segunda-feira, 16 de setembro de 2024

QUE PÁSSARO SERIA EU

SOU UM PÁSSARO DIURNO,EMBORA SONHE COM A LUA OBSERVO AQUELE GALHO QUEBRADO DA MINHA ÁRVORE PREFERIDA. VOU CHORAR PARA AQUELES PINHEIROS MEUS AMIGOS. PASSA ALGUÉM CÁ EMBAIXO OLHA PARA CIMA E DIZ: SAI DAÍ TU NÃO ÉS UM PÁSSARO MAS TAMBÉM NÃO ÉS UMA ALMA PENADA VOAS PARA LONGE, TÃO LONGE PRECISO DE ESTAR EM ALGUM LUGAR.

domingo, 15 de setembro de 2024

CURTA SOBRE DOENÇA

É DIFÍCIL FALAR SOBRE DOENÇAS DEGENERATIVAS. SABEMOS QUE UM LOBO COM DOR NÃO ADMITE NADA, SEMPRE OUVI O FUTURO É TÃO PERTO MAS POSSO ACRESCENTAR UM AMANHÃ, QUIÇÁ UMA SEGUNDA FEIRA OU ATÉ UM DOMINGO. QUEM ANDA PELAS REDES CONHECE EXTRATERRESTRES UMA ESPÉCIE DE CEFALÓPEDES QUE FALAM POR MANCHAS DE TINTA. ENVIARAM ESPIÕES QUE ESPECTÁCULO DIZEM-NOS: NÃO FINJAS. ESTÁS APENAS VIVO E VAIS PARA O ZOO SÓ PODES DIZER AH E OH E TAMBÉM OH-OH E AH-AH. É QUASE NO ANO PASSADO JÁ AQUI ESTIVEMOS? SE CALHAR NÃO FAMILIAR? SE CALHAR NÃO.

domingo, 9 de junho de 2024

ADMIRAÇÃO E RESPEITO

Gosto muito de pessoas autodidactas, de pessoas que por simples curiosidade e vontade de conhecer procuram saber mais e mais. Parecem bardos aproximando-se da frente. Trata-se de gente com tenacidade, possuidoras dum carácter que tem a capacidade de se defender, de lidar com os seus próprios demónios para prosseguirem. Esta atitude e libertação de coragem perante a vida que permite um pensamento independente vai-se realizando pelo crescimento individual. Estes autodidactas, lembro-me de gente que conheci que nem à escola foi e sabiam línguas porque estudavam pelos dicionários,de gente que queria compreender livros e que teve de aprender a le-los. Operários pertencentesao PCP que não conheci mas conheço a sua existência por exemplo, fazem-me lembrar Santo Agostinho nas Confissões apelando para que cada um de nós reflicta sobre três coisas todos os dias: quem somos, o que sabemos e o que queremos. Em contrapartida não aprecio gente que fez faculdade e não rectroalimenta os poucos conhecimentos que adquiriu.Esta gente que se autointitula de dr. e pouco sabe de tudo o que os rodeia. Não leem e não estão interessados em conhecer mais, sem qualquer tipo de curiosidade por o que quer que seja. São pessoas transitórias como lhes chamo, não no sentido em que todos o somos porque desaparecemos, mas pelo culto da ausência de valores, duma espécie de niilismo cultural e social.

