domingo, 23 de setembro de 2012

ESSA RODA VIVA

A vida atravessa (nos) só para vir ter connosco
Possui-nos totalmente.
Acolhe-nos, mas vigia-nos
Nunca nos deixa sós
Conhece-nos, submete-nos e mata-nos
É uma surpresa:
Sonhamo-la, sonhemo-la.
Ultimamente passamos pelas ruínas dos nossos sonhos, pela morte daquilo que foi projectado, nos sonhos duma sociedade justa com emprego, baseada no mérito e no humanismo.
Nós, a Grécia e a Espanha fizemos civilização e agora não se sabe qual os nossos fins.
Não se conhece o final deste filme.
Fernando Pessoa disse que a latitude de Lisboa é sensivelmente a de Atenas; pois é, não somos os da Revolução Industrial do norte da Europa, somos do Sul.
A vida pode ser ódio ou amor.
Vive-se o tempo do racionalismo, sem grande tempo para a transcendência.
Os acontecimentos desenrolam-se para além da vontade e do desejo.
Tivemos um grande e demorado momento, o das constatações. Temos que avançar para o das intervenções.
A vida rompe, o vento sopra
O dia nasce
A vida vigia-nos e cerca-nos nos becos sem saída.
Exila-nos por vezes
Dá-nos tudo e tira-nos tudo
Ama-nos e totaliza-nos
Transborda-nos, é este o próximo forte e sereno momento.
Somos do Sul
Generosos e sensíveis
Somos examinados, por racionalistas, como animais a libertarem-se da sua condição.
Querem-nos  nos quadros arrumadinhos
Saiamos dessa moldura e energia façamos
Vivamos.
Quase descemos dos infernos em corredores escuros da existência
Fomos humilhados
A nossa alma está aturdida
E toda esta mesquinhez dos tempos
Amesquinha-nos o futuro
Sonhemos e ao mesmo tempo AJAMOS

6 comentários:

lua vagabunda disse...

... fico sempre na dúvida se a História não nos foi mal contada, esse passado histórico é uma das minhas grandes questões relativamente a Portugal.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Quando foi dos 500 anos do Achamento, como os brasileiros dizem, estive no Brasil, fazendo parte duma Embaixada Cultural, e eles tb têm muitas dúvidas, ou melhor, antes queriam ser achados pelos Holandeses, sim, pelos holandeses, imagina.Mendigos, emigrantes, aventureiros ou não, fizemos muita coisa antes dos outros, em especial na técnica de marear. Descobrimos muita coisa e que somos empreendedores, já que a necessidade aguça o espírito, somos.
Estive em Genève hospedada na Cidade universitária, em 1979 e verifiquei isso mesmo. Éramos à época, só 3 portugueses e éramos muito bem vistos pelos demais, em especial pelos professores, gente de compêndio e obra feita. Não somos nada de deitar fora e isso vê-se quando estamos fora, não somos inferiores em nada, antes pelo contrário e sabes porquê?, digo eu, constato isso, porque sabemos quer da porca, quer do parafuso. Um Bj Manela

lua vagabunda disse...

pois é, e por isso ainda o ano passado aqui na Escolinha tive de explicar que NÃO foram os Holandeses q "descobriram" o Brasil... é mesmo curioso!!!

Sabes, acho mesmo que no individual somos (os portugueses) muitíssimo interessantes. O coletivo é que "estraga" tudo!!!
Também me tenho apercebido disso desde q estou aqui na Holanda...

Jinho muito grande

Helena disse...

Ainda bem que somos do sul. Acho que se não fosse essa nossa posição geográfico-cultural, estaríamos há muito numa inextricável depressão coletiva, de que, graças ao sol (ao vinho?...) ainda vamos escapando.
Beijo às duas, que eu agora só passo pelo fb a correr. :)

Helena disse...

Que pena, teres deixado de (te) escreveres aqui e teres substituído este exercício pelo imediatismo e volatilidade do facebook!
Lá, nada fica mais do que o tempo de um 'clic', um 'like', um 'coment' e eventualmente um 'share'.
Dito assim... tal qual é.
Não me lembro de um único post teu que lá me tenha impressionado o suficiente para me ficar na memória. Daqui há vários!

Beijo de bom dia, Homónima!

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Não deixei de escrever todos os dias, não seria possível. Faço-p há mais de 40 anos, apenas deixei de aqui colocar. Escrevo coisas íntimas, algumas difíceis de partilhar.
Não substituí o facebook por o blogue, de forma alguma, são coisas completamente distintas, lá apenas coloco o imediato, a raiva com que ando, a enorme revolta, aqui são coisas mais eleboradas no tempo,com as quais convivo há muito, é completamente diferente. De qq modo obrigada pela tua atenção. Um beijo