domingo, 20 de dezembro de 2015

É TEMPO DE NATAL

Todos os anos se repete. As pessoas desejam Boas Festas, umas às outras, já com muito menos convicção do que antigamente.
Deseja-se que o Novo Ano seja melhor do que o anterior, sabendo à priori, que tudo vai piorar, que os preços aumentarão que as guerras continuarão,  que o capitalismo selvagem regurgitará, que o Daesh continuará a afirmar-se como um estado nazi aproveitando o fornecimento de armas dos países que se dizem contra ele.
Os povos, duma maneira geral, aqueles que contribuem duma maneira ou de outra para este 'status quo' do mundo não sabe como são regidos, porque escutam os poderes instituídos  através da imprensa, falada e escrita, que é sua pertença e os sustenta, reproduzindo a legitimidade que os executivos não possuem.
No caso português nem uma imprensa especializada possuímos como por exemplo e, para apenas falar nos vizinhos de Espanha têm, os "Cuadernos para el Diálogo", a "Revista de Estudios Políticos" ou a  "Câmbio-16".
A minha cabeleireira vota PSD e diz-se 'revolucionária', isto é, contra este estado de coisas. Está contra o desemprego, contra os despejos efectuados pelos Bancos, a pobreza medonha, a corrupção, a emigração em massa e então por isso vota PSD, para haver uma mudança efectiva porque já que fizemos tantos esforços para isto mudar, agora continuávamos até melhorar.
Reclama novas eleições já  que o povo pensa como ela e votou da mesma maneira.
Tentei explicar-lhe que a Constituição, a lei de todas as leis, não diz isso, diz antes que os votos dos eleitores são para eleger a composição das A.R. e não o P.M. retorquindo-me com a questão que se assim fosse, não vinha tanta gente importante e esclarecida à televisão dizer o contrário.
A propósito disso, já comprei uma Constituição Portuguesa e vou-lha oferecer de prenda de Natal com o objectivo de clarificar as dúvidas que possui. É evidente que os caciques locais com o padre à cabeça, legitimam estas posições de gente em que o seu único saber provém da televisão e do que nela ouve.
As pessoas estão contra a ideia de que o Natal deve ser apenas uma vez por ano e não para toda a gente, acham que os governos devem ajudar a que não haja tanta exclusão social, tanta emigração, tanta pobreza, no entanto votam PSD/CDS como acreditam que o clube de futebol da sua preferência vá ganhar o campeonato ou que o seu familiar que está a ser corroído por um cancro não morra se forem a Fátima a pé.
Acreditam da mesma forma e pelas mesmas razões, fado e fé, fé e fado, que o Governo que lá esteve anteriormente e que anunciou empobrecer o país e ir para além da troika como foi, fizesse tudo por bem e com mais uns sacrifícios nos safássemos, caso contrário todos aqueles senhores da televisão não o afirmariam tão categoricamente.
Se eles dizem e ninguém desmente é porque têm razão, é assim mais ou menos como o calcitrin que toda a gente diz que lhe faz muito bem porque o tomaram.
Os desejos de Bom Natal é assim uma espécie de árvore de Natal com muitas embalagens de calcitrin como a Simone de Oliveira propunha.
Boas Festas então, basta acreditar.
A minha pergunta é muito simples: quem nos protege dos partidos políticos corruptos, quem nos protege dos Natais consumistas e sem qualquer valor de renovação?

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