITOS OLHOS DE FELDSPATO

Na minha Terra começa a haver muita gente com olhos de feldspato. As pessoas fazem da crítica um modo de vida e contam histórias que  nunca aconteceram e há sempre ouvidos que se colocam a jeito, que escutam o cochicho, as tais confidências com urgências.
Dum modo geral, as pessoas são ignorantes e conservadoras.
Na actualidade assiste-se ao triunfo dos palermas.
Começa-se a ficar embrutecido por tanta estupidez e cupidez destiladas.
Os jornais foram comprados pelo capital mafioso e escrevem o que interessa a estes criminosos,  a maior parte dos jornalistas que ficaram vendem-se pelo emprego, os outros são retirados de circulação. Aplaudem pessoas do crime económico e financeiro organizado e enterram vivas pessoas que lhes são hostis.
Os políticos na sua grande maioria trabalham na candonga das influências todos os dias.
Sevandijas aos molhos entregam a língua a maledicências.
O país está a ser enterrado com êxito. É um funeral com muito êxito, quase todos estão presentes.
Os dirigentes, todos sem excepção, continuam com a sua história de vida, não se prendem connosco.
C'est incroyable mais vraie.
Qualquer dia só acreditamos no vinho tinto que sendo bom cheira a fantasia e, o pior de tudo é que os sentimentos começam a ser racionais como os pensamentos e a formular juízos.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Ironia


MONTADO: ENQUANTO VIVERMOS JUNTOS - Trailer Oficial


O MEU PAÍS

O meu país coleciona histórias e coincidências.
Antes do 25 de Abril éramos um lugar triste fora do mundo, agora estamos no centro do mundo pela negativa.
Faz-me lembrar aquelas histórias clássicas das mulheres bonitas, analfabetas e pobres apanhadas por um proxeneta para a prostituição. Ao nosso país aconteceu o mesmo, era um país belo e pobre e a proxeneta da Europa, prometeu-lhe mundos e fundos e levou-o para a má vida.
O meu país nunca se livrou do fantasma de Salazar.
A corrupção deixou de ser um defeito das nossas sociedades para ser uma das suas características.
As máfias organizam-se nas direcções europeias com a Comissão Europeia à cabeça, no que à Europa diz respeito.
Portugal vive no desperdício desde a sua adesão à União Europeia devido à elevadíssima 'arte' do FURTO dos seus dirigentes.
Hoje temos um país que é uma constelação de vícios e de fortunas. Os fascistas voltaram a reproduziram-se, estão por todo o lado, dirigem, não temem esta democracia nem esta liberdade, alimentam-se dela, adaptaram-se aos novos tempos, tiram partido.
Discutem muito entre si mas apenas  pormenores e minudências, já não discutem ideologias, a única ideologia existente é a do Euro.
As ilusões do povo estão a acabar-se, tendo por consequência uma enorme indiferença e abstenção no plano eleitoral e qualquer dia a política só interessará aos arqueólogos.
Se o regime do Salazar foi uma constelação de presidentes de junta de freguesia provincianos, este regime de Soares/Cavaco é de bandoleiros que fazem de conta que são políticos.



UM POUCO DA PROSA DE FIALHO DE ALMEIDA

Fialho de Almeida gostava da Galiza e foi visitá-la algumas vezes. Escrevia num caderninho as suas impressões de viagem. São 14 esses caderninhos das 5 viagens que fez a estas paragens.
Aqui deixo três parágrafos, retirados ao acaso, duma dessas viagens (1905).

"Não me canso de olhar o mar. Como não amar estas costas pitorescas e estas águas tão puras, banhando este país tão desgraçado!
Na maré baixa descobrem-se as pedras da costa, e todo o percurso da estrada de A Guarda, desde o mar fundo até aos parapeitos da estrada, pedras enormes, roladas, fazendo montes, atiradas para o fundo de covas que elas encheram entre massas enormes de rocha puída, ravinada, cheia de sulcos e veios, ou fazendo morros ou promontórios, que a acção das águas gasta, e resistem há séculos; ou ilhéus de pedra, altos, ainda cercados de água, e que ficam cobertos na maré alta, onde a vaga se atira, deixando as ravinas todas cobertas de cascatas. Quando os rolos se formam, mesmo a distância, a água é límpida e azul como um soluto de sulfato de cobre, vista assim à transparência do sol, ou mais pálida, cor de vidro e garrafa, junto das pedras, nos fundos menores, e resolve-se em espuma deslumbrante, e reflui, deixando poças límpidas, em cujo fundo as algas bolem como vivas.
Na baixa da maré, as mulheres e crianças recolhiam algas para as secarem nos sítios altos e venderem para adubo, como entre nós. É um mar mais azul ainda do que o do Algarve.  Quando o rolo se forma há um brilho  de cristal na água. Que capricho nas ondas, que bravura! Que saúde e que galhardia! No encher da maré há como uma alegria de peitos novos que respiram e saltos de adolescência, e haladás de bocas hercúleas, virginais, de walkirias que batem o record da força épica! Os saltos da água sobre as pedras são como os de quem apoia a ponta do pé, e alça os rins num voo atlético, salvando a dificuldade sem a tocar nem ofender."

