terça-feira, 20 de outubro de 2009

MOBILIZAÇÃO PORTUGUESA





No meu País as pessoas mobilizam-se por coisas engraçadas e pequeninas.

Este mês já se mobilizaram (= puseram-se de pé para falar) duas vezes. A primeira pela acrtiz brasileira Maitê Proença ter insultado os portugueses num vídeo com passagem na televisão brasileira, a segunda pelo Nobel José Saramago dizer que a bíblia era um tratado de maus costumes.
O meu país tem coisas que a razão desconhece. O povo não se levanta contra os capitalistas, contra o Sr. Van Zeller que diz que o ordenado mínimo não deve ser aumentado de 8o cêntimos por dia, pois seria um sarilho para as pequenas empresas que vivem de ordenados baixos.
O meu país não se mobiliza contra a pobreza em que muitos milhares de jovens estão a cair e no desalento depressivo por não conseguirem emprego. O meu país não se mobiliza contra o crime organizado que o gang dos banqueiros executa diariamente.
Não, o meu país fica encanitado do juízo quando uma actrizinha da telenovela brasileira cospe numa fonte em Portugal ou o nosso único Nobel diz que lê a Bíblia como sendo um manual de maus costumes. O meu país é uma anedota que se não entende, daquelas que nem ao fim nos faz rir, porque é tão boa, tão boa, que não conseguimos apanhar.

Há pessoas, portugueses que quando vão ao estrangeiro e para identificar o país de que são oriundos, dizem ser conterrâneos do Cristiano Ronaldo, antes diziam ser da Amália ou do Eusébio. Esses portugueses que assim procedem têm agora mais uns cartões de visita para oferecer no estrangeiro - nós somos um povo que não frequentando missas, que não gostando da inquisição, que cuspindo no chão a torto e a direito, que contando anedotas sobre alentejanos, que criticando tudo e todos, não gostamos, não suportamos, ficamos zangados com quem diga mal da Bíblia que ninguém leu ou quem cuspa numa fonte dum monumento histórico, já que não é a mesma coisa que cuspir no chão, diabo!
Somos ou não um povo curioso?
Amo o meu país, mas juro que não faço parte da anedota e nisso estou acompanhada de milhões de portugueses.
O problema é que uma minoria é que dá o mote, é que o todo é visto pela parte, é que uma andorinha se confunde com a Primavera e depois o que acontece é isto - A ANEDOTA que muitos até não entendem, felizmente.

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