quarta-feira, 20 de maio de 2015

OS BAGOS

retirado de SANGUE PLEBEU, PINA DE MORAIS, 1942


. bagos túmidos de sangue à Touriga

. torna verde-claro de esmeralda o bago unido e redondo da D. Branca.

. O Diagalves tem bagos de cristal, e o mês de Agosto aquece-lhe a folhagem pontiaguda dum claro dourado que encanta.

. O Rabisgato, de cepa valiosa, vara larga e comprida, dá vinho de valentia e tem os bagos dum verde-claro de certos licores.

. O Malvasia, cor-de-rosa, trazido do levante, é toda cor-de-rosa, como a romã aberta, e guarda misteriosamente o aroma e os sonhos orientais.


. O Verdelho, de folha cordiforme, é amarelo esverdeado como as lagunas ensombradas.

. O Bastardo, de bagos fechados e tão unidos que torna o cacho cilíndrico, cor de abrunho, de pele translúcida, doce e de aroma tão penetrante que incomoda.

. O Mourisco, o bago mais perfeito de todos, de pedúnculos de púrpura, cacho escadeado e solto para os bagos ficarem livres vertendo sangue sarraceno. Perfumou-o a última moira o que leva muitos a chamar à qualidade, padeira.

. O Donzelinho, de folha terminada em coração

. O Dedo de Dama, bago galante, como lindas falanges de princesa, pele fina e carne transparente.

. A Uva Salsa, a folha mais recortada de todo o Douro.

. A Tinta Amarela, tão doce e linda, de cor e aroma tão vivos, que as abelhas a procuram e a sorvem.

. O Alicante, de bago enorme, oblongo, cor de coral.

. O Chancelar, cor de oiro desmaiado, temporão e suave.

. A Tinta Cão, vinho austero, bago preto lavado de azul.

. O Sousão, que tinge e pinta tudo da sua tinta de escrever escura, inesgotável. Um nunca acabar.

. Labrusca - videira selvagem

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