Um dia Dores Rocha encontrou-se com um busto, um busto num sítio escondido, de um senhor cego, ali em frente a ela.
Interroga-se quem será e de onde terá vindo e porque está de costas para o mar.
Tantas perguntas e nenhuma resposta. Então virou-se para trás, logo ali, e perguntou se sabiam de quem era aquela estátua. Ninguém sabia e alguns nem a tinham visto nunca.
Decidiu que havia de saber, a sério, quem era aquele homem cego dum olho, saber tudo sobre ele já que quem o colocou ali nem nome lhe deu quase com vergonha de colocar aquela cabeça tão pequenina e tão escondidinha.
Dores Rocha continuou o seu passeio junto ao mar Atlântico, revolto, com ondas ora verdes ora azuladas ou mesmo quase amarelas.
Ela tinha medo do mar desde pequena quando a meteram nas ondas da praia sem seu consentimento, apenas porque diziam que banhos do mar faziam bem à saúde. D.R. procurava uma palavra dita sobre a sua questão, mas já obtivera a sua palavra calada. Então, de novo junto àquela escultura que a tinha posto a pensar. De repente, lembra-se: é o Luiz Vaz, só pode ser o Luiz Vaz aquele que quis conhecer outro mundo.
O Luiz Vaz que sonhou com outro mundo e que conheceu outro mundo e que nos deu a conhecer outro mundo, O MUNDO DOS AFECTOS, com sua lírica fabulosa, na enorme batalha de descobrir o encoberto.
D.R. sentia e vivia neste mundo que separa as pessoas, neste mundo injusto e desigual, então olhou o Camões no rosto e olhar o rosto obriga à responsabilidade.
Vivo neste mundo de refugiados, de emigrantes, de glaciares que caem, neste mundo dos excessos. Diz-me Luiz Vaz se estes dois mundos em que vivemos, o teu e o meu e, em especial o mundo dos nossos sonhos. Diz-me porque a ti eu digo, que os nossos mundos se relacionam, nós sonhamos com outros mundos, os mundos sonhados.
D.R. ficou com os 5 sentidos alerta, forçando por entende-los.
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