domingo, 26 de maio de 2024

O POVO

Quando eu era pequenina e frequentava a escola primária, a professora mandava-nos fazer uma redacção sobre a vaca e para que servia, para que servia o leite e outras coisas assim.

Ora hoje vou falar sobre o Povo como se estivesse na escola primária como se dizia naquela época e a professora nos dissesse para fazermos uma redacção sobre o povo.



Todos enchem a boca de povo. 

O povo é um manancial fundamental para a cobrança de impostos.

O povo desde sempre foi dividido em classes e classes há, que zunem como um ninho de vespas.

O povo, a maioria, as classes trabalhadoras que alimentam as outras, caminham sob a rijeza de espartilhos, mas também a maioria assobia para o lado, outros ainda, da mesma classe trabalhadora, parecem  faunos de mármore.

Uma parte do povo espera sempre pelo seu referente, seja ele o padre ou o chefe do seu partido preferido, que por norma são de direita politicamente falando,  para emitir as suas próprias respostas.

O povo está cada vez mais incapaz de se sustentar a si próprio por conta da forma como os governantes que elegem conduzem as políticas do estado.

O povo, atravessado por camadas, é  ora atravessado por ar húmido ora por ar quente, consoante o Ministro das Finanças e o seu P.M. com as forças que lhes estão associadas, sopram.

No povo há ainda a classe dos surripiados e dos surripiadores e os que perdem o sentido moral da Coisa Pública. 

Podemos ver desfilar várias camadas e ainda os que discursam, se for necessário, em prol da humanidade.

O povo... essa entidade abstracta com odores vários, às vezes atroadores (e já estava nos meus seis/sete anos na redacção da vaca onde eu dizia que servia para dar leite e da pele podiam-se fazer várias coisas, carteiras, casacos, etc.) outras, uma colmeia de esperança que zumbe e  pica ou com ares de eubemtedisse.

O povo tem uma energia acumulada na forma de crédito inteligentemente dirigido, a mão de obra, segundo a coordenação do capital.

O povo que faz paciências no comboio, joga na raspadinha e vai a Fátima; que vai a festas e romarias onde fazem rebentar e estralejar os foguetes pelo seu santo de devoção numa espécie de Far -West americano; que é nomeado, que tem cargos bem remunerados em democracias oleadas por (de)formações várias.

O povo a vender-se aos estrangeiros com apertos de mão e pancadinhas nas costas.

O povo com toalhas cheias de nódoas e portas altas com cortinados de contas.

O povo também serve para comer ou será a vaca.?!!! Será que quando era pequenina pus  na redacção que a vaca servia para comer ou esqueci-me?! Surgiu-me agora a grande dúvida.

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