segunda-feira, 16 de setembro de 2024
QUE PÁSSARO SERIA EU
domingo, 15 de setembro de 2024
CURTA SOBRE DOENÇA
domingo, 9 de junho de 2024
ADMIRAÇÃO E RESPEITO
sábado, 1 de junho de 2024
STATU NASCENDI- reflexões para mim própria neste final de dia quente
domingo, 26 de maio de 2024
O POVO
Quando eu era pequenina e frequentava a escola primária, a professora mandava-nos fazer uma redacção sobre a vaca e para que servia, para que servia o leite e outras coisas assim.
Ora hoje vou falar sobre o Povo como se estivesse na escola primária como se dizia naquela época e a professora nos dissesse para fazermos uma redacção sobre o povo.
Todos enchem a boca de povo.
O povo é um manancial fundamental para a cobrança de impostos.
O povo desde sempre foi dividido em classes e classes há, que zunem como um ninho de vespas.
O povo, a maioria, as classes trabalhadoras que alimentam as outras, caminham sob a rijeza de espartilhos, mas também a maioria assobia para o lado, outros ainda, da mesma classe trabalhadora, parecem faunos de mármore.
Uma parte do povo espera sempre pelo seu referente, seja ele o padre ou o chefe do seu partido preferido, que por norma são de direita politicamente falando, para emitir as suas próprias respostas.
O povo está cada vez mais incapaz de se sustentar a si próprio por conta da forma como os governantes que elegem conduzem as políticas do estado.
O povo, atravessado por camadas, é ora atravessado por ar húmido ora por ar quente, consoante o Ministro das Finanças e o seu P.M. com as forças que lhes estão associadas, sopram.
No povo há ainda a classe dos surripiados e dos surripiadores e os que perdem o sentido moral da Coisa Pública.
Podemos ver desfilar várias camadas e ainda os que discursam, se for necessário, em prol da humanidade.
O povo... essa entidade abstracta com odores vários, às vezes atroadores (e já estava nos meus seis/sete anos na redacção da vaca onde eu dizia que servia para dar leite e da pele podiam-se fazer várias coisas, carteiras, casacos, etc.) outras, uma colmeia de esperança que zumbe e pica ou com ares de eubemtedisse.
O povo tem uma energia acumulada na forma de crédito inteligentemente dirigido, a mão de obra, segundo a coordenação do capital.
O povo que faz paciências no comboio, joga na raspadinha e vai a Fátima; que vai a festas e romarias onde fazem rebentar e estralejar os foguetes pelo seu santo de devoção numa espécie de Far -West americano; que é nomeado, que tem cargos bem remunerados em democracias oleadas por (de)formações várias.
O povo a vender-se aos estrangeiros com apertos de mão e pancadinhas nas costas.
O povo com toalhas cheias de nódoas e portas altas com cortinados de contas.
O povo também serve para comer ou será a vaca.?!!! Será que quando era pequenina pus na redacção que a vaca servia para comer ou esqueci-me?! Surgiu-me agora a grande dúvida.
terça-feira, 21 de maio de 2024
LEITOR- deambulações
Entidade muita importante da história.
Sem leitor a história não possui passaporte para abrir a fronteira do que nela é narrado.
O leitor é um segundo escritor, aquele que reconta a história à sua forma.
Ser leitor não é fácil para muitos.
Em primeiro lugar é preciso ter uma enorme curiosidade em relação à natureza humana, gostar que lhe contem histórias quando o seu género preferido for o romance, ter o desejo de viver aventuras que se de outra forma fosse lhe seria quase impossível.
As personagens dum romance são testadas pelo autor e reagem muitas vezes à pressão que este lhes coloca, tornando a ficção mais real que a própria realidade e nós, os leitores, deixamo-nos ir com a personagem, tornamo-nos amigos ou mesmo familiares e criamos uma relação especial.
É uma sorte podermos ter as personagens e o narrador à nossa espera quando temos que nos ausentar e saber que haja o que houver eles esperam por nós.
Com tanta vaga de desinformação os leitores deviam ter aumentado, mas não sei se tal aconteceu, se calhar não.
Livros são os amigos que não nos pedem nada em troca e fazem o caminho connosco.
Queridos livros voltarei aqui, já sabem que comigo podem contar.
domingo, 19 de maio de 2024
GENTE
Ninguém está instalado por muito tempo nas suas trincheiras, embora alguns assim pensem.
Todos temos que fazer as nossas aprendizagens.
Há gente que tem ligações com os infernos, mas também para esses não haverá tempo depois do tempo.
Há quem viva 5 mil gerações, quem viva milhares de anos e possua muitos corpos e quem acredite na teoria da reencarnação.
Certo é que todos nós somos seres em desenvolvimento, inacabados.
Alguns de nós possuem uma qualquer cólera rubra que arruína as nossas vidas e a dos outros.
Há quem apodreça sem dar conta e quem se aperceba do cheiro a putrefacto. Há quem viva na escuridão forçada e outros, voluntária.
Há vidas que são completos naufrágios.
Sim, há de tudo, mas durante o tempo que nos foi dado andar por cá, temos obrigação de sermos e fazermos o melhor que soubermos e conseguirmos.
Lembro-me de "As Palavras e as Coisas" de Foucault, seguidor de Nietzsche, em que era dito como no estruturalismo, que o sujeito está em algum lugar da trama da História. O sujeito não constitui a realidade, esta é apropriada pelo sujeito como dizia Heidegger.