sábado, 1 de junho de 2024

STATU NASCENDI- reflexões para mim própria neste final de dia quente

É pena ainda me encontrar neste estado. A minha alma nunca está satisfeita. Sou assim há mais de meio século, inquieta e hesitante, sabendo que poderia executar alguns projectos, mas que é sempre na parte final dos mesmos que dou a volta e ficam quase sempre à espera de melhor oportunidade. Esta forma de ser insegura, de considerar que os outros são sempre melhores do que eu trama-me bem tramada. Muito desta carga que possuo, a que os amigos fazem chamam law profile, e aquilo que eu digo de mim para mim é não possuir o dom e, uma timidez desconhecida pela maioria das pessoas. Com tanto treino de competências em disfarçar essas características exagerei no treino, está visto. Não consigo planear o que me acontece na vida. Julgo que está tudo planeado e eis senão quando está tudo do avesso. Vivemos numa época de niilismo, no culto de quase ausência de valores, mas isso já muitos o disseram antes de mim, estou a lembrar-me de Thomas Mann, mas podia ir a séculos anteriores até. Toda a gente tem falta de tempo num universo sem sentido. Eu vivo em contramão, com tempo para tudo. Dizem que a linguagem é a essência do ser humano. Sim, mas que não falem muito, brinco. Não gosto de gente que fale muito e muito menos que tenha opinião sobre tudo. Convicta estou que os detentores deste tipo de comportamento têm uma humanidade mais reduzida por falta de observação, no mínimo. Em que sociedade vivemos nós? Tanta mas tanta gente já se interrogou desta forma antes de mim. Filósofos, artistas, escritores, vulgares cidadãos, tantos. E por falar em escritores, Rob Riemen diz que vivemos numa sociedade Kitsch, talvez ...na falta de melhor designação.

domingo, 26 de maio de 2024

O POVO

Quando eu era pequenina e frequentava a escola primária, a professora mandava-nos fazer uma redacção sobre a vaca e para que servia, para que servia o leite e outras coisas assim.

Ora hoje vou falar sobre o Povo como se estivesse na escola primária como se dizia naquela época e a professora nos dissesse para fazermos uma redacção sobre o povo.



Todos enchem a boca de povo. 

O povo é um manancial fundamental para a cobrança de impostos.

O povo desde sempre foi dividido em classes e classes há, que zunem como um ninho de vespas.

O povo, a maioria, as classes trabalhadoras que alimentam as outras, caminham sob a rijeza de espartilhos, mas também a maioria assobia para o lado, outros ainda, da mesma classe trabalhadora, parecem  faunos de mármore.

Uma parte do povo espera sempre pelo seu referente, seja ele o padre ou o chefe do seu partido preferido, que por norma são de direita politicamente falando,  para emitir as suas próprias respostas.

O povo está cada vez mais incapaz de se sustentar a si próprio por conta da forma como os governantes que elegem conduzem as políticas do estado.

O povo, atravessado por camadas, é  ora atravessado por ar húmido ora por ar quente, consoante o Ministro das Finanças e o seu P.M. com as forças que lhes estão associadas, sopram.

No povo há ainda a classe dos surripiados e dos surripiadores e os que perdem o sentido moral da Coisa Pública. 

Podemos ver desfilar várias camadas e ainda os que discursam, se for necessário, em prol da humanidade.

O povo... essa entidade abstracta com odores vários, às vezes atroadores (e já estava nos meus seis/sete anos na redacção da vaca onde eu dizia que servia para dar leite e da pele podiam-se fazer várias coisas, carteiras, casacos, etc.) outras, uma colmeia de esperança que zumbe e  pica ou com ares de eubemtedisse.

O povo tem uma energia acumulada na forma de crédito inteligentemente dirigido, a mão de obra, segundo a coordenação do capital.

O povo que faz paciências no comboio, joga na raspadinha e vai a Fátima; que vai a festas e romarias onde fazem rebentar e estralejar os foguetes pelo seu santo de devoção numa espécie de Far -West americano; que é nomeado, que tem cargos bem remunerados em democracias oleadas por (de)formações várias.

O povo a vender-se aos estrangeiros com apertos de mão e pancadinhas nas costas.

O povo com toalhas cheias de nódoas e portas altas com cortinados de contas.

O povo também serve para comer ou será a vaca.?!!! Será que quando era pequenina pus  na redacção que a vaca servia para comer ou esqueci-me?! Surgiu-me agora a grande dúvida.

terça-feira, 21 de maio de 2024

LEITOR- deambulações

Entidade muita importante da história.

