sexta-feira, 7 de abril de 2017

ALEGRIA

A alegria, às vezes, visita-me em raros momentos de distração.
Hoje, por exemplo, bateu-me à porta.
Fiquei sem máquina de cortar erva, quando a levei a arranjar, fiquei sem bateria no carro.
Deixei o carro e vim, ao sol inclemente, passear. Ria-me comigo e sentia uma perfeita calma, assim uma sensação de leveza, algo parecida quando  estou concentrada só na leitura, aquela sensação fabulosa que não existe o  medíocre mundo lá fora, só eu e o romance ou a poesia ou o ensaio, o que for.
Ao dar o meu passeio a pé, com aquele sol, sem chapéu, costumo usá-lo, houve um certo prazer, o prazer da descontração total, agora estou sem carro, deixa para lá, primeiro está o passeio ao sol há que o sentir.
Sim, pode ser uma liberdade frágil, mas é um liberdade e é um prazer, aquele prazer que temos quando tomamos banho e naquele momento é só isso que nos apetece.
E comecei a pensar quando cheguei do passeio ao sol sem chapéu na cabeça, vou ficar com as bochechas vermelhas, entrei no carro e disse-me, ora vamos lá resolver este problema.
O prazer demora tempo, eu  já sabia mas confirmei, não tinha necessidade de fazer aquele passeio prévio, naquelas condições de temperatura, mas estava alegre, satisfeita, controle completo duma situação que à partida, por nunca ter sucedido, me era estranha.
A alegria,  estou a pensar nisso agora, deveu-se ao facto de me ter abstraído de toda a mediocridade duma situação adversa e passar à que mais me agradava, passear nem que fosse ao sol e sem chapéu.

Sem comentários: