terça-feira, 15 de janeiro de 2013

CHAMANDO AS PALAVRAS

Acordo. Não, o sweet acorda-me que isto de confundir o meu acordar como o do meu cão, tem que se lhe diga.
Está frio e chove, estamos no tempo dele, diz a meteorologia.
Criei hábito, mesmo não sendo metódica, e venho para o escritório, já que me é doloroso ler na cama actualmente, a coluna é quem manda, e por aqui vou ficando 1/2h, às vezes 3h, lendo os jornais que me entristecem e enraivecem, olhando para o que as pessoas dizem nas suas páginas, revelando ou ocultando suas verdadeiras preocupações e assim vou acordando e os meus olhos bruxuleantes começam a conectar-se com os meus dedos que aquecem em contacto com o teclado. E penso se vou falar da morte ou do Amor, esta dicotomia atravessa-me todos os pensamentos há muito eu sei, mas continuo a falar com amigos que não sei por quanto tempo cá andarão e eu também. Não, pronto já começa a mesma música e as palavras a empurrar-me sempre não vá eu não saber muito bem onde assentar os pezinhos.
Vá, vou decantar a respiração, esta respiração ofegante das palavras, apagar algumas memórias. Como se faz?
Esboço um mapa e traço uma latitude benigna, expiro um ai e caio nos braços da manhã, embrumada em azul e sempre cúmplice.
Ouço-me a falar então de coisas úteis e as palavras colaboram comigo: vais arrumar gavetas, sim porque não? Isso, só tu podes fazer; limpar pratas e metais, igualmente uma boa tarefa em dias chuvosos de Inverno e ver se acabas todos aqueles trabalhos manuais que começaste, quer em lã, quer em renda.
Mas a normalidade não é a minha língua materna.
Vou acabar textinho: chegou o momento em que um bando de imagens sobrevoam as palavras e com as suas asas se soltam das minhas mãos.

2 comentários:

Helena disse...

É uma dicotomia, como direi? muito larga.
Faz-me lembrar os tempos longínquos em que, em vícios de linguagem de grupo, dividíamos a vida em contradições principais e secundárias. Essa é, seguramente uma das principais. Talvez a única.

Quanto ao hábitos, não sendo eu também organizada, encontro-me à noite com as palavras, embora às vezes só de manhã lhes saiba o rumo.
Bom dia para ti!

lenço de papel; cabide de simplicidades disse...

boa noite para ti, já que temos horários diferentes mas o mesmo amor às palavras e encontramo-nos todas, elas e nós, seja a que hora for