Sem leitor a história não possui passaporte para abrir a fronteira do que nela é narrado.

O leitor é um segundo escritor, aquele que reconta a história à sua forma.

Ser leitor não é fácil para muitos.

Em primeiro lugar é preciso ter uma enorme curiosidade em relação à natureza humana, gostar que lhe contem histórias quando o seu género preferido for o romance, ter o desejo de viver aventuras que se  de outra forma fosse lhe seria quase impossível.

As personagens dum romance são testadas pelo autor e reagem muitas vezes à pressão que este lhes coloca, tornando a ficção mais real que a própria realidade e nós, os leitores, deixamo-nos ir com a personagem, tornamo-nos amigos ou mesmo familiares e criamos uma relação especial.

É uma sorte podermos ter as personagens e o narrador à nossa espera quando temos que nos ausentar e saber que haja o que houver eles esperam por nós. 

Com tanta vaga de desinformação os leitores deviam ter aumentado, mas não sei se tal aconteceu, se calhar não.

Livros são os amigos que não nos pedem nada em troca e fazem o caminho connosco.

Queridos livros voltarei aqui, já sabem que comigo podem contar.




domingo, 19 de maio de 2024

GENTE

Ninguém está instalado por muito tempo nas suas trincheiras, embora alguns assim pensem.

Todos temos que fazer as nossas aprendizagens.

Há gente que tem ligações com os infernos, mas também para esses não haverá tempo depois do tempo.

Há quem viva  5 mil gerações, quem viva milhares de anos  e possua muitos corpos e quem acredite na teoria da reencarnação.

Certo é que todos nós somos seres em desenvolvimento, inacabados.

Alguns de nós possuem uma qualquer cólera rubra que arruína as nossas vidas e a dos outros.

Há quem apodreça sem dar conta e quem se aperceba do cheiro a putrefacto. Há quem viva na escuridão forçada e outros, voluntária.

Há vidas que são completos naufrágios.

Sim, há de tudo, mas durante o tempo que nos foi dado andar por cá, temos obrigação de sermos e fazermos o melhor que soubermos e conseguirmos.

Lembro-me de "As Palavras e as Coisas" de Foucault, seguidor de Nietzsche, em que era dito como no estruturalismo, que o sujeito está em algum lugar  da trama da História. O sujeito não constitui a realidade, esta é apropriada pelo sujeito como dizia Heidegger.

Mas não vou aqui e agora discutir sobre este tema senão saio do texto como já saí, já tive que cortar duas ou três partes em que falava de Sartre e Marx que criticavam a modernidade capitalista e onde o sujeito, para ambos, acabou como ponto de partida, por isso eram críticos, aliás foi sempre isso que esteve subjacente no meu texto e ficou apenas nas laterais, já que a conversa é como as cerejas e este meu diário tem destas coisas, por vezes comanda-me e eu corro atrás dele. 




sexta-feira, 17 de maio de 2024

CONTRABANDO DE CONSCIÊNCIAS

 Há um fio condutor na comunicação entre os comentadores dos canais televisivos.

A retórica é sempre a mesma, tirando um ou dois casos.


Todos conhecem a quantidade das pancadinhas que devem aplicar em cima da mesa com os nós dos dedos para se fazerem perceber.

De quando em vez aparece um novato/a neste clube dos contrabandistas de consciências, mas já conhecem aquela linguagem ou aprendem depressa, apenas têm dificuldade na gramática.


Este fenómeno dos novos trapaceiros/as é relativamente recente e deduzo que apenas se deva a não haver assuntos suficientes ou notícias capazes de preencherem o vazio do tempo que os canais compraram para emissão e, como não apostam em programas educativos ou culturais, retirando o canal 2, e muito em especial a horas capazes de serem vistos, colocam a 'prata da casa', leia-se jornalistas do próprio canal, a maioria, para preencherem os vazios evitando a apresentação de mais big brothers, com a convicção que estas novas telenovelas não deixem cair audiências drasticamente.

