quarta-feira, 31 de dezembro de 2025
PRESTES A ATINGIR O PLENO
As pessoas encantam-se por futilidades cada vez mais. No outro dia disseram-me que há tendências nas lojas para os enfeites da árvore de Natal, ou seja as pessoas todos os anos compram enfeites novos para estarem na moda.
Muda-se de mobília por dá cá aquela palha, já para não falar como estas pessoas ficam a pagar toda a vida a prestação do carro novo.
Como a grande maioria faz isso, acontece que já não impressionam ninguém daqueles que tanto querem impressionar, já que todos não passam dos seus próprios espelhos rachados.
O mais trágico é que a par destas estratégias da ostentação do vazio, dos que desejam ser mas não são, desta mendicidade metafísica para implorar o reconhecimento de outros seres igualmente vazios, não aumentam a inteligência, nem o saber, nem o conhecimento nem aprofundam o seu interior. Querem provar aquilo que não possuem- o poder, a inteligência, a interioridade.
Substituem todos estes valores pela confusão entre valor e preço.
Não querem e passam a não conseguir por maus hábitos adquiridos, aquilo que envelhece lentamente, que exige contemplação, paciência e espírito.
Preferem e optam por andar sempre excitados, porque se mantendo neste estado de espírito anestesiam-se de pensar, que é aquilo que não suportam.
Trata-se de gente carente, não sentem que existem.
E cada vez mais ninguém tem nada a oferecer a ninguém, porque apenas possuem coisas ou melhor dizendo, são possúidos por elas.
Vivo num lugar onde habitam muitas pessoas ligadas à construção civil. Não estudaram, entraram no mundo das obras como dizem.
A construção civil está em alta, desde que o capitalismo está em alta suprema. Os agentes deste novo capitalismo compram tudo o que impressiona os outros. Começam pelos carros, mudaram do Mercedes para os teslas. Os filhos vão de A4 ruidosas para motos potentes e mais ruidosas ainda. Rugem por todo o lado, de dia e de noite, para fazer jus à ostentação, implorando o poder do ruído.
O irónico é que todos que são possiídos por estes objectos de ostentação já nem sequer são admirados pelos outros ostentadores de ruído maior do que o seu e já ninguém os admira.
E é assim que este teatro de vaidades do vazio funciona.
A vitrine da humanidade é isto, quando o objecto passa a definir o sujeito.
A pobreza interior mede-se pelo barulho que fazem e quanto mais alto for o barulho maior é essa pobreza.
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