terça-feira, 24 de novembro de 2009

DINHEIRO A MAIS




O meu país tem dinheiro a rodos.Bruxelas continua a emprestar. É péssimo!
Se não viesse dinheiro em pacotes, estou convencida que era diferente. Talvez os dirigentes, fossem eles quais fossem (todos têm duas caras a do governo e da oposição), pensassem uma vez que fosse, no que mais o país precisa e por onde começar.
Não há dinheiro para a Educação, para a Cultura, para o Saneamento Básico, não há estradas secundárias aceitáveis, mas vêm pacotes e pacotes para aquilo que convencionaram chamar de INVESTIMENTO (auto-estradas; aeroportos; TGV, etc.)

Há dias tive conhecimento dum homem que já não tinha orçamento para fazer face à prestação do carro e o que fez?
Vendeu o que tinha e comprou um melhor, mais caro, mas que tinha uma menor prestação mensal.
Conheço igualmente casos de casais que se dirigem ao banco para contrair um crédito bancário para aquisição de habitação e saem de lá com casa e carro e quando não com férias marcadas em qualquer país exótico.

Os bancos portugueses (os que me interessam neste momento) têm feito o mesmo que os Fundos Sociais Europeus e o que lhes acontece? Cada vez obtêm maiores lucros. E o que acontece a quem contraíu créditos? Cada vez fica mais pobre, vive uma vida faz de conta, parece rico mas é pobre porque deve quase tudo.
Quem vai ficar mais rico? Quem empresta. Com os juros altos que cobra, porque se não os conseguir cobrar, penhora os bens para pagamento da dívida.

Estamos a penhorar o país.
E mais do que isso, estamos a dar um péssimo exemplo aos vindouros. A cultura do gasta agora e paga depois, a cultura do endividamento, a cultura do faz de conta.

Centenas, senão milhares de professores, vivem metade do mês com cartão de crédito.
Poucos gastam em função das suas possibilidades e das suas necessidades.

As crianças têm brinquedos a mais, os adultos casas a mais, carros a mais, roupa a mais, telemóveis a mais, créditos a mais, preocupações a mais, mas felicidade a menos, paz a menos, fruição do que têm a menos.
E o mais preocupante ainda é que como toda a gente ou quase, vive de faz de conta, também passam a ser pessoas faz de conta.
Assim, se vê como o capitalismo com o seu filho mais dilecto o consumismo, perverte a mente das pessoas, lhes atinge a personalidade e até o carácter.

Toda a gente sabe disto, toda a gente ou quase, teoriza sobre o tema, mas quase toda a gente ou muita, muita gente, continua a incorrer e a correr para esta loucura.

Quem começou primeiro? Os bancos? Claro! Para conseguirem obter no final do ano esses lucros obscenos, mas o povo, o povo, é verdadeiramente culpado. Ninguém pára para pensar, ninguém reflecte ou só o fazem em hora de aperto grande e, mesmo assim, não voltam atrás, pelo contrário, fazem fugas para a frente, endividam-se mais e mais e mais. É a loucura total!
O país continua numa roda de loucos, rodam, rodam.
Já se sentem todos tontos mas não param.
Alguns, poucos que estão de fora gritam: "Parem, parem. Vão cair! É preciso parar para descansar".
Mas as "crianças" continuam num rodopio sem fim, riem-se, riem-se e exclamam: "Isto é bom, é boa esta sensação, não queremos parar".
Esta história chama-se SISTEMA CAPITALISTA.
A roda tem como apelido DESENFREADA.

P.S. Quero fazer aqui uma declaração de princípios: não sou contra o crédito,antes pelo contrário, acho que quem pode contrair dívidas, oferece capital de confiança e oferece segurança a quem empresta. Portanto, trabalhemos, amealhemos para termos sempre capital de confiança e não o contrário.

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