domingo, 9 de junho de 2024

ADMIRAÇÃO E RESPEITO

Gosto muito de pessoas autodidactas, de pessoas que por simples curiosidade e vontade de conhecer procuram saber mais e mais. Parecem bardos aproximando-se da frente. Trata-se de gente com tenacidade, possuidoras dum carácter que tem a capacidade de se defender, de lidar com os seus próprios demónios para prosseguirem. Esta atitude e libertação de coragem perante a vida que permite um pensamento independente vai-se realizando pelo crescimento individual. Estes autodidactas, lembro-me de gente que conheci que nem à escola foi e sabiam línguas porque estudavam pelos dicionários,de gente que queria compreender livros e que teve de aprender a le-los. Operários pertencentesao PCP que não conheci mas conheço a sua existência por exemplo, fazem-me lembrar Santo Agostinho nas Confissões apelando para que cada um de nós reflicta sobre três coisas todos os dias: quem somos, o que sabemos e o que queremos. Em contrapartida não aprecio gente que fez faculdade e não rectroalimenta os poucos conhecimentos que adquiriu.Esta gente que se autointitula de dr. e pouco sabe de tudo o que os rodeia. Não leem e não estão interessados em conhecer mais, sem qualquer tipo de curiosidade por o que quer que seja. São pessoas transitórias como lhes chamo, não no sentido em que todos o somos porque desaparecemos, mas pelo culto da ausência de valores, duma espécie de niilismo cultural e social.

sábado, 1 de junho de 2024

STATU NASCENDI- reflexões para mim própria neste final de dia quente

É pena ainda me encontrar neste estado. A minha alma nunca está satisfeita. Sou assim há mais de meio século, inquieta e hesitante, sabendo que poderia executar alguns projectos, mas que é sempre na parte final dos mesmos que dou a volta e ficam quase sempre à espera de melhor oportunidade. Esta forma de ser insegura, de considerar que os outros são sempre melhores do que eu trama-me bem tramada. Muito desta carga que possuo, a que os amigos fazem chamam law profile, e aquilo que eu digo de mim para mim é não possuir o dom e, uma timidez desconhecida pela maioria das pessoas. Com tanto treino de competências em disfarçar essas características exagerei no treino, está visto. Não consigo planear o que me acontece na vida. Julgo que está tudo planeado e eis senão quando está tudo do avesso. Vivemos numa época de niilismo, no culto de quase ausência de valores, mas isso já muitos o disseram antes de mim, estou a lembrar-me de Thomas Mann, mas podia ir a séculos anteriores até. Toda a gente tem falta de tempo num universo sem sentido. Eu vivo em contramão, com tempo para tudo. Dizem que a linguagem é a essência do ser humano. Sim, mas que não falem muito, brinco. Não gosto de gente que fale muito e muito menos que tenha opinião sobre tudo. Convicta estou que os detentores deste tipo de comportamento têm uma humanidade mais reduzida por falta de observação, no mínimo. Em que sociedade vivemos nós? Tanta mas tanta gente já se interrogou desta forma antes de mim. Filósofos, artistas, escritores, vulgares cidadãos, tantos. E por falar em escritores, Rob Riemen diz que vivemos numa sociedade Kitsch, talvez ...na falta de melhor designação.