quinta-feira, 8 de abril de 2010

REFORMAS ANTECIPADAS




Combinações de desejos mal saciados.
Voltam a surgir as imaginações e às vezes as ilusões. Há imaginações e impressões que ficam prontas a procriar nesta fase.
Preocupam-se, acima de tudo, com interrogações que relevam mais da ordem filosófica que do domínio propriamente político ou social.
As vidas das pessoas são profundas mentiras. Ninguém faz inteiramente o que quer, diz tudo o que pensa, ou pensa exactamente como procede.
"Em termos absolutos, todo o trabalho que não é feito para as nossas próprias necessidades, leve as voltas que levar, é uma servidão", dizia Miguel Torga.
O medo da originalidade matou toda a criação.
Agora procuram não sabem o quê, verdadeiramente.
Nalguns casos houve morte civil, por isso pode ser que a ilusão os salve a não cumprir os seus deveres habituais, assistir a milagres com olhos interiores para ver.
Há muita coisa que foi amontoada na consciência ao longo dos anos agora é o tempo de a pôr cá fora.
Vivemos emparedados, a liberdade interior é a última ilusão.
É a época da não resignação.
A vida a passar, a sumir-se irremediavelmente, é preciso pois aproveitar, aproveitar para agora desdobrar a alma.
Utilizemos agora o nosso duplo.
É tempo de recomeçarmos mil vezes. Embrutecemos à medida que os dias passam.
Chegamos a esta altura, quase desidratados do pensamento, exauridos, é pois necessário, recuperar.
Cortemos as amarras e guardemos as redes, naveguemos.

1 comentário:

SEK disse...

Sim, "navegar é preciso".
Imaginação e ilusão não são as duas faces da mesma moeda - o desejo?