segunda-feira, 13 de agosto de 2012

AS MINHAS PÉROLAS

A angústia começa a ser companheira de muitos portugueses e portuguesas.
A esperança definha.
Todos os dias somos massacrados, por muito simples que se seja, acaba-se sem entusiasmo e triste e este sentimento explica muita coisa.
Os gostos, as paixões, as predilecções começam a ser grosseiros. Há fragilidade moral.
Assiste-se cada vez mais as pessoas refugiarem-se em pequenas coisas.
Duma maneira geral, não são capazes de ir ao fundo das questões, de penetrar os acontecimentos, não vão para além das imagens que são fornecidas pelos média.
Sente-se um certo atordoamento no ar e de vez em quando trazem uma rajada do passado, afinal recente, a ilusão duma nova realidade.
Assistimos e fazemos parte duma espécie de loucura mansa. As amarguras e frustrações exprimem-se por certas poses ou cantorias descompassadas e desafinadas. Os meios quase todos, a não ser os mesmos clubes de políticos e seus acólitos, tornaram-se hostis e estranhos.
As pessoas tiveram a ilusão de pertencer algures, de ter eco. Os tempos da social-democracia à portuguesa, do Cavaquismo, do Guterrismo, forneceram essa ilusão, sentiam-se na companhia dos mais endinheirados, ausentaram-se das suas classes de pertença, foram seduzidos por quimeras duma forma mecânica identificaram-se, ficaram privados dos laços de amor-ódio do ambiente original.
Agora estão a retornar a si próprios, são restituídos.
Não se reconhecem, os laços romperam-se, não reconhecem esses lugares como seus.
Continuam com uma imprectível réstia de esperança, como se fora a compensação da crise que atravessam.
Tentar entender tudo isto é fundamental, perceber que duma maneira geral, se tentou esquecer a anterior condição, através de créditos bancários que os Bancos ofereciam a quem não tinha como pagar.
Perceber que muitos dos políticos e banqueiros que nos desgovernaram, com Cavaco Silva à cabeça, porque verdadeiro fundador desta quimera assente no neo-liberalismo, gente saída do povo e que a ele não queria voltar, fazendo tudo para esquecer as suas anteriores posições, caso contrário não passariam de quadros superiores e não se alcandorariam a ricos e muito ricos. Gente que se apoderou do 25 de Abril.
Criou-se um país abstracto, dentro duma Europa abstracta, com povos e problemas reais.
O objectivo da maioria hoje é manter a esperança, mesmo que assistam à sua morte e funeral.
Tudo isto é assim ou não é assim, mas eu sinto-me despaisada, enojada e preciso de levar este país a sério porque é o meu, PRECISAMOS.

2 comentários:

Helena disse...

Dói. Quando se leva a sério.

Beijo

lua vagabunda disse...

Divido este teu texto em 2 partes. A 1ª que subscrevo na íntegra e que (tb por isto) me fez deixar de tecer comentários sobre Portugal...
Deixou-se de criticar e de falar e escrever política para se passar a um rol de anedotas mais ou menos baixas e de fraco nível para quem as lê e muito mais para quem as partilha... É o que tenho visto no facebook (q é o meu contacto com os portugueses em geral) e entristece-me. É o recorrer ás "bocas", asneiras e baixezas de toda a ordem... Cansei.

A 2ª parte é no que referes ter sido a ilusão de riqueza ou de mudança social para muitos portugueses com acesso ao crédito, etc etc... Aqui não estou totalmente de acordo.
Quem teve acesso a isso foi uma parte (não sei se significativa) da população constituída pela pequena burguesia e operariado altamente qualificado.
O povo, o povo que não herdou e sempre viveu do seu trabalho assalariado nunca teve acesso a créditos e jamais fez parte dessa "comunhão" com a tal burguesia recém formada pelo tal neo-liberalismo...

É esta a noção e a ideia que tenho de Portugal. Posso estar errada, mas penso que não.

Jinhos para ti