Debates intensos e menos intensos, mais cretinos ou menos estúpidos com especialistas  e analistas disto e daquilo e muitos, paletes de politólogos. Todos têm uma imaginação bastante limitada, aliás creio mesmo, que esta tem uma correlação directa com aquilo que auferem por essas falas que devem sair a voz de quem lhes paga. Têm uma espécie de base e cada um coloca um óleo diferente.

Homens e mulheres medrosos/as e destituídas de rectidão apaixonada e espírito de luta audaz, É ASSIM QUE LEIO ESTES COMENTADORES/AS, SEJAM EX-POLÍTICOS OU FUTUROS.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

RESIDÊNCIA DE SOMBRAS

 As redes sociais, duma maneira geral, são residências de sombras.

Formam-se nos nossos espíritos imagens, imagens que por sua vez são transmitidas por código.

Poderíamos descrever por palavras as pessoas que nunca vimos a não ser por fotografia umas e por sinais codificados outras, i. é, com caras de flores, rostos tapados como antigamente as judias de classe inferior. 

Também poderíamos concluir que a realidade existe em certas exibições de vontade e de espírito manifestada pelo mesmo processo e então concluiríamos que só o espírito é real.


De certo modo, todos somos nas redes, uma colecção de animais em viagem.

É uma procissão interminável de caras "talvez conheças".

As ideias que colocam nos seus sítios não fermentam muito, é mais o 'copy-past', esse sim, sempre em ebulição, não sei se por falta de ideias ou por medo de se manifestarem, receando a sua própria identidade.

A maioria das criaturas que se passeiam por estes caminhos gostam de ser admiradas e fazem de tudo para que tal aconteça, outras há, coscuvilheiras, que apenas espreitam pela janela ou pela porta para reduzirem a sua ansiedade e solidão diárias, deslocam-se sorrateiramente em bicos de pés, sem deixar rasto, porque não se fazem acompanhar nem de rato por um segundo e assim

vai

a


animália






sexta-feira, 10 de maio de 2024

DA VIDA OU PENSAR A/NA CIDADE

 A rua é uma excelente escola de exercícios filosóficos.

Nenhum de nós, passageiros que a habitamos a explodir de ilusões, sabe a verdade de quem connosco se cruza.

Os percursos de cada um misturam-se. Arrastados uns, infelizes outros, seres que sobrevivem aos anos e aos tormentos, alegres e felizes tantos.

Não nos fazemos perguntas, divagamos por e para dentro de nós.

Tenho a certeza que  nos séculos distantes  assim seria, mesmo em séculos anteriores a Cristo e até ao último homem/mulher assim será.

Hoje já nem olhamos uns para os outros como disfarçadamente fazíamos a imaginar se são felizes, donde vêm, para onde vão, em que pensam. Olha-se para as montras, apontam-se as máquinas fotográficas a reter algum pormenor e caminha-se por entre rostos e corpos de trabalhadores, de mendigos, de turistas que estão de passagem como todos nós, emoldurados pelo sistema disciplinador que nos enforma dentro de etiquetas várias, embora pertençamos a uma categoria apenas - as dos sobreviventes, gente indefesa à sua sorte, embora haja quem se considere livre.

Tantas histórias tão diferentes e tão substancialmente parecidas, pelo que há os espíritos activos e os espíritos passivos, quem se ocupe da quadratura do círculo e quem ache isso impossível, quem desdobre a sua personalidade em duas e ainda  aqueles que têm ódio ao mundo todo.

As ruas que nos libertam e as que nos encerram são as mesmas que nos dão vida, memórias e alegrias.

Os inconscientes, os conscientes, os que adormecem as consciências, os que gritam como chacais para dentro e os que rugem como leões para fora. Todos coexistem nas ruas das cidades, do cosmos.

As cidades do meu país são cada vez mais cosmopolitas e de mais difícil leitura,  repletas que estão e sem ângulo de observação por escassez de espaço.