sexta-feira, 18 de junho de 2010

JOSÉ SARAMAGO




Um homem que encontrei no Porto e me encantou.
Um homem apaixonado.
Um homem generoso e afectivo.
Um homem que defendia as suas ideias até ao fim, sem medos ou sentidos de oportunidade de qualquer espécie, duma forma precisa, concisa e correcta.
Este homem também foi um grande escritor e como tal reconhecido.
Um homem BOM.
Homens assim também têm funeral. Hoje é o dele.
Não estarei lá fisicamente, mas a homenagem aqui fica.
Obrigada Saramago por nos vires lembrar que a Terra também é habitada por Homens destes.
Um beijinho grande

1 comentário:

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Olá Leninha.
Estive há uns anos na casa "A Casa" do Saramago há uns anos em Lanzarote.
Fomos, eu e a Mizé, recebidos por uma senhora meia-desgrenhada, de cabelos ao vento, ancinho na mão.
Pensando que era alguma empregada, perguntámos por ele e pela Pilar. Para espanto nosso, respondeu-nos:
- Eu sou a Pilar. Peço desculpa do meu aspecto mas estava a tratar do jardim.
E nós, extremamente comprometidos, pedimos desculpa por não a reconhecermos.
Ela, naquele ar simples, pediu desculpa por nos receber assim, tão informal. Afinal, estava nas suas lides domésticas, sem estar produzida.
Perguntámos por ele. A Pilar respondeu-nos que estava a trabalhar.
Dissemos que gostaríamos de estar com ele e ela, com ar de muitas desculpas, disse que não podia ser porque ele estava a fazer as provas de revisão do próximo romance: o "Ensaio sobre a cegueira" e não gostava de ser incomodado quando estava a trabalhar e que, mesmo ela, nessas alturas, tinha que o aturar quando era obrigada a interrompê-lo.
Pedimos desculpa e ela, simples e subitamente, pediu o nosso contacto, já que estávamos hospedados em Lanzarote. Demos-lhe o número de telemóvel.
Dois dias depois, estávamos já no aeroporto, o telemóvel toca. Era a Pilar a convidar-nos para ir lá lanchar a casa naquele dia porque o José já tinha acabado o trabalho e estava disponível para nos atender.
Pedimos desculpa, mas não era possível porque estávamos prestes a embarcar de regresso a Portugal mas ficávamos extremamente sensibilizados pelo telefonema e pelo convite.
Ontem, depois de sabermos a notícia da morte do José Saramago, telefonámos à Pilar, sabendo que provavelmente não iria atender.
Espanto nosso. Apesar da dor, apesar de tudo, a Pilar atendeu... e agradeceu a homenagem que os portugueses lhe estavam a fazer.
Fernando Rocha.