Mas não vou aqui e agora discutir sobre este tema senão saio do texto como já saí, já tive que cortar duas ou três partes em que falava de Sartre e Marx que criticavam a modernidade capitalista e onde o sujeito, para ambos, acabou como ponto de partida, por isso eram críticos, aliás foi sempre isso que esteve subjacente no meu texto e ficou apenas nas laterais, já que a conversa é como as cerejas e este meu diário tem destas coisas, por vezes comanda-me e eu corro atrás dele.
sexta-feira, 17 de maio de 2024
CONTRABANDO DE CONSCIÊNCIAS
Há um fio condutor na comunicação entre os comentadores dos canais televisivos.
A retórica é sempre a mesma, tirando um ou dois casos.
Todos conhecem a quantidade das pancadinhas que devem aplicar em cima da mesa com os nós dos dedos para se fazerem perceber.
De quando em vez aparece um novato/a neste clube dos contrabandistas de consciências, mas já conhecem aquela linguagem ou aprendem depressa, apenas têm dificuldade na gramática.
Este fenómeno dos novos trapaceiros/as é relativamente recente e deduzo que apenas se deva a não haver assuntos suficientes ou notícias capazes de preencherem o vazio do tempo que os canais compraram para emissão e, como não apostam em programas educativos ou culturais, retirando o canal 2, e muito em especial a horas capazes de serem vistos, colocam a 'prata da casa', leia-se jornalistas do próprio canal, a maioria, para preencherem os vazios evitando a apresentação de mais big brothers, com a convicção que estas novas telenovelas não deixem cair audiências drasticamente.
Debates intensos e menos intensos, mais cretinos ou menos estúpidos com especialistas e analistas disto e daquilo e muitos, paletes de politólogos. Todos têm uma imaginação bastante limitada, aliás creio mesmo, que esta tem uma correlação directa com aquilo que auferem por essas falas que devem sair a voz de quem lhes paga. Têm uma espécie de base e cada um coloca um óleo diferente.
Homens e mulheres medrosos/as e destituídas de rectidão apaixonada e espírito de luta audaz, É ASSIM QUE LEIO ESTES COMENTADORES/AS, SEJAM EX-POLÍTICOS OU FUTUROS.
quarta-feira, 15 de maio de 2024
RESIDÊNCIA DE SOMBRAS
As redes sociais, duma maneira geral, são residências de sombras.
Formam-se nos nossos espíritos imagens, imagens que por sua vez são transmitidas por código.
Poderíamos descrever por palavras as pessoas que nunca vimos a não ser por fotografia umas e por sinais codificados outras, i. é, com caras de flores, rostos tapados como antigamente as judias de classe inferior.
Também poderíamos concluir que a realidade existe em certas exibições de vontade e de espírito manifestada pelo mesmo processo e então concluiríamos que só o espírito é real.
De certo modo, todos somos nas redes, uma colecção de animais em viagem.
É uma procissão interminável de caras "talvez conheças".
As ideias que colocam nos seus sítios não fermentam muito, é mais o 'copy-past', esse sim, sempre em ebulição, não sei se por falta de ideias ou por medo de se manifestarem, receando a sua própria identidade.
A maioria das criaturas que se passeiam por estes caminhos gostam de ser admiradas e fazem de tudo para que tal aconteça, outras há, coscuvilheiras, que apenas espreitam pela janela ou pela porta para reduzirem a sua ansiedade e solidão diárias, deslocam-se sorrateiramente em bicos de pés, sem deixar rasto, porque não se fazem acompanhar nem de rato por um segundo e assim
vai
a
animália
sexta-feira, 10 de maio de 2024
DA VIDA OU PENSAR A/NA CIDADE
A rua é uma excelente escola de exercícios filosóficos.
Nenhum de nós, passageiros que a habitamos a explodir de ilusões, sabe a verdade de quem connosco se cruza.
Os percursos de cada um misturam-se. Arrastados uns, infelizes outros, seres que sobrevivem aos anos e aos tormentos, alegres e felizes tantos.
Não nos fazemos perguntas, divagamos por e para dentro de nós.
Tenho a certeza que nos séculos distantes assim seria, mesmo em séculos anteriores a Cristo e até ao último homem/mulher assim será.
Hoje já nem olhamos uns para os outros como disfarçadamente fazíamos a imaginar se são felizes, donde vêm, para onde vão, em que pensam. Olha-se para as montras, apontam-se as máquinas fotográficas a reter algum pormenor e caminha-se por entre rostos e corpos de trabalhadores, de mendigos, de turistas que estão de passagem como todos nós, emoldurados pelo sistema disciplinador que nos enforma dentro de etiquetas várias, embora pertençamos a uma categoria apenas - as dos sobreviventes, gente indefesa à sua sorte, embora haja quem se considere livre.
Tantas histórias tão diferentes e tão substancialmente parecidas, pelo que há os espíritos activos e os espíritos passivos, quem se ocupe da quadratura do círculo e quem ache isso impossível, quem desdobre a sua personalidade em duas e ainda aqueles que têm ódio ao mundo todo.
As ruas que nos libertam e as que nos encerram são as mesmas que nos dão vida, memórias e alegrias.
Os inconscientes, os conscientes, os que adormecem as consciências, os que gritam como chacais para dentro e os que rugem como leões para fora. Todos coexistem nas ruas das cidades, do cosmos.
As cidades do meu país são cada vez mais cosmopolitas e de mais difícil leitura, repletas que estão e sem ângulo de observação por escassez de espaço.