quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

ESPERAMOS SEMPRE PEQUENOS SINAIS

Esperamos sempre pequenos sinais do que dizemos, do que fazemos, da nossa passagem pelo mundo, que não chegam nunca.
A vida é um jogo que a maioria de nós não sabe jogar.
O mundo é opaco.
Todos os dias estamos a ser enganados com imagens primeiramente, seguidas de descrições que se baseiam  em não factos, isto é, factos inventados.
Enganam-nos com verdades únicas, com certezas herméticas, distanciadas.
Ocupamos um espaço físico e somos rodeados de realidades circundantes, mas por vezes somos rodeados de realidades circundantes, somos apenas um título, uma evocação, um eco.
Muitos de nós continuam a fazer fugas em frente para não analisar o passado, dando conta dos erros cometidos que poderiam até cravar-se no corpo como se de espinhos se tratasse.
Outros praticam o método das rupturas, evitando os acontecidos.
A vida tem de ter muita poesia, não se pode evitar. A poesia encontra-se no caminho, mas muitas vezes, vezes demais, fugimos-lhe, evitamos intuições, estranhamos sentidos, tropeçamos para a evitar.
Chegamos a certa altura que mesmo que não queiramos o saldo faz-nos. É o tempo do balanço, dos saldos das perdas e dos danos.
Num poema do Rui Pires Cabral lê-se- "Entre o medo e a esperança/procuramos a nossa incerta morada", é exactamente isto que acontece, a certa altura percebemos que tudo é incerto, que afinal estivemos aqui numa pequena viagem a esperar sempre os pequenos sinais que nunca aparecem, afinal faz parte desta continuação de viagem, mas a sensação hedonista, essa fica.
Será que pedimos muito à vida e que ela não nos retribuiu, ou não?
Há  aquele resto de sensação, afinal eu quase não pedi nada mas mesmo assim tive menos ainda e a esperança aparece e desaparece, às vezes aparece ao nosso lado na mesma fotografia.
O segredo talvez consista em não a olharmos passados tempos para a não acharmos demasiado amarelecida.

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