quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O PARADOXO

Quando saímos é difícil encontrarmo-nos com os grandes.
Estamos quase sempre entre pequenos.
Tal verifica-se nos restaurantes, nos cafés, nos transportes públicos, nos cinemas, centros comerciais, enfim...por todo o lado.
O barulho está sempre presente. Um barulho desagradável, de lavagem e arremesso de pratos e chávenas,de televisões permanentemente ligadas,de motores de aparelhos em ronco constante,de pessoas que falam altíssimo, de telemóveis com ruídos esquisitos. Tudo isto e mais, nos entulha de banalidades estridentes.
No centro e lado destes encontros, há pessoas que dizem estar sempre bem, em nome da sua prodigiosa capacidade de adaptação, de abstracção.
Para este batalhão de adaptados, de normais, de abstraídos que banalizam o barulho, o ruído, a qualidade de vida eclipsou-se, a exigência com ambientes de qualidade desfez-se, a reivindicação da qualidade não os visita.
Neste mundo de vulgaridade crescente, os acomodados, agora auto-intitulados de adaptados, tudo é para aceitar, não há direito a lamentações. Só o fazem os passadistas, os nostálgicos de outros tempos.
Sucumbem ao ordinário, mergulham diariamente em declínios vários.Eles sim mumificaram, mas insistem em apelidar os outros, de dasadaptados, de buscadores de lembranças perdidas.
Estamos condenados ao mau gosto, ao trivial, à superficialidade. Em todos os domínios impera a mediocridade, a baixa qualidade.
Toda a gente quer ser "politicamente correcta", mesmo que seja na rua, na cidade, nos estabelecimentos comerciais. Toda a gente quer ser "normal", sendo que ser NORMAL É HOJE ACEITAR A ANORMALIDADE. Eis o paradoxo!
Alguém que aprecie o silêncio e que goste do enlevamento intelectual ou espiritual é considerado(a) pessoa desadaptada, a caminho da depressão. Os médicos e outros "especialistas",em todas as esquinas eles existem, até ao telefone, diagnosticam de imediato: rua, encontros com a MEDIOCRIDADE.

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