quarta-feira, 30 de junho de 2021

A BORBOLETA QUE SE ATIRA AO AR

Era uma vez um dia de Verão. Era uma vez a seguir a uns dias felizes noutros Verões que num minuto, num dia, num mês, num ano, começou a verdadeira conspiração e o bravo general caíu do escadote. Morremos qualquer dia todos e nada sabemos da vida. Estamos no Verão e devíamos estar a atirar-nos ao ar como as borboletas, no entanto o Verão faz-se Inverno todos os dias com as más notícias que nos chegam pela (des)informação.
Sentimo-nos vulneráveis e deixamos de ter certezas. Vivemos vidas estranhas e já não sabemos a quantas andamos. Esperamos por outras vidas. De resto, TUDO, pouco importa. Ainda sentimos sob os pés a terra? Navegamos, mas só verbalmente em redes pouco seguras. Solidariedade? Só em algumas palavras primordiais deitadas de joelhos, que em caso de necessidade nunca se levantam. As palavras que nos isolam, que se acocoram em prateleiras, arrumadinhas por 24h. De novo ingressamos nos nevoeiros e neblinas e é Verão.

domingo, 20 de junho de 2021

SER RICO

Um dos maiores prazeres é estar em silêncio sem pensar em nada. Hoje, fica muito caro organizar o silêncio. Se conseguirmos imergir num silêncio meditativo tanto melhor. Conseguirmos a simplicidade é o supremo grau de refinamento. Precisamos de estar muito amadurecidos para atingir um grau elevado de simplicidade. Ambientes perfeitos ajudam-nos a serenar o espírito, por isso os japoneses cuidam dos seus jardins com esse sentido.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

VIDA EM COMUNIDADE

Sabemos tão pouco daqueles que nos rodeiam, sejam conhecidos, amigos ou mesmo família. Sabemos, por outro lado, muita coisa. Sabemos que quem é mentiroso, mais paciente e transparente parece. Sabemos e conhecemos rostos parecidos com os daqueles generais que perderam uma batalha e que recapitulam, recapitulam. Sabemos que há gente que olha em frente para onde a estrada faz uma curva e desaparece em sombras cruzadas. Conhecemos progressos infinitesimais. Conhecemos vozes gentis e rostos inomináveis. Observamos gente com uma fortaleza de espírito obstinada e até desesperada. Observamos vozes plenas de significados. Vemos gente que queria e quer gritar, dizer que tem de escapar, de sair de baixo daquela sombra, mas que evita saber que para se levantar tem de levar a sombra consigo, gente que não consegue desfazer-se do esqueleto espiritual. Depois de todos estes não e pseudo conhecimentos sobre os outros, achamos que nos conhecemos e instalamo-nos, placidamente, aguardanto alguns fragmentos de afectos, dos que nos são absolutamente necessários para a vida. São estas as vidas normais dos pecadores saudáveis, parecendo-se muito com as marés com os seus fluxos e refluxos, alguns depois de passarem por algumas torrentes.