Beautiful Nature - Autumn 1080p HD


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Es Amarga la Verdad - Paco Ibañez.wmv


agorinha


Mercedes Sosa - 07 - Canción de las simples cosas


Chico Buarque e Caetano Veloso - Tatuagem/ Esse Cara E TODA A SENSUALIDADE DESTA DUPLA


Caetano e Chico- Os Argonautas


SEM ESTADOS DE ALMA

Só algazarras. Estamos permanentemente envoltos em barulho. As aldeias já não escapam a estes barulhos difusos. As redes, facebooks & outros estão carregadas de barulho, deixam no ar desperdícios de palavras, sílabas sem préstimo.
Preciso de silêncio, gosto de silêncio, por isso gosto de serras e montes.
Precisamos de encontrar o que perdemos dentro de nós próprios, colher a rede todos os dias, mas para isso precisamos de ganhar silêncios. Felizmente tenho essa possibilidade, esse luxo ao meu alcance.
Hoje, com esta idade e saber da experiência feito (?), vejo pessoas a andar como se fossem a correr. A maioria não corre para salvar a honra que nem tão pouco conhece o significado.
A maioria são cavaleiros inexistentes, recordo aqui o título dum romance de Italo Calvino, "O Cavaleiro Inexistente".
Muitos deles fazem-me lembrar enxames de infantaria que pilham tudo por onde passam onde quer que se encontrem.
Há batalhões de pessoas por esse mundo fora que existem mas não sabem que existem.
Com o silêncio aprende-se que nem tudo tem que ter um sentido.
Aprende-se que o sofrimento não acaba.
Aprende-se "que o que não me contam eu não sei" e "o que não sei não me assusta".

Entretanto o dia nasce azul lá fora, para dentro em breve se transformar em cinzento.
Faço este interregno na escrita reflexiva diária, para melhor ouvir o canto dos pássaros e encher os pulmões e ouvidos deste silêncio que canta.

Cada vez mais me interesso menos pela informação actual, a tal de minuto a minuto, que os meios de comunicação  tanto gostam de fornecer para darem a ideia que informam, desinformando.
Cada vez mais me interesso pelo global, assim como uma espécie de interesse pelo movimento do geofisico que sai da Terra para melhor a entender.
Interessa-me igualmente o passado, a História que é a sombra dos povos, para melhor compreender a actualidade e os seus males.
Titulei o escrito de hoje 'sem estados de alma', uma provocação a mim própria.
A palavra "alma" é já uma velharia considerável nem os teólogos a utilizam.
Andei muito tempo a discutir o que era a alma e o que ela representava com um amigo já falecido, fazia questão de ilustrar a nossa ignorância sobre a matéria, invocando-a.
Dizia eu que era preciso cuidar da alma para se perceber a contradição entre o que se diz e o que, realmente, nos acontece na intimidade.
O meu amigo não acreditava na "existência da alma" e eu ripostava perguntando-lhe como é que ele podia entender a  mediocridade das pessoas se não cuidasse todos os dias da alma? 

domingo, 23 de novembro de 2014

Domingo


como eu gosto dos pores-do-sol


Zoot Sims. Come rain or come shine. (1974)


FAUSTO - delicadamente p'ra ti


CONTROLE

QUANTO MENOS COLOCARMOS PENSAMENTOS, FOTOGRAFIAS E ETCS NO GOOGLE, MELHOR.
ESTES TIPOS TÊM TUDO CONTROLADO. OS AMERICANOS CONTROLAM O MUNDO COMPLETAMENTE, AGORA TAMBÉM A PARTIR DAQUI. ESTIVE A FAZER UMA PEQUENA PESQUISA DESTA MATÉRIA E É ASSUSTADOR.

sábado, 22 de novembro de 2014

Leonard Cohen ~ Dance Me To The End Of Love


Chelsea Hotel (Song for JANIS JOPLIN) by Leonard Cohen (Her ex-boyfriend...


IDEIAS MATINAIS

INTERLOCUTORES - Todos nós precisamos de interlocutores. Quem os tem de verdade?

O MUNDO - O mundo roda sem freio e sem sentido, perdido e sem futuro, mais estúpido do que nunca, nas mãos dumas elites políticas e económicas podres de imoralidade e avareza.

PESSOAS - A maioria de nós teme o desconhecido. A maioria de nós é vulgar, dito normal. Uma minoria de nós sabe que parece vulgar mas não o é, apenas nos fazemos passar por seres correntes o que não deixa de ser uma arte.
Muitos de nós temos muitas vidas numa só, mas felizmente que a maioria de nós o desconhece.
Somos provavelmente contraditórios, malvados e sentimentais e tudo isto em simultâneo a maior parte das vezes.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

sol e sombra


GOSTAVA EU

Gostara eu de pertencer a uma classe de gente mais simples, menos monótona, diferente.
Ser camionista, engenheira aeronáutica, freira, sei lá, porque quando se é como eu é muito mais difícil relacionarmo-nos  com freiras, camionistas ou exploradores famosos.
A vida é simples? Será, mas é muito mais para uns do que para outros.

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

FRASE II

Há pessoas que nada fazem e que parece que fazem muito (fazem render o peixe).
Outras há que fazendo tanto ninguém dá por elas (a injustiça deste mundo)

FRASE

Tudo muda e nós permanecemos mudando

Chico Buarque - O Meu Amor


ISTO É DE PARTIR A MOCA


FIM DE TARDE


El viaje. Erik Satie y Michael Nyman.


E PARA TI, DIARINHO, AS PRIMEIRAS IDEIAS DO DIA

. O que levou Anabela Rodrigues a aceitar nesta fase do Governo e dela própria, o lugar de Ministra?
Assegurar uma melhor aposentadoria ou a vaidade dum epitáfio? Inclino-me 99% para a vaidade.

