segunda-feira, 2 de maio de 2022

PACIÊNCIA

Neste mundo triste cada vez mais temos que usar da fantasia e da imaginação. As pessoas, mesmo as mais próximas resolveram tomar partido pela telenovela da guerra que os canais televisos lhes oferecem a seu belo prazer. A guerra na Ucrânia é o que está a dar. Assim, vão ondulando como as vagas do mar. Amigos, companheiros, conhecidos, vão pouco a pouco falando uma linguagem nova, estranha, inaudita. Acabaram-se as meigas alegrias, as irrequietas ilusões. Falta-me paciência, a minha doença maior é a ausência de paciência. Paciência até para fazer de conta que acredito nas mentiras que nos são impostas. Encanzino-me facilmente. Preciso de queimar mais Judas. Vejo os Judas a ser galardoados a todos os minutos. A verdade contaminada de mentira galopante, abastarda-se e dissolve-se e vai-se cavando o abismo profundo das opiniões divergentes ou a amabilidade da indiferença. Dividem-se pelas dores que foram causa ou apenas objecto e algumas amizades vão sendo sepultadas ou pelo menos, abaladas, por terem acabado de contemplar pela enésima vez o grande espectáculo da guerra pela televisão, ficando com o coraçao entumecido. Se deparam com alguma coisa que lhes perturba o pensamento, a sua ilusão de que o que veem seja a única e exclusiva verdade, a verdade imparcial... Se lhes dizemos: dá-me licença para lhe dizer que aquilo que tem observado com tanta atenção, é parcial, não é bem assim, ficam muito zangados/as, preferindo acreditar na mentira e fazendo parte do logro comum e maioritário. O tempo mais dilatado que estas pessoas dão a quem queira argumentar e introduzir novos dados para reflexão desta guerra neste lado do mundo, são 5m de incredulidade, para depois passarem ao ataque e afirmando com veemência: SE A TELEVISÃO DIZ É PORQUE É VERDADE ou algo similar- voltando a fechar-se à argumentação, aos factos, à História e retomando a audição fi-lo-só-fi-ca da televisão.

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