quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A VIDA

Na maior parte do tempo  a vida é rotina, não querendo com isto dizer que apenas tenha uma dimensão no dia a dia, que não tenha profundidades complexas em níveis de entendimento.
Há alturas em que a morte vem ter connosco ou através de doença nossa ou dos outros ou mesmo através da morte propriamente dita, mas também há outras mortes com que nos debatemos e  acontece, não raro, renascermos a todas elas e desdobramo-nos em múltiplos sentidos e o mundo que é composto de mudança, como disse Camões, é  sentido por nós como poesia, porque a Vida está cheia de poesia.
O Mundo e a sucessão das coisas que acontecem assemelha-se a um caleidoscópio, tal como ele, está sempre a girar, às vezes sentimo-nos engenheiros(as) florestais ao engate nas clareiras de pinheiros e de carvalhos seculares, outras o perfume do tédio amedronta-nos.
Há no entanto quotidianos que deixam cicatrizes, talvez a procura da felicidade implique o prévio reconhecimento da inevitabilidade da tristeza e da incompletude.
Mas acontece que a vida faz sentido no riso das crianças, no barulho das ondas do mar, no vento e quando o calor da terra começa a levantar-se.
O mundo está sempre a nascer. Morrem uns e nascem outros e tudo continua.
O passado é só memória, permanece lá, não há trasfega, como se nos esperasse desde o fundo dos tempos.
O mundo mudou, muda sempre, à medida que as nossas vidas mudam o mundo em que vivemos.
É difícil seguir o caminho, porque há muito imprevisto no caminho e por muitos resumos que se façam ou fios que se cruzem ele está sempre à nossa espera, do nosso olhar, do nosso sentir, nós é que às vezes chegamos a um impasse de passos ou então outros os dão por nós e contra nossa vontade.
Não raro concluímos que a história podia começar no preciso momento em que finda.

2 comentários:

Helena disse...

Gostei muito, Homónima! Muito mesmo. Está aqui muito do que também eu digo.

Bom dia, amiga, para além das mortes e apesar da morte, o mundo pula e avança.

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

A ler-te e a receber a notícia que uma conhecida daqui tinha falecido. Pessoa nova, cancro de novo. Bj Homónima