sexta-feira, 12 de abril de 2013

Ser SER

Pura abstracção em vez de concretude. A concretude da minha própria circunstância.
Ser um SER é uma inevitabilidade, uma obrigação não uma possibilidade. Só é uma possibilidade antes de saber que o somos.
Eu existo apenas enquanto existo, pelo menos como pessoa, com todas as minhas faculdades, inteira.
Ser SER é usar-nos desviando-nos do caminho envelhecido que levamos e gasto que apodrece neste Portugal.
Escreveu Goethe que é necessário um lustro para acontecer alguma coisa relevante na nossa vida, mas não é bem assim.
Na minha infância chamavam-me chinesa por causa do desenho dos olhos colígenos para o horizonte. Vinte anos mais tarde militei no Maoismo.
Nunca me distingui em nada, nem a jogar o peão de que muito gostava. Tive algumas redacções em exposição é verdade e, o meu nome no quadro de honra, mas sempre fui "low-profile" como muitos anos depois vim a tomar conhecimento porque várias pessoas o afirmavam.
Habilidades específicas não revelei e nunca me especializei em coisa nenhuma a não ser na não especialização, embora alguns diplomas de especializações eu tenha, até em Psicologia do Comportmento Desviante, porque será?
Sou um Ser comum entre os comuns, mas também único porque, porque igual a mim só eu.
Então como me ver através do centro de mim?
A minha imagem funde-se em mim e confunde-me.
Como fui eu, como sou eu, como serei eu?
Uma pessoa inquieta, de coração acelerado e que continua a conjugar os verbos na primeira pessoa do singular, sintoma de alguma ferida por sarar? Não  sei, mas sei que alguma vez vai deixar de ser assim.
SER não é só uma inquietação, é também um alvoroço.
Às vezes não sabemos onde pôr as saudades, as saudades dos outros em nós, mas também as saudades nossas nos outros e em nós.
Ontem comprei um "passe-partout"- continua ali, vazio.
Mas eu vou prosseguir neste cenário ou noutros, porque os cenários podem mudar um pouco, mas é inevitável prosseguir na minha essência, nesta que me dá o SER.

5 comentários:

Helena Peixoto disse...

Não concordo com a avaliação que fazes de ti. Distinguiste-te entre tantos seres e continuas a ser diferente. Com muita sabedoria, inquietude,irreverência... Desde o tempo da menina das trancinhas que recebeu o diploma com distinção da 4ª classe de então, na Escola da Trindade,Porto e fotografada pelo JN.Essa menina já tinha personalidade própria e muito talento. Também te distinguiste no Liceu Rainha Santa Isabel na disciplina de Desenho com o teu famoso Picasso, lembras-te?
Tu és uma pessoa sensível para as artes: no desenho e na fotografia que tanto aprecias e te ajuda a compreender o Mundo na sua essência.
Parabéns Helena Maria!

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

exactamente por isso, mas mesmo assim, obrigada

lua vagabunda disse...

que lindo. Amei.

Sorte a minha de te "conhecer" um bocadinho.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

OBRIGADA MANELA