segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

INVERNO

Estou no Inverno e penso na Primavera e Verão. Tenho saudades, saudades de tudo, das pessoas, de situações e de alguns passeios com ou sem pessoas. Como gostaria de ser outra sendo eu, mas habitante discreta do séc. XIX, nos seus primórdios. Ando aqui sempre a navegar nas minhas dúvidas. Mergulho nelas muitas vezes. Raramente procuro ler as almas, em especial a minha, até porque cada uma está sujeita a vários estados. Neste ano maldito, mais uma vez constatei quanto tudo é efémero e volúvel e se bem que saibamos que a vida tem de ser celebrada a cada momento não o fazemos na maior parte das vezes. Na minha cara espelham-se os sentimentos.

sábado, 23 de novembro de 2024

NO DIA EM QUE

12 de Novembro - exame de rotina sentença: CANCRO INVASIVO DA MAMA FICA-SE SEM CHÃO

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

QUE PÁSSARO SERIA EU

SOU UM PÁSSARO DIURNO,EMBORA SONHE COM A LUA OBSERVO AQUELE GALHO QUEBRADO DA MINHA ÁRVORE PREFERIDA. VOU CHORAR PARA AQUELES PINHEIROS MEUS AMIGOS. PASSA ALGUÉM CÁ EMBAIXO OLHA PARA CIMA E DIZ: SAI DAÍ TU NÃO ÉS UM PÁSSARO MAS TAMBÉM NÃO ÉS UMA ALMA PENADA VOAS PARA LONGE, TÃO LONGE PRECISO DE ESTAR EM ALGUM LUGAR.

domingo, 15 de setembro de 2024

CURTA SOBRE DOENÇA

É DIFÍCIL FALAR SOBRE DOENÇAS DEGENERATIVAS. SABEMOS QUE UM LOBO COM DOR NÃO ADMITE NADA, SEMPRE OUVI O FUTURO É TÃO PERTO MAS POSSO ACRESCENTAR UM AMANHÃ, QUIÇÁ UMA SEGUNDA FEIRA OU ATÉ UM DOMINGO. QUEM ANDA PELAS REDES CONHECE EXTRATERRESTRES UMA ESPÉCIE DE CEFALÓPEDES QUE FALAM POR MANCHAS DE TINTA. ENVIARAM ESPIÕES QUE ESPECTÁCULO DIZEM-NOS: NÃO FINJAS. ESTÁS APENAS VIVO E VAIS PARA O ZOO SÓ PODES DIZER AH E OH E TAMBÉM OH-OH E AH-AH. É QUASE NO ANO PASSADO JÁ AQUI ESTIVEMOS? SE CALHAR NÃO FAMILIAR? SE CALHAR NÃO.

domingo, 9 de junho de 2024

ADMIRAÇÃO E RESPEITO

Gosto muito de pessoas autodidactas, de pessoas que por simples curiosidade e vontade de conhecer procuram saber mais e mais. Parecem bardos aproximando-se da frente. Trata-se de gente com tenacidade, possuidoras dum carácter que tem a capacidade de se defender, de lidar com os seus próprios demónios para prosseguirem. Esta atitude e libertação de coragem perante a vida que permite um pensamento independente vai-se realizando pelo crescimento individual. Estes autodidactas, lembro-me de gente que conheci que nem à escola foi e sabiam línguas porque estudavam pelos dicionários,de gente que queria compreender livros e que teve de aprender a le-los. Operários pertencentesao PCP que não conheci mas conheço a sua existência por exemplo, fazem-me lembrar Santo Agostinho nas Confissões apelando para que cada um de nós reflicta sobre três coisas todos os dias: quem somos, o que sabemos e o que queremos. Em contrapartida não aprecio gente que fez faculdade e não rectroalimenta os poucos conhecimentos que adquiriu.Esta gente que se autointitula de dr. e pouco sabe de tudo o que os rodeia. Não leem e não estão interessados em conhecer mais, sem qualquer tipo de curiosidade por o que quer que seja. São pessoas transitórias como lhes chamo, não no sentido em que todos o somos porque desaparecemos, mas pelo culto da ausência de valores, duma espécie de niilismo cultural e social.

