quarta-feira, 15 de maio de 2013

POR ONDE ANDA A SERPENTE?

Construí uma realidade  real que como se sabe só é real para quem a constrói.
E no meu sonho ouvi um acordeon a tocar ininterruptamente à semelhança do que acontece aos escoceses quando sopram a sua nostalgia naquela gaita-de-foles.
Sonhei com um corpo sem estragos.
Sonhei que não tinha as iniciais da vida tatuadas na minha pele.
Sonhei que a realidade dispensava a minha presença.
Sonhei que não fazia parte das sobras da história.
Sonhei que não tinhas ido para aquele sítio de onde não mais se volta.
Sonhei que o meu país não era um queijo gigantesco de onde só saíam ratos nem um suicida falhado.
Sonhei que me rendia ao sonho para me reconciliar com a realidade.
Acordei e vi que afinal tinha sonhado com serpentes e que elas não assumiam as formas, mas apenas a substância, que não tinham osso e eram tridimensionais.
Inconsútil, pensei.

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