quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

AINDA ME SURPREENDO

Há coisas que me parecem uma espécie de aparição. Umas dão-me alegria, outras tristeza.
Claro que pertenço ao número daqueles que possuem experiência enraizada de estarem  grande parte da vida sós, no meu caso quase uma necessidade.
Não há ausência afectiva, há algo que radica na originalidade do meu ser.
Penso que estes seres fazem dos sentimentos quase um vício como diria Vergílio Ferreira, lembrei-me agora.
Atravessa-se a vida a tentar explicar as coisas que ela nos coloca à frente, mas ao mesmo tempo há em nós aquelas ramificações para olharmos de novo e mais uma vez e, absorver devagar e persistentemente tudo o que é diferente.
Descobre-se todos os dias coisas novas, formas superiores de humanidade, de ver e de agir.
Vem isto a propósito ou a despropósito de há pouco ter falado com uma amiga a quem tudo de negativo acontece que me dizia que ela e o mundo são incompatíveis e se morresse já hoje não ficava muito triste.
Pensei e disse de mim para mim, eu não, eu gosto da vida, gosto de aprender, de perceber novos mundos, mesmo vivendo neste mundo que apodrece não me apetece apodrecer com ele.
Para falar verdade, até agora ainda não me apeteceu morrer.
Todos os dias acho coisas novas mesmo não saindo do sítio.
O meu mundo não tem deuses que preparam tudo, por isso é difícil.
Na velhice já não se discute e eu ainda discuto.
Este crepúsculo que observo da minha janela, confirma-me isso, cada dia é um dia novo, pode ser breve a alegria ainda parafraseando Vergílio Ferreira, não tenho resposta para todas as perguntas e cada vez mais, menos respostas tenho, mas a indiferença ainda não me visitou.

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