quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

NATAL/NATAIS

E vem-nos à memória outros anos, outros Natais, outras reuniões familiares.
As famílias fazem-se e refazem-se.
Os rostos nem sempre permanecem ao longo dos anos.
Os divórcios e as mortes trazem-nos outros rostos e ausências.
Na minha família ainda somos fieis ao Natal e à reunião dos que sobrevivem, ainda trocamos prendas, ainda nos excitamos com o Natal, quanto mais não seja para dizer que ele não devia existir.
Habituamo-nos a festejar com os adereços que vimos usar os pais e avós. Todos eles nos fazem sentido, quanto mais não seja um sentido ao nível da imagem.
Ainda cumprimos os rituais. Enfeita-se a casa com 15 ou mais dias de antecedência, telefonamos aos amigos a desejar Boas Festas, lembramos os nossos ausentes.
Os mais novos 15 dias antes anunciam os seus desejos e no dia divertem-se tentando adivinhar o que está dentro das prendas.
A ceia tem um clima diferente de todas as outras, a um tempo plena de solenidade, alegria e transcendência.
Em todos os Natais se repete aquele mecanismo simbólico completamente desconhecido, mas absolutamente actuante e  o mundo é recriado vezes sem conta pelos nossos antepassados e pelos que nos seguirão.
Este ano espero um neto que nascerá em 2013, o tal ano péssimo para se estar vivo em Portugal, mas é no Henrique, assim se chamará, que vou ver e sonhar outros Natais.
A família é pequena e os casados dividem-se entre sogros e pais ou tios diversos, por isso umas vezes somos 13, outras onze ou até dez. Alguns já sem parceiro ou parceira começam a telefonar, quando o Natal é cá em casa, a perguntar qual é o quarto querem ficar sempre no mesmo quarto e sítio à mesa, normalmente os que se dizem não conservadoras(as).
Cada Natal é tão igual e tão diferente!
Alguns com histórias de desemprego para contar, porque esta família também já foi afectada pela maldita conjuntura. A tal  propalada crise também se senta à nossa mesa, embora ninguém a tivesse convidado, malcriadamente foi a primeira a sentar-se, sem lugar marcado, empurrou toda a gente.
Ainda não afecta os rituais porque  a vamos dominando enquanto família.
Conhecemos este Presente, não conseguimos adivinhar o Futuro e o futuro cada vez mais curto se nos apresenta. Existe uma enorme diferença qualitativa entre o presente e o futuro actualmente, mas estamos num período de reunião familiar e isso só por si constitui-se poesia que queremos continuar a preservar com todos aqueles que já existiram e existem.
BOM NATAL PARA TODOS(AS)!

5 comentários:

Helena disse...

Acho, agora, que os rituais fazem todo o sentido. Ajudam-nos, pelo tempo que duram, a sentir que não há descontinuidades.
Durante muito tempo detestei o natal. Pelas ruturas e pela necessidade de negociar onde e quando e quem. Não é fácil...
Agora, aceito que seja isso - uma reunião familiar, em que ainda, porque o podemos, criamos alguma magia à nossa volta pelas e por causa das crianças.
Ser avó modificou-me bastante.
Beijos e bom natal!

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

Bom Natal querida Homónima para ti e para os teus

lua vagabunda disse...

o meu comentário não cabe aqui... por isso para além de o colocar no facebook to enviei por mail.

Boas festas pelo corpinho todo. :)

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

festas pelo corpinho todo... digo-te não tinha pensado dentro deste contexto, mas acho óptimo. Bj

Miabar disse...

Boas Festas, Lena! Gosto muito de "rituais"; tanto como de frutos e legumes da época. E como as famílias, por muitas e variadas razões, nomeadamente por razões de encontrarem emprego, muitas vezes, em cidades distantes da origem, não se podem reunir sempre que querem, estes dias de fim de ano são realmente especiais. Desejo-te uns belos dias com os teus. Por mim, vou aproveitar ao máximo. Um abraço para todos.