sábado, 31 de outubro de 2009

COMO É DIFÍCIL ou A LEI DE LAVOISIER VISTA DE OUTRO ÂNGULO




Para andarmos por cá temos que fazer muitos esforços, estar com muita atenção, não prevaricar, cumprir as regras.
É muito difícil viver!
Temos que comer laranjas, pimentos e ingerir muito Ómega 3 que se encontra, por exemplo, nas sardinhas.
Para quem não gosta de sardinhas, peixes gordos ou pimentos tem algumas dificuldades. Os dedos das mãos podem adormecer e é um aborrecimento.
Temos que dormir as horas todas, não podemos engordar, é absolutamente necessário falar com pessoas e trabalharmos até morrer.
Não há tempo para seguirmos a nossa vontade, o nosso desejo. Os que o fazem são mal vistos, são pessoas desleixadas com a sua saúde, passam a ser pesados para o Estado, para as famílias, como se diz, para a sociedade.
A população renova-se a ritmo muito lento e não provém às necessidades. Os velhos duram mais tempo. O Estado não os pode sustentar e, em especial, às suas doenças.
É preciso educar para a velhice. Já não é querer estar doente é também não se dever estar doente, a sociedade passa a ver as pessoas que adoecem com maus olhos - são encargos.
O bom mesmo era morrer antes de chegar a velho, ali após a reforma, pois já se tinha contribuído para a SOCIEDADE.
Claro que nessa altura já não era preciso abrir tantas clínicas. Em cada virar de esquina há uma clínica: clínica do osso, clínica do dente, clínica da cabeça, clínica do pé e por aí em diante. É difícil saber se estas novas "fábricas" produzem saúde.
Não lhe posso chamar lojas porque não se vai comprar lá nada, nem centros de entretenimento e lazer. Fica complicado dar-lhes um nome adequado e sugestivo. Chamei-lhe"novas fábricas", apenas porque são elas que empregam as pessoas indiferenciadas e não só, a par com os shoppings. Os Bancos, essas instituições de produção de pornografia, são os patrões e os médicos os novos funcionários bancários.

Ou será que as clínicas querem tratar dos velhos como as agências de viagem, com os seus novos produtos dourados e séniores? Nesse caso, deveria apelidá-las de instituições de caridade, no sentido em que querem colaborar com esta gente que já não produz, mas ainda recebe as suas reformas e precisa de as gastar alegremente, para tudo voltar à cadeia do sistema "capitalista, oportunista"? Não. Tão só, benemérito!

Faz lembrar, em certa medida a cadeia alimentar. Come-se, defeca-se e o que aí é pruduzido pode servir de adubo para os novos alimentos crescerem mais bonitos e saudáveis.

Bem vistas as coisas, os milhares de clinícas que por aí existem apenas cumprem a lei de Lavoisier ou serão assim uma espécie de enormes recipientes de compostagem?

Não sejamos ingratos nem injustos, elas apenas colaboram no processo de cura de salsichas, chouriços (é uma questão de gosto) em que nós, pessoas, nos transformamos nesta sociedade do cifrão, quero dizer, BENEMÉRITA.

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