quinta-feira, 9 de agosto de 2012

É TUDO POR BEM

O que tens que fazer é...
O que precisas é de...
Se fosse comigo reagiria assim...
Sê positiva, senão...
Porque sabes... o que se deve fazer é...:

Não proferem desejos, produzem sentenças.
E lembro-me da Ilíada naquele verso que dizia "Terríveis são os deuses quando nos aparecem às claras".
Tentam pessoas comuns amaciar-nos a existência. Sem temores são incansáveis a cinzelar-nos atitudes, talhando-nos as almas, burilam-nos as palavras e tentam fazer-nos nascer de luz.
Pessoas comuns que se substituem a psicólogos e fazem reaparecer um espírito adversário à liberdade de sentir.
Mais do que dizer aos outros, dizem a si próprios que são capazes de renovar a esperança e de fazer crepitar a fogueira.
Esta mentalidade racionalista em que apenas se valoriza a eficiência e a transcendência não tem lugar, em que se confunde dar sentido à vida, com gozar a vida, estas palavras que nos dizem para nos tornarem personagens  e não pessoas.
O que é preciso é apresentar-se bem, somar vitórias, andar muito a pé, fazer ginástica, dietas várias, ter uma grande actividade sexual, ser reduzido a um corpo, a carne. Lembro-me de em 2008 ou por aí, a televisão estatal apresentar reportagens sobre trocas de casais. Que sentido tem isto?
Anda tudo baralhado, parecem traças à volta da luz. Identidades e pensamentos baralhados. Falam inglês e não sabem português e pensam europês. Sonham com carros topo de gama, mas nem de burro sabem andar. Emerge uma geração espontânea que se espalha e é enxertada nas gerações mais antigas.
As classes políticas dominantes feitas desta gente que nem conjugar um verbo sabe, mas que se pretendem luminosos, dão conselhos a toda a gente.
São muitos e cercam tudo, os mais velhos ascendem a um lugar nas universidades seniores, se possível, recorrem às plásticas, endividando-se e o inglês é a porta aberta para a Felicidade e não só através do mercado de trabalho.
Pensar, ler, ter direito a estar triste, quase não é permitido. Estas traças que se julgam borboletas lindas, são uma espécie de "copy/paste" e replicam-se  e copiam comportamentos, a maioria das vezes sem saberem o que copiam.


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