sábado, 21 de fevereiro de 2015

Elvis Costello 'She'


É PRECISO TER ESPERANÇA

George Steiner  disse há uns anos na Gulbenkian, num colóquio sobre "Os Limites da Ciência", algo que todos já sabíamos: "Hoje não há esquerda na Europa".

Com o aparecimento do Syriza e destes novos políticos gregos surgiu uma nova esperança.
A ESPERANÇA não pode nem deve morrer.
Na situação difícil em que os gregos se encontram, ousar lutar contra uma Alemanha toda poderosa e uma Europa lacaia, é um feito que merece ser acarinhado.

Liptovetski dizia que ficou 'le vide' na esquerda intelectual porque o edifício de um século tinha ruído e nada viera ocupar o seu lugar. Só restava o indivíduo e os seus interesses.

O conceito de ideologia pode não ser exactamente o mesmo, mas gosto deste registo de igualdade social desta nova esquerda que vem da Grécia. A opção pela justiça como valor ético fundamental, paradigma marxista, pode ter soçobrado, mas já no Oriente os Maoistas herdaram um registo de horizontalidade herdade de Confúcio que harmonizava a igualdade social.

Chamem-lhe ideologia, chamem-lhe ciência, chamem-lhe valores, chamem-lhe o que quiserem, mas é tão precisa hoje como o foi antes. Os povos estão necessitados de mudança como de pão para a boca.

The Spanish Guitar in the Renaissance and Baroque,Moreno


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

OS MINISTROS PORTUGUESES

São porosos.
São fodas da ordem mendicante.
Enchouriçam-se todos quando vão a Bruxelas e nem bêbados estão.
Algodoados lá vão eles como asperges, no entanto não deixam de ser mequetrefes.
Continuamos em plano inclinado não só com este governo mas com a aldrabice do vindouro.
Somos ajudantes do retrocesso, deixamos que estas sevandijas nos entreguem o corpo à doença, o corpo nacional e individual.
Antes éramos um país abandonado por todas as Nações do Mundo, hoje somos um êxito dum funeral com muita retórica encorpada, esplêndidos em venda de instituições nacionais. Flácidos de raciocínio.
Estamos a desfazer-nos de nós com estes governantes domesticados a perorar jactâncias co-produzidas ente o Diabo e os diabos.

Fernanda Montenegro recitando Simone Beauvoir - Globo News


domingo, 8 de fevereiro de 2015

CAMÉLIAS


DESEJO

Ver e ouvir e perceber sempre uma linguagem falada por mus avós e ensinada em conversas diárias desde criança por meus pais.

os portugueses

Os portugueses, nós todos,  temos uma natureza demasiado susceptível e nunca chegamos verdadeiramente ao âmago dos problemas. Quando se fala dum assunto, chovem de imediato, batalhões de factos e de razões e assim se vão perdendo anos a fio.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

E SÃO GENTE

Para mim, as pessoas continuam a ser uma fonte inesgotável de surpresas. A sua parte visível é só a ponta do iceberg.
Olhando o mundo actual, deixamos de ter pontos de referência na memória.
Assistimos  nos nossos dias, a gente que queima  pessoas vivas, que degola, que corta às postas em nome duma "causa". Gente que estudou, que tem família, que é filho, irmão.  É algo que nos estava distante da compreensão.
Dizer-se que estas pessoas se encontram desenraizadas nos seus países, abandonadas politica e socialmente, é apenas uma parte da questão, se bem que seja um dos factores importantes a considerar, já que é entre os mais pobres e desesperançados que são recrutados.
Pessoas que não sabem o que querem, que estão completamente disponíveis para abraçar algo que as agarre a existência, com a sua auto-estima no ponto zero.
Estes jovens embarcam em coisas intermináveis para não pensarem mais no futuro incerto, tal como a geração anterior se drogava com outras drogas, mas não se pode explicar tudo por aí.
Há nestes novos fenómenos e não lhe chamem estado islâmico, sombras inescrutáveis que ultrapassam o entendimento de qualquer pessoa comum.
Os cabecilhas desta organização de morte, recrutam pessoas inacabadas, pessoas desamparadas, com necessidade imediata de fuga, mesmo assim tudo o que se possa estudar e compreender nestas pessoas é uma ínfima parte da existência humana. Usam um técnica de guerrilha e com as matanças mais horríveis vão conquistando território.
Esta realidade ultrapassa toda a imaginação por muita que seja.
Continuam a não ser entendidos por mim e por muitos milhões, senão biliões  de pessoas  estes motivos fúteis que levam a estas novas/velhas formas de matança.
Há o prazer pela morte por assistir ao sofrimento dos outros até ao limite.
Estas motivações nem o Freud nem todos os sociólogos juntos as saberiam explicar.
Este lugar onde se encontram estes assassinos do século XXI, apenas se parece com a loucura nazi ou da Inquisição.
Estes cavaleiros inexistentes levam os soldados pelas rédeas até a campos de infiéis inexistentes

Cântico Negro / Não Enche - Maria Bethânia (HD)


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Mário Viegas diz Jorge de Sena


PORQUE HOJE ME APETECE POESIA PARA ME LAVAR A ALMA

Ruinas

Pandeiros rôtos e côxas táças de crystal aos pés da muralha.

Heras como Romeus, Julietas as ameias. E o vento toca, em bandolins distantes, surdinas finas de princezas mortas.

Poeiras adormecidas, netas fidalgas de minuetes de mãos esguias e de cabelleiras embranquecidas.

Aquellas ameias cingiram uma noite peccados sem fim; e ainda guardam os segredos dos mudos beijos de muitas noites. E a lua velhinha todas as noites réza a chorar: Era uma vez em tempo antigo um castello de nobres naquelle lugar... E a lua, a contar, pára um instante - tem mêdo do frio dos subterraneos.

