Gostava de saber que "roupa" preciso de vestir para ser feliz.
Fico assim, numa espécie de palpitação de cólera, com este sentimento denso, muito pouco claro e sem reflexão.
Não estou comprometida com nenhuma ambição e esta atmosfera louca do país a que pertenço, obriga-me a estar a assistir, colada à cadeira a uma má representação teatral.
Este caos em que vivemos, enquanto sociedade, repercute-se na nossa forma de sentir.
Pertenço a este espírito do tempo, gerador de angústias e que nos incapacita a consumar grandes aspirações.
A paixão pela liberdade tornou-se servidão.
Estamos mais vulneráveis do que nunca.
Somos tratados com desdém, envenenados com todas as pequenas e grandes injustiças. Rodeados de velhacos por todos os lados.
Há dias em que saímos para a rua e tomamos o mundo como confidente, como que a gritar "Queremos ser felizes".
Ainda pasmo como um povo inteiro resiste a tanta submissão e se verga a tanta injustiça, em especial porque conhece outros possíveis.
Não compreendo esta democracia. Não compreendo esta transitoriedade, estas desigualdades sociais.
Não compreendo estes negócios e não tenho qualquer apetência para os entender.
O dinheiro para um americano será uma expressão da sua autoridade moral, mas para mim que sou portuguesa, ter que encarar desta maneira torna-me infeliz.
Isto não é liberdade.