Não há amigos no facebook como quase toda a gente sabe.
Também não se é obrigado a apreciar ou a entender tudo o que lá consta, mas não lhe podemos ignorar a existência.
Há no entanto várias leituras que se podem fazer sem propósitos antipáticos, lá como na vida quando apanham uma pessoa diferente dos cânones jogados em silêncio, estraçalham-na.
É normal. Este assunto é demasiado antigo e conhecido.
O facebook tornou-se um ente "eu e ele" ou "eu e tu" ou seja, algo que se confunde com um ser, com uma pessoa. Há pessoas que têm uma relação verdadeiramente pessoal com ele. Ele escuta lamentos e exaltações. Ora, se o facebook é "personificado" para uns mais que para outros embora, "diz-me em que estás a pensar", deveria comportar-se como uma pessoa, com o seu corpo, o seu coração, a sua alma (incapaz cientificamente de ser testada) bem como o seu espírito.
A questão é a da própria pessoa. O que é dado à pessoa? O que se espera dela? Por onde caminha? Qualquer dia passa a ser uma questão antropológica.
Quando vejo políticos, jornalistas, escritores, poetas, artistas a utilizá-lo como um maná, mantendo-o e retomando-o como seu alimento, mais penso nisto.
Há pessoas que se constroem lado a lado neste Outro-mundo, nesta Outra Vida.
A questão do facebook roça a utopia quando o sonho se torna tão agudo como no cimo duma montanha, mas não é utopia porque traz em si o germe da negação.
Às vezes passa suavemente para o delírio e mais estranho ainda que o delírio, uma evocação onde entra naturalmente o coração.
Aconteceu-me a mim ainda há bem pouco tempo - a certeza de que esse outro facebook/"amigos" existe.
Existe numa outra esfera. E entraria aqui no contrário da questão filosófica naquilo que pode ter de especulação sobre o real.
4 comentários:
É engraçado ver como encaramos tão diferentemente as coisas. Essas pelo menos.
O facebook é um espaço onde têm desaguado as maiores solidões. Na solidão, as pessoas constroem a imagem que mais gostam. Ou desdobram-se em imagens múltiplas. Isso é uma coisa que o fb permite quase sempre e a vida real quase nunca. Daí o seu enorme sucesso e a sua capacidade de adição.
Depois, há quem o use para propaganda. Política, de obras próprias ou alheias, de mercadorias diversas, sendo um meio barato de a fazer. Daí o seu sucesso também nestas áreas.
Desde que se entenda que é um meio e não uma entidade que ali está, creio que os caminhos não serão preocupantes.
Eu uso-o. Bastante. Para me informar das coisas em geral, para me pôr a par do que diz quem se encontra nos mesmos grupos que eu e nos outros. Para, de uma forma desplicente, dizer bom dia aos amigos (reais) e partilhar umas tantas tretas.
Só assim, neste uso frequente, mas modesto não me irrito com a aurea mediocritas, nem com quaisquer outras coisas menos sensatas ou de muito baixa qualidade.
Bjs
não vejo tantas diferenças assim, mas pronto, ainda bem que vês. Tu falaste do que pensas não do que o texto fala, mas obrigada na mesma.
Felizmente que há amig@s no facebook. Tenho algumas (poucas) pessoas q assim conheci e me têm dado imensas alegrias, partilhas, amizade honesta e sincera e sobretudo q comigo partilham consciências, estados de alma, novidades públicas e privadas, etc etc.
Para mim é o meu diário. Uso-o como tal. Exponho-me pq assim decidi levar a minha vida nessa rede social.
Por vezes sinto-me incompreendida e desanimo... mas logo passa. Tal como a vida, há que saber esperar, ver, ver mesmo o invisível e sobretudo sorrir.
Provavelmente por uma questão de filosofia de vida que decidi seguir há cerca de 2 anos a esta parte, cada vez me perturba menos o julgamento dos outros. Sinto-me em paz comigo mesma e com uma absoluta certeza do q quero para mim própria e para o mundo que me rodeia.
Nem sempre é fácil... mas "vou levando".
E, fundamentalmente, pq vivo longe e só é mesmo uma forma de saber como vai Portugal e o mundo. E como vão as cabecinhas dos tugas, já agora hehehehehehe
Boa tarde Helenas.
Sim. Foi isso mesmo que fiz. Achei que podia partilhar o que penso, já que partilhaste comigo o que tu pensas...
:)
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