. Há pessoas que interpretam bem uma personagem. Fingem uma vida inteira. Nada tranquiliza tanto como uma máscara.
O facebook é um meio privilegiado e dissimulado deste irónico carnaval. Tem dias que se assemelha à grande festa da astúcia e da mascarada. Há gente que se refugia nas imagens dos outros, no que os outros publicam e há os que ressentidos com máscara, zurzem em tudo o que apanham pela frente, já que no seu quotidiano laboral ou social têm mais dificuldade.
Também pode ser uma terapia para muitos, todos aqueles em que destruir os outros, usando máscara, é um exercício muito benéfico para a saúde (dos ressentidos).
O facebook para mim além de outras coisas é um teatrinho onde uns acreditam nele como lugar imaginário, outros o contrário, nunca deixando de ser um teatrinho onde se pode mudar de lugar e de cenário quando se quer, mas para alguns de maneira nenhuma sair dele, pois começam a evidenciar a dificuldade da existência fora desse teatro, dizendo de outro modo, para muitos passou a ser o único espectáculo que têm em cartaz.

. Arte será escapar do que acham que somos e do que se espera de nós. Não seremos todos artistas, mas alguns de nós, aproximamo-nos um pouco em muitas ocasiões.

. Há pessoas que para se sentirem jovens fazem plásticas, outras fazem por não perder o contacto com os rigores da luta.

. Há aquelas outras que poderíamos apelidar de romancistas frustrados. Nunca escreveram um romance de ficção mas tentaram sempre fazer passar por reais as suas histórias de ficção.

. Ás vezes entendo certos jovens, não que os aceite que sou de outra geração, a do esforço, mas entender entendo, aqueles que não se interessam por nada e ainda menos pelos seus imbecis compatriotas num país que não se interessa por eles nem por ninguém. Não fazem nada e não acreditam em nada como modo de saída possível para a sua asfixiante situação. É a nova geração de jovens doentes.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A CORRUPÇÃO



deve ler-se BIG ZERO(s) à direita da vírgula

Natália Correia - Escritora / Poeta


C' EST LA VIE

Na(s) vida(s), tudo acaba por parecer tão infame que temos a impressão de que não pode ser tudo completamente verdadeiro.
O problema é que parece que somos educados para nos irmos com o tempo, resignando a aceitar que tudo aquilo que se situa abaixo da nossa dignidade, tudo aquilo que tanto nos horroriza, não é mais do que a única realidade que existe.
Todos nós estamos sozinhos no mundo, mas todos nós nos negamos veemente a admiti-lo.
Às vezes parece-nos mesmo a muitos de nós, os mais lúcidos, se não fomos parar a um lugar imaginário.
A maioria das pessoas é incapaz de preencher os vazios entre as coisas.
Pertenço a uma geração que ainda acredita nos valores do esforço e do trabalho mas cada vez verifico que há muita gente hoje que considera ridículas estas aspirações e nem sempre estão bêbados ou drogados.
De facto, a realidade possui zonas muito obscuras mas é difícil viver em permanente "estado poético" e lembrando-me de Voltaire "ninguém encontrou nem encontrará jamais" e digo eu - para quê tanto esforço?
Porque me interessa a mim tanto perceber o humano e, chego invariavelmente à mesma conclusão: porque como humana sou propensa a repetir tenazmente os meus próprios erros.

Patrick Bruel - Au Café des Délices


terça-feira, 18 de novembro de 2014

A realidade ultrapassa a ficcção

"Cavaco Silva já está a preparar o futuro depois de Belém e já escolheu o local onde vai trabalhar a partir de 2016. O Observador adianta que, assim que deixar a Presidência da República, o gabinete de Cavaco Silva vai passar a ser no Convento do Sacramento, em Alcântara. As obras vão começar já no próximo ano. e vão custar quase meio milhão de euros".

My Fair Lady - The Rain In Spain


vou ser pequenina


PODEM TODOS PERCEBER, EU NÃO

O que andou esta gente a estudar e para quê? Refiro-me evidentemente a quem nos governa.
Sabedoria esfarrapada!
São burros, sim! Claro que serem burros não invalida de serem tudo o resto.
O país divide-se entre uma choldra e um manicómio.

Manifesto Anti-Dantas


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Rachmaninoff plays Piano Concerto 3


geometria especial


garatuja


CAPITALISMO ACTUAL

O Sr. Horta e Osório, gestor do Lldoyds Banking Group, é considerado um dos melhores gestores pelos seus pares por despedir 55.000 trabalhadores  para salvar o banco que estava à beira da falência.

Um estudo de sociologia duma Universidade estrangeira - diz sobre as variações na promoção pelo mérito nos países em vias de desenvolvimento, apenas 8% das pessoas oriundas das classes trabalhadoras conseguem singrar numa carreira pública mediante concurso, enquanto 72% são colocadas por ligações ou partidárias sem concurso nenhum, sendo que as 20% que se submetem a concursos raramente são admitidas - em geral os concurso destinam-se a formalizar a admissão de gente colocada antecipadamente, por cunhas.
Nepotismo forte que impede o desenvolvimento económico, uma vez que os mecanismos de concorrência são rejeitados por estas sociedades.

Jean-Claude Juncker- ex Minstro das Finanças e ex Primeiro Ministro do Luxemburgo, agora Presidente da Comissão Europeia deixou que 340 grandes empresas, algumas até se dizem com preocupações sociais, roubassem despudoradamente os seus países e seus respectivos contribuintes. Hoje este senhor diz-se a trabalhar para a harmonização fiscal, antes ainda foi Presidente do Eurogrupo onde se defenderam as políticas de austeridade.
Estas empresas protegidas por Yunker pagavam no Luxemburgo, 1%, 0,5% ou 0,25% de impostos. Quanto pagamos nós, cidadãos? 53%.
A Holanda, a Irlanda, o Luxemburgo são exemplos de dumping fiscal (convidam as empresas dos outros países a fingir que moram lá para não terem de pagar os impostos devidos nos seus países de origem).

