sábado, 9 de março de 2013

INDIFERENÇA

De que é feita a indiferença?
Qual a sua substância? Qual a sua natureza?
Já não estamos livres para saber perguntar e saber perguntar é conseguir estar disponível, livre, apesar de todas as distracções para que somos convocados a todo o momento, prontos a parar na estação da perplexidade.
Sempre me perguntei porque somos indiferentes a muita coisa, mas é difícil  ouvir a resposta.
Há um momento depois da pergunta e antes da resposta em que se estivermos atentos no íntimo da nossa alma sabemos que sabemos a resposta, sabemos que não a queremos ouvir, para não estragar o que sabemos.
Como se diz popularmente: uma pergunta é meia resposta. É que parece que se não soubéssemos a resposta nunca poderíamos chegar à pergunta.
Não confundamos amar a natureza, diluirmo-nos nela, ninguém dar por nós, fazer parte de um todo com indiferença.
Para ser indiferente, é necessário sermos uma espécie de eixo do mundo.
Para a maioria de nós que ama a natureza e que não chega a ser ela própria, apenas se esquece dela.
Para ser indiferente é preciso centrar as atenções em si próprio.
Ser indiferente é pois um problema de amor. Se amarmos o outro, se amarmos a natureza, nunca lhe seremos indiferente.
A  natureza pode transformar-me em repulsa e disso falarei depois. Não queria citar hoje Kant, mas lembro-me dele quando dizia: "Falam-me da beleza de um céu estrelado. Lembra-me um rosto coberto de bexigas".
Kant, um filósofo alemão que explica um pouco do desenvolvimento do pensamento alemão e vem-me à memória António Telmo, um filósofo português, falecido em 2010 suponho : "Os grandes sistemas da filosofia germânica zumbem, como um ruído sintáctico e sinfónico no espaço da mente e abatem-se de súbito sobre a terra, abrindo minas, escavando, rasgando, torturando a carne da natureza" ( apontamento das minhas fichas desde 2010).
Desde que apontei isto até agora, penso o mesmo, isto é, se calhar muito da explicação para a Alemanha fazer ondas e agitar os restantes países, é um problema de Amor, de amor à natureza.
Por isso e porque considero que a indiferença não está ao alcance de todos, prefiro ficar por aquela frase por todos nós conhecida "presunção e água benta...".


E vem tudo isto a propósito de me dizerem "sê indiferente; a indiferença é o melhor", etc.

1 comentário:

lua vagabunda disse...

"Não confundamos amar a natureza, diluirmo-nos nela, ninguém dar por nós, fazer parte de um todo com indiferença."

é tudo o que eu quero (preciso) hoje... há dias assim...