Ouvem-se na sala que já nem existe, compassos de danças e rizinhos de sêdas.

Aquellas ruinas são o tumulo sagrado de um beijo adormecido - cartas lacradas com ligas azues de fechos de oiro e armas reais e lizes.

Pobres velhinhas da côr do luar, sem terço nem nada, e sempre a rezar...

Noites de insonia com as galés no mar e a alma nas galés.

Archeiros amordaçados na noite em que o côche era de volta ao palacio pela tapada d'El-rei. Grande caçada na floresta--galgos brancos e Amazonas negras. Cavalleiros vermêlhos e trombêtas de oiro no cimo dos outeiros em busca de dois que faltam.

Uma gondola, ao largo, e um pagem nas areias de lanterna erguida dizendo pela briza o aviso da noite.

O sapato d'Ella desatou-se nas areias, e fôram calça-lo nas furnas onde ninguem vê. Nas areias ficaram as pègadas de um par que se beija.

Noticias da guerra - choros lá dentro, e crépes no brazão. Ardem cirios, serpentinas. Ha mãos postas entre as flôres.

E a torre morêna canta, molenga, dôze vezes a mesma dôr.

Almada Negreiros, in 'Frisos - Revista Orpheu nº1'  
   

HERBERTO HELDER

[OS CÃES GERAIS LADRAM ÀS LUAS]


os cães gerais ladram às luas que lavram pelos desertos fora,mas a gota de água treme e brilha,não uses as unhas senão nas linhas mais puras,e a grande Constelação do Cão galga através da noite do mundo cheia
..............................................................................[de ar e de areia
e de fogo,e não interrompe ministério nenhum nem nenhum elemento,e tu guarda para a escrita a estrita gota de água imarcescívelcontra a turva sede da matilha,com tua linha limpa cruzas cactos, escorpiões, árduos buracos negros:queres apenasaquela gota viva entre as unhas,enquanto em torno sob as luas os cães cheiram os cus uns aos outrosà procura do ouro

1h de Raul Meireles a dançar António Variações


domingo, 1 de fevereiro de 2015

HÁ PESSOAS QUE DIZEM O QUE FAZEM E HÁ OUTRAS QUE FAZEM SEM NADA DIZER

Os analistas ideológicos  a serviço do capital internacional e do status quo dizem e pensam tudo ao contrário.
O 'Financial Times' por exemplo, diz que Alexis Tsipras é um Lula ou um Chàvez.
Este plano de emergência do novo governo grego é mal visto pela União Europeia e pelos seus amigos americanos como não podia deixar de ser.
O 'governo' da U.E pretende que todos os povos sejam pobres menos a Alemanha, os países do Norte e os senhores de Bruxelas. Quanto a uma grande parte de população grega não ter electricidade porque ficou sem dinheiro para a pagar, não ter emprego porque a troika o impôs, estarem doentes ou suicidarem-se,  isso são peanuts e efeitos colaterais da guerra financeira que impuseram aos povos europeus com a guerra financeira que impuseram aos povos com o intuito de se salvarem a eles próprios.
A Grécia pretende até ao Verão amortizar 6,7 mil milhões de euros ao BCE, mas os seus bancos dependem da concessão de liquidez pelo banco europeu, por isso há que renegociar a dívida já, caso contrário o plano de investimento e criação de emprego não avança.
Tsipras diz que respeitará os tratados europeus desde que haja abatimento da dívida, claro que os tratados são inviáveis.
Se a Europa não aceitar as condições do governo e povo gregos, a Grécia pode morrer mais um bocado mas a Europa não se vai aguentar tal e qual está.
Quando a Merkel, representante de Berlim que manda na Europa com o consentimento desta, diz que a Espanha e Portugal estão com ela para não renegociar a dívida grega, o que é que isto quer dizer?
Para mim,  quer dizer que está a agonizar.
Os gregos chamam 'pallikari' aos jovens que não se ajoelham perante nenhum poder, Alexis Tsipras será um deles, até agora.
Não sei fazer futurismo nem sou analista política, mas sei o suficiente da vida e não só, para ler um sorriso franco e uma vontade indomável de servir o seu povo.
Penso que em função das vicissitudes que vai encontrar pela frente em Bruxelas e no estado que os seus antecessores deixaram o país, Tsipras vai ter que ceder em algumas das medidas propostas pelo seu partido, mas não me parece que venha a ser um Lula ou um Chàvez, pela simples razão que partiu de bases diferentes e são situações diferentes.
Assumir governar um país que bateu no fundo não significa que queira o poder pelo poder.
Até agora estou com ele e quisera eu que fosse português, se bem que em Portugal o povo não use do mesmo pragmatismo que o povo grego. O povo grego utilizou  nas urnas aquela máxima - "perdido por cem, perdido por mil", vamos lá experimentar este que os outros falam, falam mas deixaram-nos na miséria.
Em Portugal, continuam as alternâncias democráticas, ora agora governas tu PS, ora agora governamos nós com palavrinhas mansas para enganar o povo e à espera de milagres.
Tsipras disse ao "The Guardian" há três anos : "Keynes disse-o há muitos anos. Não é só a pessoa que deve que está numa posição difícil. A que emprestou também. Se deves 5000 euros ao banco o problema é teu. Se deves 500 mil euros, o problema é do banco.  Este é um problema de todos. O nosso problema é o problema da Merkel, é um problema europeu e do mundo".
Eu penso exactamente o mesmo.
Vale a pena lembrar aqui Lenine: " o pior governo não é aquele que comete erros mas aquele que cometendo-os, não consegue corrigi-los". É o caso da governança da União Europeia.


Leonard cohen:First we take Manhattan- PARA AQUECER ESTE DOMINGO