Ultimamente tenho assistido a pessoas, algumas próximas, preocuparem-se com a futura reforma, não pelo vencimento que vão usufruir a partir daí, mas por algo que considero INCRÍVEL como preencher o tempo.
Gente de rotinas, têm horas para sair da cama, horas para tomar banho, horas para dizer mal do local de trabalho, horas para chegar a casa, tempo para dizerem que não têm tempo e que bom era estarem reformados e terem a possibilidade de gerir o seu tempo e depois disto tudo.......
o que vou fazer eu depois na reforma... como vou ocupar o tempo...
A falta de liberdade destas pessoas é total, LIBERDADE mesmo, não a que invocam tantas vezes.
Pensam em fazerem voluntariado, preencher todas as horas do dia, não ficarem com uma de sobra, para ficarem consigo próprias, para se encontrarem.
Dizem que faz bem à saúde, os 'especialistas' recomendam.
Invocam todos os alibis para justificarem o hábito adquirido de ser/estar prisioneiro/a.
Pessoas que têm MEDO do vazio, que desconhecem a energia do ócio.
Penso nesta gente lembrando-me dos robots e causam-me uma certa tristeza.
A propósito: o que vou fazer com o meu dia de liberdade? É hoje e é doloroso não ter condições para sacudir os meus anjos adormecidos, para fazer novas conquistas da minha sensibilidade, mas vou tentar, lá isso irei.
Estar só e o nada são tão saborosos para mim como estar numa boa companhia. Não sei explicar porquê ou talvez saiba, uma espécie de fluido encantatório, um sentimento único e admirável.
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