segunda-feira, 2 de novembro de 2009

MEMÓRIAS DUM PASSADO DISTANTE




Ontem fui à minha infância e adolescência.

Segui, inconscientemente, o caminho que me levou à casa da Murra na freguesia de Bitarães de que a minha avó tanto me falava.
A casa da Murra ainda continua de pé, encerrando em si todas as memórias de um passado distante.
Homenageio a minha avó em dia de defuntos e lá vou eu, como detective, entrar pelo passado adentro.
Encontro um velho, bonito e fazendo versos, a sussurrar-me as suas "malandrices" com a mulher que o levou a ter 11 filhos e penso que esta casa teve um passado feliz. Este velho era o caseiro que me fala dum passado cheio de riqueza, delapidada por um filho da casa que vendeu a quinta a retalho para investir em jogo.

Como não possuo lentes anti qualquer coisa que me preparem de antemão para recusar o que quer que seja, vem-me à cabeça, a história antiga desta família, que é sempre a mesma. Era rica e tornou-se pobre, à custa de muito gastar em vícios. Foi uma família que conseguiu colocar quase todos os seus antigos criados com os bens que antes possuíam, que conseguiu tornar realidade os seus antigos sonhos, ficarem com tudo quanto era dos donos. Nesse aspecto a nossa família contribuiu grandemente para a felicidade do povo.

Ontem, cumpri o meu dever cívico e, como o meu corpo raramente entra em automatismo, infelizmente, cumpri uma função.
Fui à casa da família da minha avó,(tios direitos, por parte de seu pai, dos Soares), ao bosque como lhe chamam actualmente.
Senti que acendi uma vela à minha avó e que pertinho se encontrava o meu pai, bem pertinho, com uma lamparina na mão que também se acendeu e ele sorriu.

Senti que eu era também aquilo que fazia naquele momento.

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