quarta-feira, 24 de maio de 2023

ENCRUZILHADA REFLEXIVA ou A PESSOA E AS SUAS CIRCUNSTÂNCIAS

Há dias em que nos sentimos sem saber o que fazer. Parecemos que nem merecemos o nome nem a vitória da existência.

Assemelhamo-nos ao País, que farto duma ditadura de meio século, inventou uma democracia à portuguesa, da qual está farto também.

Merecemos a Vitória duma democracia de Abril?

Confundimo-nos com o país e tal como ele já nos sentimos confortáveis no nosso próprio corpo e alma, até que um dia tudo vai mudando por motivos vários, uns intrínsecos outros extrínsecos.

Concitamos esperanças ao longo dos anos para um dia termos uma velhice dourada ou pelo menos banhada em prata, mas tudo se  vai comprometendo.

Nós somos os mesmos ao longo do tempo, mas também já somos outros, mesmo em relação a nós próprios. Claro que nascemos muitas vezes e morremos outras tantas.

Sabemo-nos no entanto, portadores dum atestado de existência mas cujas consequências são sempre imprevisíveis.

Tal como o país nem sempre temos a consistência que a nossa existência implica com paciência e calma, deveríamos começar vezes amiúde um exame aprofundado de certos defeitos, de certas fragilidades que sabemos que temos e sobretudo assumir esta maioridade com coragem e sem desfalecimentos. 


Temos que ser audazes para viver a velhice. É uma idade em que já pouco nos norteamos por alguém, por isso não devemos sentir complexos de qualquer espécie.

Há quem nos conteste, sempre houve, mas é altura de internalizarmos  a imagem sem intimidações exteriores, e mesmo interiores. Esse tempo já passou.

Se nos quisermos mudas/os, será sempre por opção. A nossa vitória é estarmos vivas/os, de termos  chegado até aqui.

Exprimamos pois a nossa vontade geral de normalização da vida porque enquanto estivermos neste mundo seremos sempre escrutinadas/os, analisadas/os de alto a baixo e de trás paras a frente.


A vida é um imperativo vital. Dediquemos-lhe todo o nosso tempo.

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