Este fim de semana apareceu uma notícia pequenina, disfarçada, que o Sr. Timothy Geitner, que foi responsável pelas Finanças na 1ª Administração Obama e presente na reunião da Eucofin em 2010, escreveu nas suas memórias que os líderes europeus em relação à Grécia, não resistiram à tentação de transformar um problema político numa questão moral e que o G20 nessa altura dizia: "vamos dar uma lição aos gregos começando então o caminho europeu para o suicídio financeiro.
Passados 3 anos continua-se a procurar ocultar o falhanço das políticas para responder a uma crise sistémica com uma leitura moral das suas raízes.

ESPAÇOS DE SILÊNCIO


Jorge Palma A Gente Vai Continuar


domingo, 16 de novembro de 2014

BOM DIA SR. DE MONTAIGNE

Michel Eyquem de Montaigne      (1533 // 1592)

Como não gosto de citações aqui vai esta que sempre soube de cor


"Ensinam-nos a viver quando a vida já passou."

O Sorriso - Eugenio de Andrade


INVESTIGAÇÃO PORTUGUESA

"TRANSPLANTE DA MUCOSA OLFATIVA PARA A MEDULA ESPINAL, DESENVOLVIDO HÁ 13 ANOS NO HOSPITAL EGAS MONIZ. UMA TÉCNICA REVOLUCIONÁRIA DESCOBERTA POR UMA EQUIPA PORTUGUESA, QUE PASSOU AGORA DE EXPERIMENTAL A CONVENCIONAL, TORNA POSSÍVEL QUE UM PARAPLÉGICO VOLTE A ANDAR" li na revista do Expresso desta semana.
A autotransplantação da mucosa olfativa para o tratamento dos doentes com lesões traumáticas crónicas da medula espinal foi baptizada em Portugal de técnica OMA (olfactory mucosa  autografts). Simplesmente fantástico.

sábado, 15 de novembro de 2014

aí vou eu...


Vinicius de Moraes - Dia da Criação (Porque hoje é sábado)






AMOR

Amor de Salvação, um romance de Camilo Castelo Branco, lembrei-me deste livro agora por mais uma vez falar do Amor como salvação.
Sei que se corre o risco quando se aborda o tema de não passar dum aranzel de lugares comuns mas continuo a ter como certeza que apenas o Amor nos salva.
Só ouvimos ruídos de solidão quando não nos preenchemos. Os vazios começam a acumular-se e se demorarem muito poderão constituir uma preocupação.
Com o país como está sem sabermos o dia de amanhã, os estados depressivos e as depressões avançam com a nostalgia das coisas impossíveis.
Como nem todos são leitores da Hola nem fazem carreira disso e o mundo é uma tarefa bastante aborrecida, só nos resta aumentar os momentos de felicidade e isso só se faz com Amor, muito Amor.
Nem todos têm a sorte de ter uma família como retaguarda bem como nem todos podem cultivar a excentricidade toda a vida como forma de se manterem vivos.
Como o espírito não se educa em espaldares com rigores de ginásio e a paixão tem duração média de 9 meses, só nos resta o Amor.
A receita para que funcione é muito simples: se dermos amor, recebemos amor em troca. Falo do amor aos outros, daquele que se traduz em causas muitas vezes.
Quando as pessoas não estão verdadeiramente ocupadas no Amor, escutam os seus sentimentos e têm maior tendência para o exagero e para a contemplação do abismo e começam a faltar as munições para o combate.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

PRONTO...

...e já que este país é uma reserva de ignorância e me é difícil exorcizar as ilusões vou para a cama pensando naquele copo de vinho com cor de veludo cotelê.

Auguste Rodin 1840-1917


António Zambujo - "Nem às paredes confesso" do disco "Outro Sentido" (2007)


ARCO ÍRIS

Chove, vejo vários arco íris a formarem-se.
Recebo telefonemas, pessoas que estão bem, pessoas que estão menos bem e que me contam a forma como encaram os problemas. Nutro uma enorme admiração por todos(as) que encaram os problemas graves às vezes, duma forma heroica. Recebo grandes lições todos os dias acerca desta matéria.
Não me apetece falar de mim hoje, mas é sempre nisso que vou cair, já que somos retratos sempre inacabados e nunca falarei de mim verdadeiramente, mas duma sombra do que sou.
Que poderei acrescentar? Que ainda não aprendi a desconfiar do óbvio, o que me dá o registo da idade mental.
Claro que tenho a sensação de que falamos línguas diferentes, mesmo usando as mesmas palavras e que nos tornamos estranhos uns com os outros.
Não me tornei paranoica, não perdi o gosto pela vida nem entrei em depressão talvez deva começar assim este escrito de hoje, logo não há emoções fortes a declarar.
Gostava de poder dizer que vivo anos de erros e pecado, mas seria mentira se o dissesse, vivo apenas de excesso de proximidade comigo.
Claro que sou uma céptica educada que tenta não se distrair muito da vida, mesmo que as circunstâncias se atropelem ao concorrerem para que tal aconteça.
Entendermos a vida tal como é deve ser das missões mais difíceis que temos ao longo da existência.

Smooth Exclusive Video | Chega de Saudade (Elisa Rodrigues e Júlio Resende)


MAIS UMA DO POETA BRASILEIRO MANOEL DE BARROS, BRASILEIRO FALECIDO ONTEM COM 97 ANOS

DIA DA CRIANÇA


A mãe reparou que o menino
gostava mais do vazio
do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores
e até infinitos...

