Só para lá dos castanheiros está o mundo.
De lá sopra à noite um vento trazido pelas nuvens
e que por aqui algures vai ficando…
é ele que o transporta, por sobre os castanheiros:
“ tenho a doçura dos Anjos, e um dedal vermelho!
só para lá dos castanheiros está o mundo…”
É então que eu canto, baixinho, como fazem os grilos,
é então que o agarro, o impeço de fugir:
o meu apelo prende-lhe as articulações!
Oiço o vento que regressa em inúmeras noites:
“ comigo ardem os longes, contigo o apertado…”
Eu então canto baixinho, como fazem os grilos.
Mas se hoje a noite não se iluminar
e o vento voltar trazido pelas nuvens:
“ tenho a doçura dos Anjos, e um dedal vermelho!”
e se ele quiser passar para lá dos castanheiros -
então eu, então eu não o prenderei aqui…
Só para lá dos castanheiros está o mundo.
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