quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

AGRADECENDO À INSÓNIA

Chove intensamente. Acordei.
As memórias revisitaram-me esta noite. Assumiram várias formas, as da ilusão, as da substância e a insónia levou-me ao caminho da pele largada, incendiando passados, subtilizando-os.
Há noites que nos atravessam em círculos. Atravessam-nos só para virem ter connosco.
Noites que nos possuem totalmente. Embalam-nos, submetem-nos.
Esta noite foi uma dessas e entre muitos sonhos e lembranças, acordada e a dormir, estive com o Diogo, o  Diogo cão.
O Diogo era um labrador que conheci no Luso e com quem troquei mimos diariamente.
Um dia a Maria da Luz que não conhecia até então, assomou à janela do 1º andar desse belo challet rosa e perguntou-me quando queria tomar um chã com o Diogo.
De me  ver tão surpreendida, esclareceu: o Diogo Cão claro, sublinhava enfaticamente, é o seu amigo, o que vem todos os dias cumprimentá-la, esclarecendo que até lhe deixava a porta entreaberta para o efeito. Sorri e combinamos o chã para esse dia à tarde.
O Diogo era cor de mel como os seus olhos e esperava-me diariamente dando ao rabo alegremente, logo que me via a descer a rua, como se me conhecesse até à raiz.
Éramos ambos correspondidos, eu ficava contente por o ver e ele por estar comigo.
Estávamos ali sensivelmente 10m a "conversar" os dois. Ele abanava o rabo, dava a pata para me cumprimentar, chegava-se a mim e era o afecto e a alegria que nos unia.
Quando saía do Hotel do Luso onde me hospedava 17 dias por ano para fazer termas, chamava-lhe eu o descanso do guerreiro, antecipava a saída porque tinha o encontro sereno e alegre com o Diogo. Encontro que cheirava a manhã e aquela alegria verdadeira espalhava-se em mim, projectava-se em mim.
Claro que adoro cães, nem que sejam lazarentos e eles sabem porque logo se aproximam de mim, topam-me à distância, muito antes de eu os ver, mas o Diogo era um belo cão de olhar cor de mel.
Bendita insónia que me falou de ti Diogo     cão.

2 comentários:

lua vagabunda disse...

Gostei tanto... e até ouvi o Diogo a dar um béu-béu à minha querida amiga.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

obrigada Manela, vou deitar-me cheguei bastante tarde e estou muito cansada