Manoel de Barros

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

DE MANOEL DE BARROS

O livro sobre nada

É mais fácil fazer da tolice um regalo do que da sensatez.
Tudo que não invento é falso.
Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
Tem mais presença em mim o que me falta.
Melhor jeito que achei pra me conhecer foi fazendo o contrário.
Sou muito preparado de conflitos.
Não pode haver ausência de boca nas palavras: nenhuma fique desamparada do ser que a revelou.
O meu amanhecer vai ser de noite.
Melhor que nomear é aludir. Verso não precisa dar noção.
O que sustenta a encantação de um verso (além do ritmo) é o ilogismo.
Meu avesso é mais visível do que um poste.
Sábio é o que adivinha.
Para ter mais certezas tenho que me saber de imperfeições.
A inércia é meu ato principal.
Não saio de dentro de mim nem pra pescar.
Sabedoria pode ser que seja estar uma árvore.
Estilo é um modelo anormal de expressão: é estigma.
Peixe não tem honras nem horizontes.
Sempre que desejo contar alguma coisa, não faço nada; mas quando não desejo contar nada, faço poesia.
Eu queria ser lido pelas pedras.
As palavras me escondem sem cuidado.
Aonde eu não estou as palavras me acham.
Há histórias tão verdadeiras que às vezes parece que são inventadas.
Uma palavra abriu o roupão pra mim. Ela deseja que eu a seja.
A terapia literária consiste em desarrumar a linguagem a ponto que ela expresse nossos mais fundos desejos.
Quero a palavra que sirva na boca dos passarinhos.
Esta tarefa de cessar é que puxa minhas frases para antes de mim.
Ateu é uma pessoa capaz de provar cientificamente que não é nada. Só se compara aos santos. Os santos querem ser os vermes de Deus.
Melhor para chegar a nada é descobrir a verdade.
O artista é erro da natureza. Beethoven foi um erro perfeito.
Por pudor sou impuro.
O branco me corrompe.
Não gosto de palavra acostumada.
A minha diferença é sempre menos.
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria.
Não preciso do fim para chegar.
Do lugar onde estou já fui embora.

faça chuva, faça sol


Paco de Lucia Entre dos aguas 1976


OBSCURIDADE

Há dias em que só nos apetece escrever frases sobre o desamparo.
Mais um amigo entre a vida e a morte. Dói-me o coração. O coração dói e muito.
E continuo sempre a escrever sobre este tema inacabado que é a vida.
Está aí a chegar o Natal, aquela época em que nos lembramos dos que não estão. Quase todos os que gosto morreram por esta altura.
Se por temperamento sou pensativa, nestes meses sou-o ainda mais.
Esquecemo-nos para sempre da maioria das coisas que vivemos e isso ajuda-nos, eu sei.
Chegou o momento de me rearmar de toda a sensatez, daquela que sempre detestei mas que às vezes tenho que resgatar do mais fundo do meu espírito para corrigir épocas idiotas.
Nasci no ano em que o Presidente da República Higino Craveiro Lopes sucedeu a António Óscar de Fragoso Carmona.
Lembro-me de ser menina e o meu avô materno ter morrido e por consequência nunca mais ter vestido o meu casaco comprido vermelho de capuchinho, um enorme desgosto e lá vêm as emoções antigas que me impõem estórias cheias de sombra e luz bem guardadas.
O passado nostálgico passa por mim. É muito matreiro o nosso passado, em certas horas só deixa ver o que lhe interessa que nos comova.
Lembro-me duma definição de democracia que o meu avô quase recitava, ele que já tinha passado por uma Presidência democrata, a do Afonso Costa: democracia é usar o dinheiro dos outros em benefício próprio ou dos seus e preparar o caminho para as suas gentes os substituírem no poder.
Lembro-me das refeições de cabrito assado com batatas assadas e arroz branco seco com batatas assadas no forno que se fazia ao domingo. Ao domingo era sempre assado, peixe ou carne, havia até um peixe chamado capatão se a memória me não trai, que se usava muito ao domingo. Sinto o cheiro desse peixe e o gosto.
Pronto e hoje, agora, fico-me por aqui, consegui por momentos conforme me propus, ser sensata e não pensar na morte que bate à porta dum amigo, quero esconjurá-la, porque a vida é composta de lugares fundidos uns nos outros e os pensamentos também.
Agora  veio-me ao pensamento algo lido, aquele Caio Vetúlio romano que foi derrotado por Viriato. Não sei se estava sol se estava chuva, um dia como hoje, tenebroso.
Acho que é neste acontecimento que me vou deter nos próximos minutos  ou talvez como é que os mouros entraram cá e depois nos civilizaram à sua maneira.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

para o caso de aqui vir algum poeta

Os olhos do poeta


O poeta tem olhos de água para reflectirem todas as cores do mundo,
e as formas e as proporções exactas, mesmo das coisas que os sábios desconhecem.
Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas,
e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria,
com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento.
Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaias vencidos
e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias
e o movimento ululante das cidades marítimas onde se falam todas as línguas da terra
e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas
e a luz do deserto incandescente e trémula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos,
e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram
e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada à hora da infância
e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas
e correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando a tempestade:
- todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta.
Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório,
sai uma estrela voando nas trevas
tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes.
E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta
que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo.

