domingo, 17 de maio de 2015

VONTADE

Que enorme vontade de me aproximar das pessoas inteligentes e nobres. Só inteligentes não me chega.
Sim, conheço algumas pessoas inteligentes, poucas, mas com nobreza de espírito conto-as pelos dedos das mãos.
Tenho dias que são uma enorme pausa branca, que pergunto ao fim: valeu a pena? e  o meu coração diz que não e logo vem a segunda pergunta: e a tua mãe com quem ficava?
Vivi tanto cada dia, às vezes, e agora assisto  à memória dela a dissolver-se na sombra. A minha irá a seguir.
Pergunto-me se quando estou no meio dum pensamento de cujo início já não me lembro se já não é um sinal.
Há coisas que é preciso esquecer e até apagar e até ficamos agradecidos por assim ser, sem dúvida.
Não vou entrar por este registo da memória, vou antes terminar este pensamento com rapidez para prosseguir noutros que se cruzam ou talvez este tivesse sido mais rápido e se sobrepusesse ao anterior.
Desfito os olhos e vejo o rio lá em baixo, o vento leste a rugir nas árvores, ouço o canto dos passarinhos e os foguetes, sabe-se lá por que santo tocam e, em vez de me assaltar esta mornidão, a inquietação persiste.
Hoje há almoço em família, vou ver o meu querido neto, devia estar feliz, mas nunca estou.
Sorrio. Por muito menos, muita gente é feliz.
Confesso que esta mãe indefesa  me reforça  os meus sentires.
Faz-me falta a conversa sã, inteligente e despretensiosa de gente boa, gente nobre e generosa.
Tive a sorte de em épocas da minha vida estar rodeada  de pessoas assim.
Saudades muitas, muitas.

2 comentários:

GL disse...

Como a compreendo, minha Amiga, deixe-me que a trate assim.
Dizer que sofro do mesmo mal, com a diferença de a minha mãe já ter partido, ajuda alguma coisa? Não, sei que não, mas sinto uma vontade enorme de dizer: estou consigo, comungo dessas mesmas necessidades, das carências que nos colocam uma imensidade de questões para as quais, na maioria das vezes, não temos resposta.
Abraço.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

MUITO OBRIGADA, AMIGA