sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

INGERÊNCIAS OCIDENTAIS NA LÍBIA

Veja-se apenas o caso da Líbia:

-Manuel Valls e François  Hollande após os atentados de 13 de Novembro de 2015 em Paris falaram de uma nova intervenção internacional na Líbia, embora os assassinos fossem belgas e franceses e nunca tivessem estado na Líbia.
Nos dias 21 e 23 de Novembro de 2015, aviões Rafale descolaram do porta-aviões Charles de Gaulle e efectuaram voos de reconhecimento na cidade de Sirte.
Em 2011 os peritos em estratégia militar previam a queda do regime de Muammar Kadhafi e em alguns dias depois a chegada da democracia.
Cinco anos depois do Tratado do Atlântico Norte seria agora como que o terminar do trabalho, à semelhança do que aconteceu com os conservadores americanos para justificar a  intervenção no Iraque em 2003.

-O diplomata alemão Martin Kobler, recém nomeado como representante do secretário-geral da ONU apega-se à formação dum governo de união nacional legitimada aos olhos do Conselho de Segurança.


CONVÉM LEMBRAR QUE NA LÍBIA HÁ DOIS PARLAMENTOS.

Em 17 de Dezembro em Marrocos assina-se um acordo de conciliação nacional entre os representantes dos dois Parlamentos líbios sob a égide da Organização das Nações Unidas(ONU) e assim em 19 de  Janeiro foi designado um governo nacional com 32 ministros dirigido por um homem de negócios de Trípoli, Fayez Sarraj. Os especialistas que investigam a paz na Libia alertaram chamavam a atenção de estarem a obter um acordo sem ser validado pelo maior número dos partidos políticos líbios.

Agora verifique-se o que o alemão Kobler resolveu fazer:

Não quis saber de quem colocava questões a uma paz obtida desta forma e entendeu-se com o comandante chefe do exército nacional líbio que se opunha ao governo de Trípoli, dando-lhe garantias  como chefe de estado-maior dos exércitos. Como no acordo inter-líbio de 17 de Dezembro que o futuro governo teria  o direito de "requerer a assistência necessária das Nações Unidas, da comunidade internacional e das organizações regionais competentes", então em 23 de Dezembro a Resolução 2259 do Conselho de Segurança, adoptada por proposta britânica, ratificou-a, lembrando que A SITUAÇÃO NA LÍBIA CONSTITUI UMA AMEAÇA PARA A PAZ E A SEGURANÇA INTERNACIONAIS.  O SEU ARTIGO 12 EXORTA OS ESTADOS A AJUDAR O MAIS DEPRESSA POSSÍVEL O GOVERNO DE CONSENSO NACIONAL, A SEU PEDIDO, A LUTAR CONTRA AS AMEAÇAS QUE PESAM SOBRE A SEGURANÇA NA LÍBIA E A PRESTAR UM APOIO ACTIVO AO NOVO GOVERNO COM VISTA A VENCER A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO ISLÂMICO, OS GRUPOS QUE LHE PRESTARAM  FIDELIDADE, ANSAR AL-CHARIA E TODOS OS INDIVÍDUOS QUE OPERAM NA LÍBIA".
Assim estão lançadas as bases legais duma nova intervenção.

Entretanto a maioria dos políticos líbios consideram este acordo uma conspiração contra a Líbia e que é um acordo imposto pelo estrangeiro que não é conforme os princípios islâmicos.
Como a população está contra esta invasão estrangeira, vai-se filiando na OEI. Claro que os responsáveis políticos e militares ocidentais nada se preocupam com isso, consideram apenas que a guerra na Líbia  se resolve em algumas semanas.

Esquecia-me de dizer o mais importante é que no golfo de Sirte existe muito  petróleo, havendo aí várias milícias que fazem segurança às instalações petrolíferas, convém não esquecer ESTE PEQUENO PORMENOR.
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resumo de vários artigos lidos sobre esta matéria incluindo a  leitura do que pensa um antigo diplomata francês em Trípoli, Patrick Haimzadeh, autor da obra 'Au coeur de la Libye de Kadhafi'

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