Manuel da Fonseca, Poemas completos

A MINHA TERRA


Queen - Bohemian Rhapsody (Official Video)


"ALGO"

Há pessoas que têm por nós aversão, parcial ou totalmente, e que nunca chegamos a saber a causa. Embirram connosco superlativamente.
Conheço destas pessoas cálidas, aparentemente bondosas, com toda a bondade de quem conhece de perto a maldade e que se mostra amável para fugir dela.
Desconfio  por vezes que há "algo" nelas em que fomos mexer involuntariamente e as desassossegou.
Vivo com isso, não sou indiferente sem fissuras.
Investigo porque algumas se dizem minhas amigas mas não chego a grandes conclusões a não ser talvez para estarem mais próximas de mim.
A vida é feita de interrupções. Por muito que investigue não descortino as razões na maioria dos casos, no entanto como sabemos, investigar não leva sempre a encontrar o procurado mas sim o que está ao lado do procurado.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

E PORQUE HOJE É DIA DE S. MARTINHO



BOAS CASTANHAS E BOA PROVA DO VINHO NOVO

A Rita e o Kilas


Charles Mingus - Work Song- para o meu amigo Vítor se aqui vier


FADO

Não é por acaso que o Fado é a canção nacional. Os portugueses são tristes mesmo quando participam em festas e romarias há sempre um procissão pelo meio com um santo qualquer que faz chorar.
Será que o nosso destino é mesmo este de tristeza?
Primeiro os nossos homens iam para a guerra lutar por uma coisa que não era nossa, eram atirados para a frente de combate por um império que mais parecia um calvário.
Os filhos do povo travaram batalhas e morriam numa guerra que não era deles para defender uma terra que nunca os amou.
Portugal era uma coelheira obediente como disse um dia Fernando Dacosta.
Os que não iam à guerra partiam e a população era escassa.
Hoje voltamos à emigração dos anos 50/60/70 por outras razões, mas que no fundo são sempre as mesmas, procurar o pão.
Antes 'conquistávamos' terras aos infiéis, dizia-se. Conquistamos Malaca lá no Oriente que nos foi bem mais fácil do que conquistar a liberdade dentro do rectângulo.
Desabafamos muito, queixamo-nos mas continuamos "uma coelheira obediente".
O País perde os seus homens, as suas mulheres, as suas crianças. Bebe do medo.
Vivemos um tempo de destruição total.
Políticos arrogantes e corruptos.
O povo esperando o D. Sebastião com uma saudade não do passado mas de um sonho que não se realizou.
Continuamos suspensos neste imenso nevoeiro que tapa tudo, que não nos deixa enxergar sempre a tentar a sobrevivência para não naufragarmos, sempre entre estes dois pólos, o naufrágio e a sobrevivência.
Quem não se contenta com este destino só lhe resta o suicídio ou partir, mas partir para onde?
Estamos cansados de tanta miragem, depois de descobrirmos o mundo ficamos cansados para sempre.
Este povo quase que não se indigna apenas por cansaço, muito cansaço.
O egoísmo venceu o amor e a fantasia para muitos tornou-se a realidade como alimento necessário.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

DE JOSÉ GIL

" Acontece com os intelectuais o mesmo que acontece com a política: o descrédito (e estou a falar da Europa) em que caíram os políticos europeus e portugueses, e não só, é imenso. As percentagens de abstenção nos actos eleitorais são enormes. Porquê? Porque ultrapassámos aquilo que era normalmente admitido, uma certa taxa de mentira, que é própria do discurso político. E ultrapassámos isso com um descaramento extraordinário. O descaramento passou a ser uma das características do discurso político e em Portugal isso é extraordinário. O chico-espertismo português generalizou-se em Portugal. Isso faz com que a população se afaste cada vez mais e não acredite.?"
José Gil ( filósofo)

até amanhã diarito


PATXI ANDION Me esta doliendo una pena


A VIDA PRIVADA DOS POETAS por Isabela Figueiredo

Há uns meses, um amigo contou-me que, no contexto de um acontecimento social, lhe tinha calhado ficar ao lado de um dos nossos poetas vivos, bastante conhecido e laureado, e que se sentiu constrangido, pois ouvi-o peidar-se uma meia dúzia de vezes. Na altura ri-me e adorei a história. É claro que os poetas, felizmente, tal como o Papa, os grandes pensadores, criadores, investigadores e cientistas, peidam-se. Fernando Pessoa e António de Oliveira Salazar tiveram-no em comum. Pedro Passos Coelho e rainha de Inglaterra, idem.
O peido tem tanto mais graça quanto maior seja a importância que atribuímos aos seu ator, ou aquela que ele se dá. O peido dos meus vizinhos, naturalmente, não tem qualquer interesse. 
O peido é um lembrete que nos traz à terra e a todos nivela por igual. Minha cara senhora, pode carregar consigo toda a sabedoria dos infólios, meu caro senhor, a sua coroa de ouro e jóias preciosas pode pesar como o planeta, mas os vosso corpos revelam a verdade das verdades: em essência estamos no mesmo patamar.
Não me teria lembrado deste episódio se não me tivesse aproximado das estantes de livros e não tivesse encontrado os do poeta peidorreiro muito alinhados. Li as lombadas e sorri. Tanta arte e solenidade, tanta elevação e talento e... o peido! Não queria chegar a este ponto, logo eu que também peco, sobretudo nos dias de sopa de feijão com couve-lombarda, mas confesso não saber se consigo ler mais algum poema do peidorreiro no resto da vida. Abri uma página ao calhas, li um poema, e senti-o dessacralizado pelo peido. É injusto. São belíssimos textos. Li-os muitas vezes apaixonada. Lembro-me de uma viagem de comboio de três horas em que o li o tempo todo, enquanto os outros passageiros me olhavam como a um estranho bicho.  Não que poeta do peido seja muito devoto do amor, ou que o deixe de ser, mas porque o amor pede poesia, e eu apaixonei-me bastamente, no passado, e fui lendo para atenuar os sintomas.
Os ataques de flatulência de poeta muito erudito, de grande elevação lírica não podem sobrepôr-se ao valor da sua obra. Tenho isto como certo. E a poesia é um território muito livre. Pois é. E as pessoas são pessoas! Mas o problema é que o homem não é um poeta maldito nem pop nem gente como eu. Nesse caso poderia peidar-se com crédito. É um poeta-lorde protegido, um poeta sem mácula. E a mácula cai tão bem onde nunca antes a vimos. 
O que gostava de pedir aos poetas, a todos sem exceção, é que, na epígrafe das obras, nos fornecessem essa informação essencial para que uma vida de dedicação à arte não se veja destruída por coisa pouca. O que peço é um simples "eu cá peido-me de vez em quando" ou um "confesso que embora vos despreze a todos, comuns mortais, eu também o sou, tal como vós, para grande desgosto meu". 
Seria uma grande ajuda para alguns de nós, gente ingénua que tolamente sacraliza a poesia.

