domingo, 7 de novembro de 2021

O LUGAR ONDE SE ESTÁ VIVO

Cada um de nós tem de saber qual ou quais o(s) lugar(es) onde se sente verdadeiramente vivo. Em primeiro lugar cada um desses lugares deve estar eivado da nossa autoestima. Se isso não acontecer, pelo menos não devemos baixar a guarda. O lugar onde se está vivo é sempre algum sítio onde se faz o que se gosta, onde se ama e somos amados, o Lugar onde nos entendem e nos escutam e nos deixam acabar a frase. O Lugar onde se está Vivo, é aquele em que conseguimos escolher a nossa estrela e termos a certeza do nosso ponto cardeal. A infância, parece-me ser o lugar mais parecido com esse sítio, mesmo nas nossas brincadeiras de faz de conta sabemos muito bem qual é o caminho, não obstante a família nem sempre ser um lugar clamoroso, só mais tarde o perceberemos. Não podemos estar num lugar entre duas coisas incompatíveis, em mundos que reciprocamente se excluem. As pessoas, duma maneira geral, são aldrabões de feira, possuem uma enorme capacidade camaleónica e falseiam esses lugares. Os escritores vão resolvendo alguns destes problemas a si próprios, no sentido de se tentarem entender através da construção das personagens que criam e dão vida nos seus livros, expurgando, em parte, os seus males. Criam lugares e arrumam as personagens.