sexta-feira, 25 de agosto de 2023

SAUDADES

Tenho saudades do presente, do futuro e do passado.

Viver não é fácil.

Para viver com doçura, paz e alegria temos que nos alhear de muita coisa.

Para fluir, espontaneamente, é preciso ser elaborado. Encontrarmo-nos connosco é algo de perfeição minuciosa, é como acertar no alvo de muito longe.

Ser arquitecto de tantos tempos ao mesmo tempo, comentá-los e erguê-los de forma poética é erguer um templo ao tempo.

Somos simultaneamente insignificantes e 'livres'.

Voamos para o irreal, vivemos no semirreal.

O tempo escreve-nos a vida usa-nos com alma e coração.

Armemo-nos de amor e alegria para cumprimos, com responsabilidade, sermos gente.

Ser gente não é nada que se possa improvisar. São precisos muitos minutos, muitas horas, muito tempo para ser gente.  


domingo, 13 de agosto de 2023

A ÚLTIMA IDADE

PASSAMOS A VIDA A ACUMULAR PARA NO FINAL QUERERMOS DESPOJARMO-NOS DE TUDO E APENAS FICAR COM O ESSENCIAL

sábado, 27 de maio de 2023

ANDAM RESFOLEGANDO

Comprometidos, seguem-se as peripécias. 

Enleiam-se como  serpentes, parecem-se todos. Bichos repugnantes.

Pelo lado dos que assistem: uns encolhem os ombros desdenhosos e nauseados, outros querem mais, reclamam mais luta e deixam-se ir, deixam continuar. Ainda há os que reclamam que estas 'lutas' ficcionais têm de parar, é urgente voltar à realidade.

A maioria dos que se ouve falar torna-se insuportável, porque falam muito para além da sua experiência.


TODOS OS VALORES CAEM DIA A DIA.

Metemo-nos por vielas e becos, embora haja, felizmente, ainda muita gente com a cabeça no sítio, gente que privilegia o belo e a justiça. 

Alguns, falo da escumalha de alguns/muitos políticos, imprensa e comentadores ligados ao capital, até parecem existencialistas sérios mas são apenas imbecis.

Falam alto e entregam-se ao ritmo da intriga e de joguinhos reaccionários. Não são inteligentes mas cobardes e réplicas uns dos outros, incapazes de julgar o que quer que seja.

O único motivo que os move é compor a agenda pública para o poder que necessitam para as suas negociatas e o dinheiro chorudo que ganham por vomitarem baboseiras, copiando-se mutuamente para ficarem dentro do círculo.

Estão sempre a chegar novos a este terreiro, mas fazem parte da mesma fornada ressequida e bolorenta. São os que saltam dos comboios em andamento, ora estão em empresas ora andam por aí de circo televisivo em circo televisivo. Comandam o país nos seus diversos tentáculos de corrupção, estão espalhados por todo o lado, desde as faculdades ao campo com sede nas sociedades de advogados.


A comunicação social não faz uma limpeza geral, não se despeja, continua a descarregar mentiras e falácias umas a seguir às outras.

quinta-feira, 25 de maio de 2023

COERÊNCIA INTRÍNSECA

 Por vezes completamente ininteligível e para tal basta um contexto diferente.


A impureza das reacções estão, algumas vezes, na correlação directa com aquilo que se sabe e pensa sobre o mundo. Parecem quase inevitáveis as atitudes que se tomam sem contarmos. São, até diria, duma subjectividade que se nos impõe e um dos problemas, no que a mim me diz respeito, é mesmo a minha falta de benevolência intelectual para as tolerar.

Ser português é uma aventura incrível, torna-se mesmo um fracasso colectivo  e individual como consequência.

A falta de compreensão dum povo pelo mundo que o rodeia, acrescida  da necessidade de trabalhar o dobro ou o triplo para obter um rendimento para que consiga sobreviver.

A ausência de coerência em muitas atitudes que tomamos faz parte do ser humano.


Por muita dialéctica que tenha não consigo assimilar a dicotomia de certas reacções. Incarnamos em avatares. Há uma dificuldade notória, na maioria de nós de reagirmos em conformidade com os nossos princípios e ideais que defendemos e assim, chegamos à perplexidade do entendimento pelas ambiguidades que se sucedem.