5 3 Lulu Graham Vick


em casa de amigos



A MISSÃO

Tomou cada um de nós consciência do que viemos fazer a este mundo?
Geramos a energia necessária à resolução dos problemas com que somos confrontados durante a nossa vida?
Quando nos deparamos com algumas coisas desconhecidas que nos atraem, com talentos admiráveis, não podemos simplesmente ignorar.
Nem notamos que andamos vestidos e calçados, habituamo-nos a estas maneiras. A maioria de nós não organiza a existência. Vivemos a maior parte das vezes adjectivamente.
Fomos criados na "decência", no parece-mal" no perca-se tudo menos a vergonha.
Salazar continua vivo neste Portugal pequenino e não se pense que é só nos mais velhos.
O que nos ata de forma tão agónica?
A maioria de nós alterna  no seu dia entre a raiva e a impotência e dirigimo-nos a autoridade desconhecida que rege a vida até nos mais descrentes.
Idolatra-se o Perfeito e assim sendo nunca se alcança nada.
Não sei se perdemos a fé ou nunca a tivemos .
Fechamo-nos no trabalho e na previsibilidade. Desistimos de encontrar sentido para as coisas, esquivamo-nos na crítica aos outros.
Não somos, duma maneira geral, nem cuidadosos, nem metódicos, nem persistentes ao longo da nossa existência.
Passam os anos e vemo-los passar. Dissolvemo-nos nesta volúpia do tempo.
As pessoas não definem nem prosseguem a sua missão porque não gostam de sacrificar-se, preferem as aparências porque as aparências valem mais muitas vezes do que o próprio sacrifício.

domingo, 9 de novembro de 2014

Kronos Quartet - The Beatitudes


.o meu bosque privado


OS SONHOS, ESSES DESCONHECIDOS

Acordei dum sonho em que o Paulo Portas, de avental, nos servia, a mim e a uns amigos em casa dum deles.
Tinha havido um contrato entre esse amigo e o governo para nos servirem durante um ano, isto porque o meu amigo tinha encontrado o PP e este lhe tinha feito a proposta de prestar serviço à comunidade, com a cláusula expressa de vir munido do seu avental que considera uma espécie de amuleto.

Num outro sonho fiz o diagnóstico clínico duma criança, ponto por ponto..

Num outro, encontrei uma pessoa que que já não vejo há cerca de 3 anos e que me diz, duma forma que considerei inaudita - "Então acreditas em mim. Que sorte eu tenho por seres tão magnânima".
Fiquei estupefacta com este encontro e a frase causou-me uma sensação indefinível.

A diferença que existe entre os sonhos e os pensamentos é um oceano.
Os pensamentos acompanham-nos dum lado para o outro sem parar, os sonhos são intensos e prontos a servir. Passados segundos, esquecemo-nos deles, a não ser que se tenha um caderno para logo que se acorde os relatar para o papel e mesmo assim é difícil lembrar. Ficamos apenas com retalhos desse sonho.
Todos nós temos duas vidas pelo menos, a real e a onírica e ambas se confundem porque se interceptam.
As duas porém têm um denominador comum, são só nossas, ninguém nos pode tirar o que vivemos, à excepção da memória ou a ausência dela, melhor dizendo.

Hoje, estou com pele pálida de gardénia, não é um sonho se calhar é a luz do candeeiro da secretária, já que o luar não está a escorrer pelas mãos e braços.
Mas como não está longe o pensamento do sonho desta noite (ontem, já que só hoje o coloquei aqui), o Paulo Portas a servir-me o meu prato preferido e eu muito compreensiva a dizer-lhe que devia tirar um curso profissional para ser mais bem visto pela Merkel e servir-me duma forma mais eficaz.
Ele espumava raiva pelos olhos mas agradecia-me com uma vênia a sugestão.

O sonho foi premonitório. O meu amigo serviu-me arroz de pato, um dos meus pratos preferidos.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

RUI VELOSO - Todo o tempo do mundo


OS MILHARES

São milhares as pessoas que cruzam connosco nas ruas sem as vermos.
São milhares e milhares e milhares de milhares as palavras que proferimos.
Milhares são os pensamentos que produzimos.
São milhares os pormenores em que nos fixamos, muitas e muitas vezes os mesmos.
São milhares os fios produzidos pelo tempo, que se confundem, que se emaranham.
São milhares as frases estúpidas que proferimos.
São milhares as esperanças que depositamos.
São milhares os pontos de referência que se perdem.
Pensamos muitas vezes que o tempo não deu por terminado o seu trabalho de destruição e que ainda haverá encontros.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

'Poder judicial não é independente', acusa juiz português - Globo - DN

'Poder judicial não é independente', acusa juiz português - Globo - DN

CAMILO PESSANHA

 



Tenho sonhos cruéis; alma doente
Sinto um vago receio prematuro.
Vou a medo na aresta do futuro,
Embebido em saudades do presente...

