sábado, 14 de novembro de 2009

O TEMPO






Este Senhor de barbas tão glosado.

O tempo e eu sempre tivemos uma relação muito íntima, mas ao mesmo tempo muito cerimoniosa.

Se, por vezes, dou comigo a pensar que as coisas passadas aconteceram mesmo ontem, há bocadinho, também me acontece que me vêm à memória lembranças que se fossem datadas eram demasiado antigas, doutras épocas, quase sem direito a tempo porque tempo são.
Ambos gostamos de jogar o jogo da sedução e acabamos , na maior parte das vezes, seduzidos.

O tempo é cronológico, claro!
Mas é fundamentalmente psicológico. Cada pessoa tem o seu tempo e o tempo seu.
Há tempos que não nos pertencem e outros que são só nossos e que não dão nem para partilhar.

O tempo mede-se de maneiras várias, todos o sabemos.
Os médicos medem-no em sintomas que vão aparecendo nos seus pacientes.
Os psicólogos privilegiam a análise da memória nas suas diversas fases.
As esteticistas nos produtos que vão ter de utilizar com os seus clientes.
O mercado nos nichos de ofertas apelativas (hotéis, viagens seniores, seguros, produtos bancários, soluções medicamentosas, etc.,etc.).

Hoje falei do tempo talvez porque ontem passei uma parte da tarde a observar mulheres com mais de 65 anos a passear no Centro Comercial e concluí que há mulheres nesta faixa etária que não tratam o tempo por tu, mas por você, lhe mentem e brincam com ele ao jogo do esconde-esconde. Vi mulheres que vestem e se apresentam como se na flor da juventude se encontrassem com calças justas, blusas desabotoadas até ao 4º botão, posturas rijas de ginásticas moldadas, mulheres que fazem do corpo o seu cartão de visita, da sua aparência um jogo de adivinhação. Tudo isto eu vi e pensei: Como as coisas mudaram!
Claro, que desconheço se para melhor se para pior, mas o certo é que estas mulheres se sentem de bem consigo próprias, estão despertas para a vida, militam em estéticas várias e despertam muito mais os olhos e os neurónios que para si olham. Consideram que o futuro é já ali e que o passado só lhes trouxe vantagens.

Nós também somos aquilo que parecemos ser.

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