quinta-feira, 12 de março de 2015

O TEMPO

O tempo é um bem precioso que se malbarata.
Todo o tempo de ócio, assim chamado, é tempo ganho, escutando, observando, ouvindo música, fazendo e recebendo amor, é um tempo precioso.
Ouvir a natureza, os sons-rugidos de exultação do vento, observar as pequenas e gordas nuvens brancas, sentir o perfume de flores ingénuas.
Aquele tempo em que seguimos o contador de histórias é um tempo precioso.
O ano ainda há pouco se estreou e já estamos quase a meio, na Páscoa.
O tempo pode ser um grande capricho mundanal.
Nós somos do mundo, deste mundo que apodrece e apodrecemos com ele.
Para viver temos que liquidar deuses e semideuses.
Complicamos tudo.
Diminuímos tempo ao tempo. Distraímo-nos do importante e lutamos pelo supérfluo.
Afinal o que é importante é tão pouco, conta-se pelos dedos das mãos e sobram dedos.
O tempo do tempo em que esborrachávamos os narizes contra os vidros.
O tempo em que guardávamos lembranças em cheiros e bebíamos os tempos de olhos fechados.
Levamos vidas pequeninas e estreitas e às vezes imaginamos que delas fugimos, mas não passa disso, de imaginação.
Sorver o tempo é algo de sábio, é como ouvir música ou fazer amor de olhos fechados.

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