Saudades desta dor que em vão procuro
Do peito afugentar bem rudemente,
Devendo, ao desmaiar sobre o poente,
Cobrir-me o coração dum véu escuro!...

Porque a dor, esta falta de harmonia,
Toda a luz desgrenhada que alumia
As almas doidamente, o céu de agora,

Sem ela o coração é quase nada:
Um sol onde expirasse a madrugada,
Porque é só madrugada quando chora.

II

Encontraste-me um dia no caminho
Em procura de quê, nem eu o sei.
d Bom dia, companheiro, te saudei,
Que a jornada é maior indo sozinho
É longe, é muito longe, há muito espinho!

Paraste a repousar, eu descansei...
Na venda em que poisaste, onde poisei,
Bebemos cada um do mesmo vinho.
É no monte escabroso, solitário.

Corta os pés como a rocha dum calvário,
E queima como a areia!... Foi no entanto
Que choramos a dor de cada um...
E o vinho em que choraste era comum:
Tivemos que beber do mesmo pranto.

III

Fez-nos bem, muito bem, esta demora:
Enrijou a coragem fatigada...
Eis os nossos bordões da caminhada,
Vai já rompendo o sol: vamos embora.

Este vinho, mais virgem do que a aurora,
Tão virgem não o temos na jornada...
Enchamos as cabaças: pela estrada,
Daqui inda este néctar avigora!...

Cada um por seu lado!... Eu vou sozinho,
Eu quero arrostar só todo o caminho,
Eu posso resistir à grande calma!...

Deixai-me chorar mais e beber mais,
Perseguir doidamente os meus ideais,
E ter fé e sonhar d encher a alma.


Camilo Pessanha

ÀS VEZES APETECE-ME CORTAR O MAL PELA RAÍZ

As dores acompanham-me todos os dias. Apetecia-me esperar por elas, às escuras, e apontar-lhes um revólver. Assim, PUMMMMMM, já está!
Contraem-me, tiram-me o à vontade.
Porque não as considerar trivialidades da vida corrente e ignorá-las, mantendo-me num plano superior, abstracto.

A vida passa por mim a correr e não tenho pernas para a apanhar.
Vejo-a com 40 anos de distância e admiro-me ao pensar que é o futuro que está cheio de incertezas porque o tempo passa e o futuro torna-se passado. Assim sendo, é o passado que está cheio de incertezas.

Ainda há 3 anos, fazia do Inverno Verão.

Caminho sozinha pelas ruas e penso nas rupturas que se produziram em mim ao longo de décadas.

Penso nos meus, nos que já partiram e no que eles pensavam e concluo que não seria muito diferente do que eu penso e do que eu sinto.

sábado, 1 de novembro de 2014

AL BERTO

Há-de flutuar uma cidade- Al berto R. P. Tavares

Há-de flutuar uma cidade no crepúscolo da vida
pensava eu... como seriam felizes as mulheres
à beira mar debruçadas para a luz caiada
remendando o pano das velas espiando o mar
e a longitude do amor embarcado
por vezes
uma gaivota pousava nas águas
outras era o sol que cegava
e um dardo de sangue alastrava pelo linho da noite
os dias lentíssimos... sem ninguém
e nunca me disseram o nome daquele oceano
esperei sentada à porta... dantes escrevia cartas
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão
(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração.

mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
um dia houve
que nunca mais avistei cidades crepusculares
e os barcos deixaram de fazer escala à minha porta
inclino-me de novo para o pano deste século
recomeço a bordar ou a dormir
tanto faz
sempre tive dúvidas que alguma vez me visite a felicidade.


Al berto Raposa Pidwell Tavares

FERNANDO PESSOA




O meu olhar é nítido como um girassol,
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

O QUE SE APRENDE NESTA VIDA

A misturamo-nos com a multidão, olhando para tudo e não vendo nada, como os outros.

.que para nos livrarmos de preocupações, para não ter necessidade de mais nada, para nos tornarmos senhores de nós, às vezes encostamos a cabeça a um bom travesseiro, mas que não costuma durar muito e uma ninharia, uma pequena contradição como que nos esbofeteia.
. que há pessoas que parecem concordar com tudo o que agrada aos outros com a condição de lhes não atenazarem o juízo.
. que há pessoas que se deixam existir, como que não dormindo nem estando acordadas.
. que há pessoas que passam a vida inteira no mesmo lugarzinho e não têm vontade de partir o que não deixa de ser tranquilizador.
. que há quem continue o seu caminho, sempre seguindo sem saber por onde vai.
. que há quem não saiba nem o que quer nem o que faz e cada um segue a sua fantasia, a que se chama razão, ou a sua razão, que não passa muitas vezes de perigosa fantasia, que ora dá para o bem ora para o mal.
. que há gente que se vangloria de não ter experiência bastante. Não será isto uma ilusão?
. que ficamos a saber ao fim de muitos anos de vida que a prudência não se torna garante de bons resultados.
.quetodos nós assumimos a atitude de quem só pensa o melhor de tudo como se de repente houvesse tanto para dizer, tanto e tão urgente que não pudesse esperar para ser dito.
. que nem sempre sabemos o que andamos a fazer nesta vida
e tantas mas tantas coisas mais...