sábado, 1 de junho de 2024

STATU NASCENDI- reflexões para mim própria neste final de dia quente

É pena ainda me encontrar neste estado. A minha alma nunca está satisfeita. Sou assim há mais de meio século, inquieta e hesitante, sabendo que poderia executar alguns projectos, mas que é sempre na parte final dos mesmos que dou a volta e ficam quase sempre à espera de melhor oportunidade. Esta forma de ser insegura, de considerar que os outros são sempre melhores do que eu trama-me bem tramada. Muito desta carga que possuo, a que os amigos fazem chamam law profile, e aquilo que eu digo de mim para mim é não possuir o dom e, uma timidez desconhecida pela maioria das pessoas. Com tanto treino de competências em disfarçar essas características exagerei no treino, está visto. Não consigo planear o que me acontece na vida. Julgo que está tudo planeado e eis senão quando está tudo do avesso. Vivemos numa época de niilismo, no culto de quase ausência de valores, mas isso já muitos o disseram antes de mim, estou a lembrar-me de Thomas Mann, mas podia ir a séculos anteriores até. Toda a gente tem falta de tempo num universo sem sentido. Eu vivo em contramão, com tempo para tudo. Dizem que a linguagem é a essência do ser humano. Sim, mas que não falem muito, brinco. Não gosto de gente que fale muito e muito menos que tenha opinião sobre tudo. Convicta estou que os detentores deste tipo de comportamento têm uma humanidade mais reduzida por falta de observação, no mínimo. Em que sociedade vivemos nós? Tanta mas tanta gente já se interrogou desta forma antes de mim. Filósofos, artistas, escritores, vulgares cidadãos, tantos. E por falar em escritores, Rob Riemen diz que vivemos numa sociedade Kitsch, talvez ...na falta de melhor designação.

domingo, 26 de maio de 2024

O POVO

Quando eu era pequenina e frequentava a escola primária, a professora mandava-nos fazer uma redacção sobre a vaca e para que servia, para que servia o leite e outras coisas assim.

Ora hoje vou falar sobre o Povo como se estivesse na escola primária como se dizia naquela época e a professora nos dissesse para fazermos uma redacção sobre o povo.



Todos enchem a boca de povo. 

O povo é um manancial fundamental para a cobrança de impostos.

O povo desde sempre foi dividido em classes e classes há, que zunem como um ninho de vespas.

O povo, a maioria, as classes trabalhadoras que alimentam as outras, caminham sob a rijeza de espartilhos, mas também a maioria assobia para o lado, outros ainda, da mesma classe trabalhadora, parecem  faunos de mármore.

Uma parte do povo espera sempre pelo seu referente, seja ele o padre ou o chefe do seu partido preferido, que por norma são de direita politicamente falando,  para emitir as suas próprias respostas.

O povo está cada vez mais incapaz de se sustentar a si próprio por conta da forma como os governantes que elegem conduzem as políticas do estado.

O povo, atravessado por camadas, é  ora atravessado por ar húmido ora por ar quente, consoante o Ministro das Finanças e o seu P.M. com as forças que lhes estão associadas, sopram.

No povo há ainda a classe dos surripiados e dos surripiadores e os que perdem o sentido moral da Coisa Pública. 

Podemos ver desfilar várias camadas e ainda os que discursam, se for necessário, em prol da humanidade.

O povo... essa entidade abstracta com odores vários, às vezes atroadores (e já estava nos meus seis/sete anos na redacção da vaca onde eu dizia que servia para dar leite e da pele podiam-se fazer várias coisas, carteiras, casacos, etc.) outras, uma colmeia de esperança que zumbe e  pica ou com ares de eubemtedisse.

O povo tem uma energia acumulada na forma de crédito inteligentemente dirigido, a mão de obra, segundo a coordenação do capital.

O povo que faz paciências no comboio, joga na raspadinha e vai a Fátima; que vai a festas e romarias onde fazem rebentar e estralejar os foguetes pelo seu santo de devoção numa espécie de Far -West americano; que é nomeado, que tem cargos bem remunerados em democracias oleadas por (de)formações várias.

O povo a vender-se aos estrangeiros com apertos de mão e pancadinhas nas costas.

O povo com toalhas cheias de nódoas e portas altas com cortinados de contas.

O povo também serve para comer ou será a vaca.?!!! Será que quando era pequenina pus  na redacção que a vaca servia para comer ou esqueci-me?! Surgiu-me agora a grande dúvida.