A questão para mim, continua na forma do enigma grego. Por muito que repense estas e outras questões, as divergências entre mim e eu mesma, assemelham-se muito ao país e às suas práticas que divergem quase sempre das suas teorias.


quarta-feira, 24 de maio de 2023

ENCRUZILHADA REFLEXIVA ou A PESSOA E AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS

Há dias em que nos sentimos sem saber o que fazer. Parecemos que nem merecemos o nome nem a vitória da existência.

Assemelhamo-nos ao País, que farto duma ditadura de meio século, inventou uma democracia à portuguesa, da qual está farto também.

Merecemos a Vitória duma democracia de Abril?

Confundimo-nos com o país e tal como ele já nos sentimos confortáveis no nosso próprio corpo e alma, até que um dia tudo vai mudando por motivos vários, uns intrínsecos outros extrínsecos.

Concitamos esperanças ao longo dos anos para um dia termos uma velhice dourada ou pelo menos banhada em prata, mas tudo se  vai comprometendo.

Nós somos os mesmos ao longo do tempo, mas também já somos outros, mesmo em relação a nós próprios. Claro que nascemos muitas vezes e morremos outras tantas.

Sabemo-nos no entanto, portadores dum atestado de existência mas cujas consequências são sempre imprevisíveis.

Tal como o país nem sempre temos a consistência que a nossa existência implica com paciência e calma, deveríamos começar vezes amiúde um exame aprofundado de certos defeitos, de certas fragilidades que sabemos que temos e sobretudo assumir esta maioridade com coragem e sem desfalecimentos. 


Temos que ser audazes para viver a velhice. É uma idade em que já pouco nos norteamos por alguém, por isso não devemos sentir complexos de qualquer espécie.

Há quem nos conteste, sempre houve, mas é altura de internalizarmos  a imagem sem intimidações exteriores, e mesmo interiores. Esse tempo já passou.

Se nos quisermos mudas/os, será sempre por opção. A nossa vitória é estarmos vivas/os, de termos  chegado até aqui.

Exprimamos pois a nossa vontade geral de normalização da vida porque enquanto estivermos neste mundo seremos sempre escrutinadas/os, analisadas/os de alto a baixo e de trás paras a frente.


A vida é um imperativo vital. Dediquemos-lhe todo o nosso tempo.

domingo, 21 de maio de 2023

OS CIMOS

Chegamos ao cimo duma serra e duma cordilheira ao mesmo tempo e, não vimos a capela que estava no cimo do monte, porque o monte estava num cimo mais baixo.

É muito interessante chegar ao cimo, seja ele qual for. Chegar ao cimo é perceber como dizia Santo António "não és sábio se sabes mais do que importa".

Não nos confinemos,  mesmo perdidos à faixa estreita que nos é oferecida para nunca nos perdermos.


Chegarmos ao cimo é um contentamento contente.

É bom não sermos o Velho do Restelo, não sermos passivos, é bom sentirmos a necessidade da descoberta. A audácia da descoberta é uma enorme virtude.

Para chegar ao cimo, querer ver os cimos não é preciso correr muito. Não é necessário dizer muitas vezes que se corre muito, mesmo correndo.

Chegar aos cimos não é propriamente promover fontanários a catedrais, antes pelo contrário.

Os cimos são o silêncio, são o culto da justiça.

Santo António dizia que quem se reveste do mundo cai facilmente na guerra e assim veio-me à memória, o Santo, o Silêncio e o Contemplativo


.



segunda-feira, 15 de maio de 2023

PALAVRAS DITAS E NÃO DITAS

A comunicação deveria ser sempre feita por obras e acções mais do que por palavras, a palavra a existir não seria nem anterior nem a principal no contexto da comunicação. As palavras servem para construir ou destruir fronteiras, como é sabido. Por vezes o seu uso, bem como a sua ausência, através do silêncio, correspondem a muros altos. As palavras são o maior desafio ao entendimento/desentendimento. Muitos conflitos abrem-se/fecham-se tendo por uso a palavra. O que a caracteriza é a consciência superaguda da sua essência. A palavra pode ser cínica ou moeda de troca no grande jogo da comunicação. Para ser bem utilizada tem de se tomar consciência na hora em que utiliza. Se a palavra se distancia muito da prática colectiva, é desacreditada e torna-se nula. Há palavras decisivas quando bem escolhidas e reflectidas Em suma, a palavra pode ser salvífica ou mortífera.
Tenho para mim, que a comunicação é um dos maiores problemas do mundo, senão o maior.